sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Takeda avança o desenvolvimento do fármaco experimental para a hipertensão

A Takeda Pharmaceutical Co. anunciou que o composto experimental TAK-536 entrou na Fase 2 do ensaio clínico, no Japão. Este composto é um bloqueador do receptor de angiotensina (ARB, sigla em inglês) descoberto pela Takeda. O seu mecanismo de acção consiste em baixar a pressão sanguínea ao aliviar a constrição dos vasos sanguíneos, através da inibição da acção de uma hormona vasopressina, a angiotensina II.

Espera-se que o TAK-536 apresente uma acção anti-hipertensora mais forte, e que seja também mais efectivo a combater a resistência à insulina e a proteger os rins, em comparação com outros bloqueadores do receptor de angiotensina existentes no mercado.

A Takeda avança assim a possibilidade de uma substituição para o tratamento da hipertensão mais vendido, o Blopress, que apresentou vendas de 55,4 mil milhões de ienes (480 milhões de dólares) nos três meses até ao dia 30 de Junho, 5 por cento mais do que no ano anterior.

Masaomi Miyamoto, gestor geral da divisão de desenvolvimento farmacêutico da Takeda, disse que a companhia está satisfeita com o progresso do TAK-536 para a Fase 2 dos ensaios clínicos, uma vez que este composto deve suceder o Blopress (candesartan cilexetil), que é um ABR e um dos produtos internacionais estratégicos da companhia, e é também um dos produtos líderes anti-hipertensivos no Japão. A Takeda está a tentar acelerar acentuadamente o desenvolvimento do TAK-536 para ser lançado o mais rapidamente possível, para posteriormente aumentar o franchise nesta área terapêutica.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.takeda.com

FDA adia decisão acerca do fármaco experimental para a fibrilhação auricular

A FDA pediu informação adicional à Astellas Pharma Inc. e à Cardiome Pharma Corp. relativamente ao tratamento experimental, o vernakalant, para o batimento cardíaco irregular, ou seja, a fibrilhação auricular. As companhias declararam que este pedido irá adiar a decisão da FDA por três meses, até 19 de Janeiro, em relação à aprovação do tratamento intravenoso.

A FDA pediu esta informação como preparação para o encontro de consultores externos (Cardiovascular and Renal Drugs Advisory Committee), programado para os dias 11 e 12 de Dezembro, para rever terapias para a conversão aguda de arritmias cardíacas. Mais especificamente, a FDA requereu dados sobre a segurança e a eficácia do ensaio ACT 2 do fármaco, uma forma intravenosa do hidrocloreto de vernakalant, que estava a decorrer quando foi apresentada a candidatura no final de Dezembro passado. Esta foi a segunda tentativa das companhias, pois a FDA rejeitou a candidatura anterior invocando inconsistências e omissões nos dados.

O analista da UBS Investment Research, Jeff Elliott, sublinhou que este adiamento até tem um lado positivo, uma vez que as companhias terão, assim, a possibilidade de realçar os dados muito fortes acerca do fármaco, e poderão ganhar tempo para adquirir a aprovação para uma indicação adicional pós-cirurgia.

A Cardiome concedeu à Astellas uma licença exclusiva em 2003 para desenvolver e comercializar o fármaco na América do Norte. O fármaco pertence à classe dos bloqueadores dos canais de cálcio e é direccionado ao batimento cardíaco rápido nas câmaras superiores do coração, ou aurículas, sem perturbar as câmaras inferiores. Este é um de dois tratamentos em etapas avançadas de desenvolvimento na Cardiome.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg
21 de Setembro: Dia Mundial do Doente de Alzheimer
Sessões informativas «Memórias à quarta»


No âmbito do calendário de eventos destinados a assinalar o Dia Mundial da Pessoa com Doença de Alzheimer, que se cumpre no próximo dia 21, a Associação Alzheimer Portugal vai promover, nas quatro quartas-feiras do mês, sessões informativas sobre a doença neurodegenerativa progressiva que afecta cerca de 60 mil portugueses.

Numa nota de imprensa enviada ao farmacia.com.pt, a associação dá conta de que os encontros do ciclo «Memórias à quarta», todos marcados para as 17h30, terão lugar nas «Lojas do Avô» de Almada, Funchal, Lisboa e Porto e terão entrada livre, destinando-se essencialmente a cuidadores formais e informais, profissionais de saúde e familiares dos doentes, bem como a todas as pessoas que, por qualquer motivo, tenham interesse em acompanhar o tema. A presidente da Associação Alzheimer Portugal, Maria do Rosário Zincke dos Reis, explica que “em cada quarta-feira do mês a associação vai abordar um tema diferente, com o objectivo de informar sobre a doença e apresentar às pessoas com Alzheimer e aos seus cuidadores soluções de apoio e diferentes perspectivas de cuidados que muitos podem não conhecer”.
A primeira sessão informativa, que será essencialmente subordinada à apresentação do leque de serviços, recursos e objectivos da associação, está agendada para o próximo dia 5 na Loja do Avô de Almada (tel. 212744427). Segue-se, na quarta-feira seguinte, na Loja do Avô do Funchal (Tel. 291203170) no dia 12, a sessão «Diagnosticar para não rotular», em que será feita uma chamada de atenção para a importância do diagnóstico precoce, fornecendo dados sobre como e a quem devem dirigir-se os interessados quando surgirem os primeiros sinais de alarme, acentuando que “nem tudo o que atinge os mais idosos é Alzheimer”.
A terceira sessão, intitulada «A abordagem centrada na pessoa com demência», está prevista para o dia 19 na Loja do Avô de Lisboa (Tel. 213579040), e terá como objectivo fundamental a apresentação de uma estratégia de acompanhamento do doente que se centra na necessidade de “olhar para o indivíduo com demência de forma diferente”. Por fim, o calendário encerra no dia 26, na Loja do Avô do Porto (Tel. 225093022), com o encontro «A segurança da pessoa com demência», em que os técnicos da associação darão a conhecer os dispositivos e fornecerão dicas com vista a garantir uma maior segurança em casa e na rua.

Carla Teixeira
Fonte: press-release da Hill & Knowlton, http://www.ajudas.com/, http://www.latiendadelabuelo.com/

Eli Lilly e Takeda terminam co-desenvolvimento do mesilato de ruboxistaurina

A Eli Lilly e a Takeda terminaram o acordo conjunto de desenvolvimento e comercialização do composto experimental de mesilato de ruboxistaurina (inibidor da PKCβ, LY333531) no Japão. Este agente é um composto experimental descoberto e desenvolvido pela Eli Lilly e estava a ser estudado para o tratamento de complicações microvasculares decorrentes da diabetes.

As companhias explicaram que esta decisão foi tomada após a revelação dos dados da Fase II dos ensaios clínicos do fármaco, para o tratamento da neuropatia diabética periférica e do edema macular diabético, que falharam ao não cumprir os critérios pré-determinados para prosseguir o desenvolvimento para a Fase III dos estudos. A Takeda e a Eli Lilly tinham assinado o acordo de co-desenvolvimento em 2003.

Isabel Marques

Fontes: First Word, www.takeda.com

Publicado novo regime jurídico das farmácias

Diploma que liberaliza propriedade das farmácias entra em vigor dentro de 60 dias

Foi publicado esta sexta-feira (31 de Agosto), em Diário da República, o Decreto-Lei n.º 307/2007, que estabelece o regime jurídico das farmácias de oficina. Com o novo diploma a propriedade das farmácias deixa de estar limitada exclusivamente a farmacêuticos, sendo que esta passa a estar também reservada a pessoas singulares e a sociedades comerciais, numa concentração máxima de quatro estabelecimentos.

O texto, que entra em vigor dentro de 60 dias, reforça o regime de incompatibilidades em relação à propriedade, exploração e gestão de farmácias, quer directa quer indirectamente. De forma a garantir a igualdade fiscal com as demais farmácias, as instituições particulares de solidariedade social que detêm farmácias deverão constituir-se em sociedades comerciais.

No que toca à direcção técnica da farmácia, é exigida a permanência e exclusividade de um farmacêutico sujeito a regras deontológicas próprias e exigentes, para garantir e promover a qualidade e melhoria contínua dos serviços prestados aos utentes. Por sua vez, o papel do director técnico ganha relevo, atendendo à dissociação entre propriedade da farmácia e titularidade por farmacêutico.

No âmbito da valorização das regras deontológicas, o controlo dos deveres deste funcionário pode ser efectuado pela Ordem dos Farmacêuticos. Ao vincular juridicamente o director técnico ao cumprimento das disposições gerais do diploma pretende-se reflectir o interesse público que caracteriza a actividade. Exemplo disso é a promoção do uso racional do medicamento e os deveres de colaboração e de farmacovigilância que lhe são atribuídos.

De acordo com a nova legislação, cada farmácia fica agora obrigada a dispor de dois farmacêuticos, de forma a garantir que as ausências do director técnico sejam colmatadas pela presença de um farmacêutico que o substitua. O novo regime jurídico continua a prever a atribuição de novas farmácias através de concurso público. A regulação do licenciamento será objecto de diploma próprio.

A dispensa de medicamentos não sujeitos a receita médica poderá ser efectuada pelos locais de venda através da internet e ao domicílio. Uma novidade que pretende beneficiar os utentes impossibilitados de se deslocarem, sendo que o serviço poderá motivar a cobrança de um valor adicional. As farmácias ficam também autorizadas a adquirirem medicamentos através de concurso, situação proibida pela legislação revogada.

Segundo o novo regime jurídico, os consumidores vão também poder reclamar dos atendimentos nas farmácias no site da Internet da Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed). Para além de terem à disposição livros de reclamações nas farmácias, será também disponibilizada uma área própria no site do Infarmed.

Conforme noticiou o Farmacia.com.pt, o diploma foi aprovado pelo Governo em Julho de 2007, um ano depois de ter chegado a acordo com Associação Nacional de Farmácias, sobre o denominado “Compromisso com a Saúde”.

Marta Bilro

Fonte: Ministério da Saúde, Portugal Diário, Farmacia.com.pt.

Indústria farmacêutica: Um retrato das transformações do mercado

Apesar da indústria farmacêutica ter duplicado os investimentos no ramo da investigação e desenvolvimento durante a última década, o número de novos produtos que realmente chegaram ao mercado não passou de metade. Consequentemente, o modelo de negócios que consistia na criação de alguns medicamentos com êxito de mercado e na sua comercialização junto dos fornecedores deixou de ser sustentável. É, por isso, urgente inovar e tentar criar novas respostas.

São necessárias alterações porque a repetição do modelo existente tende a não funcionar. Os fármacos mais bem sucedidos do mercado estão prestes a perder a protecção da patente e há poucos produtos actualmente em desenvolvimento devido à falta de inovação fundamental, ao aumento das vendas e despesas de marketing ou à subida dos custos de regulamentação. Para além disso, a controvérsia que envolve alguns medicamentos tem provocado um certo descrédito e falta de confiança na indústria.

As consequências traduzem-se ao nível financeiro. De acordo com um artigo publicado na “Genetic Engineering & biotechnology News” (GEN), o retorno sobre os stocks farmacêuticos tem-se atrasado em relação a outras indústrias – durante os últimos seis anos, o índex mundial do Dow Jones (bolsa de valores de Nova Iorque) subiu 34,9 por cento, enquanto o índex farmacêutico global FTSE cresceu apenas 1,3 por cento. A indústria está financeiramente mais débil e não consegue responder aos desafios que enfrenta através da simples injecção de capital, pode ler-se na mesma publicação.

Ainda assim, o futuro da indústria é mais promissor do que aquilo que aparenta, já que as estimativas indicam que o mercado farmacêutico global deverá duplicar o seu valor até 2020, atingindo vendas anuais no valor de 949 mil milhões de euros. A procura deverá ser estimulada, maioritariamente, pelo crescimento da camada de população idosa e cada vez mais sedentária, especialmente dos novos mercados nos países em vias de desenvolvimento.

A estes factores acresce a incidência de algumas doenças existentes, em parte devido às alterações climáticas, que alargam o espectro geográfico de doenças infecciosas tropicais e semi-tropicais. As doenças crónicas do foro respiratório estão também a alastrar, à medida que as novas fábricas e os automóveis fazem disparar os níveis de poluição nos países em vias de desenvolvimento. Para além disso, há que ter em conta as novas doenças, muitas delas resistentes às terapias existentes.

Enquanto a indústria farmacêutica procura fazer frente aos obstáculos e agarrar oportunidades estratégicas, há 10 desafios transformacionais que, segundo a GEN, se colocam ao sector até 2020:

- A confiança da indústria nos chamados medicamentos de sucesso deverá diminuir. Em vez disso, o sector vai centrar atenções no desenvolvimento de fármacos com um alcance mais alargado. Prevê-se também uma alteração nas vendas e no marketing, sendo que as grandes equipas de venda actuais deverão ser substituídas por grupos mais pequenos que negoceiam preços com base nos benefícios comprovados.

- A indústria farmacêutica vai diversificar-se cada vez mais, com algumas empresas a tornarem-se especializadas em certos nichos de mercado; outras vão optar pelos genéricos, centrando-se no volume de vendas e nas receitas. Há hipótese de serem bem sucedidas em ambos os ramos mas terão que optar por um dos caminhos.

- Os resultados reais vão ser cruciais para o sucesso do produto. Os produtos terão que gerar lucro e as empresas vão lucrar com a inovação e não com as réplicas de terapias já existentes.

- Vai haver um novo foco na adesão dos pacientes ao tratamento. Há doentes que muitas vezes não tomam os medicamentos prescritos ou interrompem a terapia. As empresas farmacêuticas vão desenvolver novas tecnologias personalizadas de monitorização e técnicas que assegurem que os pacientes tomam a medicação, melhorando os resultados e a segurança, ao mesmo tempo que são gerados mais 22 mil milhões de euros anuais em novas vendas.

- A prevenção será tão importante quanto o tratamento. A indústria farmacêutica está há muito centrada no tratamento de doenças mas será financeiramente mais eficaz prevenir uma doença do que curá-la. Haverá também um apoio do sector aos programas de bem-estar, vacinação e monitorização de fidelidade aos tratamentos.

- A tecnologia vai imprimir transformações na investigação e desenvolvimento. Novas tecnologias moleculares deverão ajudar a cumprir a promessa da pesquisa gonómica, e o crescimento da sofisticação dos aparelhos médicos, frequentemente associado aos medicamentos, irá melhorar a eficácia das terapias, ao mesmo tempo que são reduzidos os riscos.

- O processo de ensaios clínicos deverá tornar-se mais flexível, impulsionado pela partilha de dados e uma maior colaboração entre as empresas farmacêuticas e as entidades reguladoras.

- O processo de regulamentação tornar-se-á global. À medida que os mercados internacionais ganham relevância, as empresas farmacêuticas vão estimular uma maior cooperação entre os reguladores nacionais para dar origem a produtos que salvam vidas, acelerar a comercialização e reduzir os custos das obrigações de regulamentação.

- As cadeias de fornecimento vão tornar-se uma fonte de receitas. A aplicação de sistemas de produção e entrega momentâneos, utilizados noutras indústrias, vai permitir às empresas farmacêuticas desenvolver produtos à medida dos pedidos dos clientes, criando novos canais de comercialização de produtos.

- Os retalhistas vão ser substituídos pela distribuição directa ao consumidor. À medida que o mercado de medicamentos de venda livre cresce e as novas tecnologias permitem a distribuição directa ao consumidor, a confiança nos retalhistas vai diminuir, com mais prescrições a serem aviadas automaticamente.

O sucesso futuro da indústria reside, por isso, na capacidade de adaptação às novas realidades e o prémio de sucesso deverá ser atribuído às empresas com visão, flexibilidade e coragem para começar a mudar de imediato.

Marta Bilro

Fonte: Genetic Engineering & biotechnology News, Farmacia.com.pt.

Garantia da Boehringer Ingelheim em Portugal
Risco de arritmia num caso em cada milhão

Na reacção à retirada mundial do Silomat, a Boehringer Ingelheim garantiu que o risco de arritmia associado ao medicamento para a tosse seca é de um caso num milhão, explicando que foi voluntariamente e por prevenção que optou por suspender a sua venda.

Em 2006 foram vendidas em Portugal 320 mil unidades do Silomat, no valor de 1,2 milhões de euros. O director médico da empresa, Carlos Trabulo, sublinhou a ausência de registo de casos fatais devido à toma do medicamento, e explicou que o risco de arritmias cardíacas só existe durante a acção do fármaco, que “é eliminado da circulação em 24 horas”. O teste com electrocardiogramas em adultos saudáveis foi feito depois de a base de dados de farmovigilância ter registado o aumento dos relatos de efeitos secundários, e demonstrou um risco de um caso num milhão de doentes.
Carlos Trabulo reiterou ainda que, “face aos resultados inesperados de alteração da relação risco/beneficio do fármaco, a Boehringer Ingelheim tomou a iniciativa, como medida de precaução, de o retirar voluntariamente do mercado, na defesa do interesse da segurança dos doentes”. Em 46 anos de comercialização a nível mundial o Silomat registou 200 milhões de administrações. Em 1992 deixou de estar sujeito a receita médica, classificação que pesou na decisão de retirada do mercado, segundo o laboratório, que pediu aos consumidores que suspendessem o seu uso e consultassem o médico ou farmacêutico para mais informações.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa
Infarmed está a acompanhar situação em Portugal
Silomat retirado do mercado mundial


Alterações inéditas registadas em electrocardiogramas de um grupo de pessoas submetidas a um ensaio clínico ao Silomat ditaram a recolha imediata do fármaco em todo o mundo. Trata-se de uma medida preventiva, por se desconhecer ainda a relevância clínica da sua toma…

Entidades reguladoras do sector do medicamento em todo o mundo estão desde ontem a proceder à retirada do mercado farmacêutico de todas as embalagens e de todos os lotes do Silomat, indicado para tratamento da tosse seca. Na origem da decisão, de acordo com o exposto num comunicado classificado como “muito urgente” emitido pelo Conselho Directivo da Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed), a que o farmacia.com.pt teve acesso, está a detecção, em electrocardiogramas de um grupo de adultos saudáveis que participaram num ensaio clínico com o medicamento, de alterações inéditas cuja relevância clínica é ainda desconhecida.
Na sequência dos resultados preliminares do estudo, no que o Infarmed diz ser uma medida de prevenção, o fármaco, que tem como princípio activo o clobutinol e é desenvolvido e comercializado pelo laboratório alemão Boehringer Ingelheim International – em Portugal representado pela União Internacional Laboratórios Farmacêuticos Lda. (Unilfarma) – está então a ser retirado dos estabelecimentos de dispensa de medicamentos de todo o mundo (farmácias e parafarmácias, visto que se trata de um medicamento não sujeito a receita médica), tendo o regulador português ordenado a suspensão imediata da sua comercialização, exortando os doentes que estejam a fazer tratamento com o Silomat a interromper de imediato a sua administração, garantindo que está a acompanhar a situação, através do seu departamento de Farmacologia.
Disponível em xarope, solução oral e comprimido revestido, o Silomat é usado no tratamento da tosse seca, nomeadamente em crianças. O Infarmed saudou, por isso, a decisão do laboratório de recolher voluntariamente o fármaco, até estarem disponíveis mais dados sobre o seu princípio activo. Segundo a nota emitida pelo Infarmed, o clobutinol, autorizado em Portugal desde 1962, é um antitússico não opiáceo, activo por via oral e com acção central, estando especialmente indicado para o tratamento sintomático da tosse irritativa não produtiva. No nosso país é o único composto químico desenvolvido a partir daquela substância, não havendo quaisquer relatos de episódios fatais das reacções adversas agora descritas nos doentes submetidos ao ensaio clínico, terminado há dias. Encontra-se igualmente disponível em diversos países da Europa e do mundo, na maioria dos casos sem estar sujeito a receituário.

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed

Sanofi e Actelion irão controlar o mercado de fármacos para a insónia em 2016

A eplivanserina da Sanofi-Aventis e o ACT-078573 da Actelion serão líderes de mercado, no que diz respeito aos fármacos para a insónia, por volta do ano de 2016. Contudo, não é provável que este mercado sustente diversos fármacos semelhantes que não apresentem vantagens definidas de eficácia e de segurança, segundo o estudo da Decision Resources.

De acordo com o recente relatório da Pharmacor, a eplivanserina antagonista dos receptores serotoninérgicos de tipo 2 (5-HT2) e o ACT-078573 antagonista do receptor da orexina estão entre as 11 terapias emergentes para a insónia, que irão entrar no mercado na próxima década. Entre estas terapias emergentes encontram-se os lançamentos, fora dos Estados Unidos, do Lunesta (eszopiclona) da Sepracor e o ramelteon da Takeda, estando previsto que ambos sejam lançados na Europa em 2008 e no Japão em 2010. Os peritos pensam que o facto da insónia ser cada vez mais reconhecida como um distúrbio tratável, tanto por parte dos médicos, como dos pacientes, irá ajudar ao crescimento do mercado nos Estados Unidos, Japão, França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino Unido.

O relatório revela ainda que o crescimento progressivo das taxas de diagnóstico e de fármacos de tratamento, combinado com uma população de 140 milhões de pacientes, fazem com que o mercado da insónia seja um dos poucos com potencial de expansão. Todavia, a disponibilidade do genérico Ambien (zolpidem), combinado com o aumento da inspecção em termos reguladores para as terapias da insónia, irão limitar as vendas do mercado global.

Segundo a analista da Decision Resources, Natalie Taylor, a insónia requer agentes que são mais claramente diferenciados em relação aos fármacos correntes do que outros grandes mercados psiquiátricos. Os fármacos com dados de ensaios clínicos em que esteja estabelecida a eficácia em várias populações com insónia – tais como os que sofrem de distúrbios psicológicos, os idosos, e pacientes com insónia crónica – irão apresentar o maior potencial comercial.

Isabel Marques

Fontes: PMFarma, www.decisionresources.com

Creon recebe carta de aprovação da FDA

A Solvay Pharmaceuticals recebeu uma carta de aprovação por parte da FDA para o Creon (cápsulas de libertação prolongada de pancrelipase), relativamente ao registo de um novo medicamento. O Creon é uma enzima pancreática para o tratamento da Insuficiência Pancreática Exócrina, que é frequentemente associada com a fibrose cística e pancreatite crónica. Contudo, a Solvay necessita ainda apresentar à FDA dados clínicos adicionais e informação química, de elaboração e de controlo, antes da aprovação.

O Creon é o medicamento de enzimas pancreáticas mais prescrito nos Estados Unidos e tem sido comercializado há 20 anos. A Solvay remeteu o fármaco para aprovação da agência norte-americana que regula medicamentos (FDA) para cumprir os seus regulamentos, uma vez que esta publicou a 28 de Abril de 2004 um aviso de registo federal (Federal Register Notice) que requer que todos os fabricantes de produtos à base de enzimas pancreáticas obtenham um registo de um novo medicamento (NDA, sigla em inglês).

O presidente da Solvay Pharmaceuticals, Laurence Downey, afirmou que a companhia está confiante de que o trabalho que está a ser realizado, e que foi iniciado antes de ter recebido esta carta, irá cumprir o requisito da FDA. O Dr. Downey acrescentou ainda que o Creon ajuda a suprir uma necessidade médica crítica para milhares de pacientes que sofrem de fibrose cística e insuficiência pancreática. A Solvay irá continuar a trabalhar com a FDA para garantir a aprovação para este fármaco.

Isabel Marques

Cirurgião desenvolve novo método para tratar apneia do sono

Um cirurgião singapuriano desenvolveu um método aperfeiçoado para tratar a apneia do sono com uma taxa de sucesso que atinge os 86 por cento, revela uma notícia publicada esta sexta-feira pelo The Straits Times. Kenny Pang, director do “Pacific Sleep Centre”, que viajou até ao Vietname, à Malásia e à Indonésia para difundir a nova técnica, foi agora convidado pela Academia Americana de Otorrinolaringologia para levar a Washington os seus conhecimentos.

O Sindroma de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) é um problema respiratório do sono que se caracteriza por episódios repetidos de interrupção da respiração, apesar de continuar a desenvolver-se esforço para respirar. A apneia obstrutiva dá origem à cessação completa da passagem do ar pelo nariz e pela boca, durante 10 segundos ou mais, sendo que, um doente típico terá cinco ou mais apneias por hora de sono. Com o passar do tempo, o problema pode provocar hipertensão arterial, ataques cardíacos, ou mesmo a morte em casos mais graves.

A cirurgia comum, eficaz em cerca de 68 por cento dos casos, consiste na remoção das amígdalas e adenóides, pólipos ou outras causas de obstrução, ou mesmo do excesso de tecido mole na parte posterior da orofaringe. No entanto, esse procedimento não alarga a abertura da garganta, afirmou Pang em declarações ao periódico de Singapura.

O método aplicado por este especialista também prevê a remoção das amígdalas e de parte do palato mole. Os músculos da garganta ao fundo da cavidade bucal são puxados para cima e para a frente, e depois suturados no palato mole que estica os músculos e expande a abertura da garganta, refere o relatório.

Tan Wee Teck, um dos primeiros pacientes de Pang, submetido ao procedimento em Singapura, em 2005, confessa-se bastante satisfeito com os resultados. “Depois da cirurgia, tenho dormido melhor e sinto-me mais enérgico durante o dia”, referiu.

Marta Bilro

Fonte: The Earth Times, Saúde na Internet.

São Paulo recebe I Congresso Internacional de Uro-Oncologia

Evento conta com a participação de 600 especialistas

O Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês (IEP), em São Paulo, no Brasil, recebe, entre os dias 14 a 16 de Setembro, I Congresso Internacional de Uro-Oncologia. Durante o evento, que conta com a participação de 600 urologistas, radiologistas e oncologistas, do Brasil e do exterior, serão abordados os principais desenvolvimentos no tratamento de casos de cancro da próstata, rim e bexiga.

Relativamente ao cancro da próstata, um dos mais frequentes no homem, representando uma importante causa de morte, será feita numa abordagem ao papel da radioterapia no tratamento do tumor, especialmente do novo IGRT (Radioterapia de 4ª Dimensão), que proporciona maior segurança e preservação dos tecidos sãos próximos à região tumoral.

Haverá também espaço para falar das inovações, com é o caso das cirurgias que preservam a erecção, dos tratamentos para a incontinência urinária pós-cirurgia do tumor, e dos estudos com opções terapêuticas já aplicadas com sucesso na terapia-alvo contra tumores colo-rectais e da mama, além da utilização da vitamina D em alta dose.

No tempo reservado à análise dos tumores renais, serão discutidos os novos fármacos inibidores da vascularização do tumor e os mecanismos específicos de proliferação e crescimento da doença. Está ainda preparada uma demonstração das novas técnicas cirúrgicas, onde se inclui a preservação do rim e o uso da crioterapia e radiofrequência no tratamento.

O cancro da bexiga, o segundo tumor urológico mais frequente, vai também estar em análise, visto que, o avanço na precisão do diagnóstico permite novas cirurgias capazes de preservar a bexiga. Os interessados poderão inscrever-se e aceder ao programa completo do congresso através do portal do Hospital Sírio Libanês, em www.hospitalsiriolibanes.org.br.

Marta Bilro

Fonte: Midiacon, Hospital Sírio Libanês.

Sanofi-Aventis processada por assédio sexual

Funcionárias exigem indemnização de 220 milhões de euros

Quatro funcionárias da Sanofi-Aventis US, unidade norte-americana do grupo farmacêutico francês, apresentaram queixa na justiça acusando o grupo de discriminação sexual e assédio. As queixosas exigem o pagamento de uma indemnização no valor de 220 milhões de euros.

Karen Bellifemine, uma representante de vendas da empresa, apresentou, em Março, a primeira queixa contra a empresa. Agora, outras três empregadas do sector das vendas recorrem aos tribunais. A acusação alega que, apesar do seu desempenho profissional, as mulheres foram impedidas de ser promovidas e recebiam pagamentos inferiores aos dos seus colegas de trabalho do sexo masculino.

Há ainda a descrição de situações de assédio sexual por parte dos respectivos chefes, incluindo alguns casos de perseguição por estas terem apresentado queixa junto da direcção. A situação acabou por conduzir ao abandono da empresa por parte de três das funcionárias envolvidas. Karen Bellifemine, que integrava a empresa há mais de 12 anos, alega que a promoção lhe foi negada por duas vezes a atribuída a colegas do sexo masculino. “A empresa não repreende os gerentes e outros empregados quando estes descriminam as colegas do sexo feminino ou criam um local de trabalho hostil face à presença de mulheres”, afirma Bellifemine.

Um porta-voz da Sanofi-Aventis em Paris afirmou que a empresa está confiante de que “a queixa não tem fundamento”, uma vez que “todos os funcionários são tratados da mesma maneira em respeito às leis federais, e de cada Estado, aplicáveis nos EUA”.

A Novartis enfrenta um processo semelhante na justiça norte-americana que envolve 19 funcionárias da empresa. A queixa obteve estatuto de acção colectiva e exige o pagamento de 146 milhões de euros por danos.

Marta Bilro

Fonte: First Word, Forbes, Invertia.

Comissão brasileira aprova venda obrigatória em unidose

Texto que tornava facultativa a venda fraccionada foi rejeitado

A Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio do Brasil aprovou, esta quarta-feira (29 de Agosto), o projecto de lei que permite a venda de medicamentos fraccionados aos consumidores. Quando tudo previa que tal não acontecesse, devido às pressões da indústria farmacêutica sobre o Congresso, o texto foi realmente aceite e obriga o sector a disponibilizar fármacos em unidose.

Os laboratórios farmacêuticos ficam assim comprometidos a adaptar as embalagens de forma a permitir a comercialização dos medicamentos em lotes específicos, de acordo com a necessidade do consumidor prescrita pelo médico, algo que não acontece actualmente.

Integrada no projecto original da autoria do Executivo, esta exigência foi retirada no primeiro substitutivo aprovado na Comissão de Defesa do Consumidor, bem como no da autoria do deputado Albano Franco, o relator designado para este projecto na Comissão de Desenvolvimento Económico. O substitutivo apresentado por Franco, que delegava nas empresas a decisão de produzir medicamentos fraccionáveis, foi rejeitado durante a votação, em detrimento do de Miguel Corrêa Jr. agora aprovado.

A obrigatoriedade é dispensada apenas se a embalagem contiver a quantidade de comprimidos indicados pelo médico e necessários ao tratamento. Ainda assim, a autorização terá que ser concedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

O Executivo está convencido de que a venda de fármacos em unidose contribui para a redução dos custos com medicamentos e da automedicação, uma vez que o consumidor adquire apenas a quantidade necessária para o tratamento que lhe foi prescrito naquela ocasião.

Marta Bilro

Fonte: Câmara dos Deputados.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Donuts mais saudáveis chegam em Outubro

A cadeia norte-americana Dunkin' Donuts anunciou que a partir de 15 Outubro, todos os seus produtos comercializados nos EUA deixarão de conter gorduras hidrogenadas, associadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares e a problemas de obesidade.

A decisão da Dunkin’ Donuts surge na sequência da proibição de uso, em restaurantes e outros estabelecimentos, de azeites ou produtos com este tipo de gorduras, aprovada a 05 de Dezembro de 2006, pela Junta de Saúde de Nova Iorque.

A partir de Janeiro, a eliminação de gorduras hidrogenadas será também aplicada aos produtos comercializados pela cadeia de geladarias Baskin-Robbins que, tal como a Dunkin' Donuts, pertence à empresa Dunkin' Brands.

Questionada sobre uma possível adopção de uma medida similar, a Panrico, empresa responsável pela comercialização em Portugal de produtos idênticos aos da Dunkin' Donuts, como os Manhãzitos, Donuts e Bollycao, preferiu não fazer qualquer declaração.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Hospitais-empresa apresentaram prejuízos de 128 milhões de euros no último semestre

O Ministério da Saúde anunciou hoje que, no último semestre, os 35 hospitais-empresa existentes em território nacional diminuíram prejuízo em 57,4 por cento, relativamente ao mesmo período do ano passado, apresentando ainda assim prejuízos na ordem dos 128 milhões de euros.

Durante os últimos seis meses, apenas oito Hospitais Entidades Públicas Empresariais (EPE) obtiveram lucros, surgindo no topo da lista o hospital de São João, no Porto, com lucros de cerca de 9 milhões de euros. Os maiores prejuízos registaram-se no centro hospitalar de Lisboa e na unidade local de saúde do Norte Alentejano, com um prejuízo na ordem dos 23 milhões de euros.

De acordo com os dados revelados pelo ministério, 20 instituições de saúde conseguiram reduzir os prejuízos, porém não conseguiram ainda apresentar resultados positivos e seis dessas unidades agravaram ainda mais os prejuízos.

A par do hospital de São João, no Porto, encontra-se o Instituto Português de Oncologia, também do Porto, com lucros de 9,6 milhões de euros e 9,1 milhões de euros, respectivamente. O Centro Hospitalar de Lisboa Oriental, o Hospital Santa Maria (Lisboa), e o Hospital de São Teotónio (Porto) conseguiram também resultados positivos, face ao período homólogo, em que os resultados haviam sido negativos.

A divulgação destes resultados surge pouco dias depois de o Ministério da Saúde ter comunicado às administrações dos Hospitais EPE o objectivo de, dentro de dois anos, 25 das 35 unidades apresentarem resultados positivos.

Inês de Matos

Fonte: TSF
Tecnologia vencedora do Prémio Nobel do ano passado
AstraZeneca vai utilizar ARNi na produção de fármacos


A companhia farmacêutica AstraZeneca pretende, a breve trecho, iniciar a utilização do ácido ribonucleico de interferência (ARNi), a tecnologia galardoada com o Prémio Nobel da Medicina 2006, no desenvolvimento de novos medicamentos. O ARNi consiste numa estratégia inovadora para anular de forma selectiva os genes que causam determinadas doenças, e que nessa medida representa actualmente uma das áreas de maior potencial no desenvolvimento de novos fármacos.

Para dar corpo a essa pretensão a AstraZeneca acaba de formalizar um protocolo com a Silence Therapeutics, companhia especializada em ARNi, estabelecendo um período de colaboração de três anos, ao longo dos quais os seus especialistas tentarão descobrir e desenvolver moléculas patenteáveis na área das doenças respiratórias. Posteriormente, a empresa admite alargar o âmbito do acordo, mas essa deverá ser, numa primeira fase, a aposta da colaboração agora anunciada entre as duas companhias farmacêuticas. A descoberta do RNAi abriu um novo campo de investigação na área da terapia genética e das estratégias para concepção de novos tratamentos, oferecendo novas abordagens de patologias como o cancro e as doenças infecciosas, que em muitos casos revelaram resistência a anteriores medicamentos, tendo por isso sido consideradas incuráveis.

Carla Teixeira
Fonte: AZPrensa

Remoção de ovários aumenta risco de demência

As mulheres submetidas a uma cirurgia de remoção de ovários em idade fértil podem ver aumentado o risco de desenvolver a doença de Parkinson e problemas de memória, revela um estudo publicado no jornal norte-americano 'Neurology'. A falta da produção de estrogénio é apontada como a principal causa para este fenómeno.

Uma equipa de investigadores da Mayo Clinic, no Minnesota, observou mulheres durante cerca de 30 anos e realizou perto de 3000 entrevistas. Este procedimento permitiu-lhes verificar que as mulheres sujeitas à remoção de um ou dois ovários antes da menopausa por razões não relacionadas com cancro (casos dos quistos, endometriose ou prevenção de tumores) têm mais possibilidade de desenvolver problemas cognitivos ou de demência do que mulheres mais velhas, submetidas ao mesmo tipo de operação.

O estudo demonstrou que a remoção de um ovário antes da menopausa está claramente relacionada a um aumento da perda de memória e mesmo à demência. A doença de Parkinson tem também mais probabilidades de surgir em mulheres que foram operadas durante a idade fértil.

Uma das principais funções dos ovários, para além do armazenamento e distribuição dos óvulos, consiste na produção de estrogénio, uma hormona sexual feminina. Algumas mulheres submetidas à remoção de um ou dos dois ovários são medicadas com uma terapia de substituição hormonal, porém, a maioria não recebe o tratamento, ou apenas tem acesso ao mesmo depois dos 50 anos de idade, afirmam os investigadores.

“É possível que o estrogénio tenha um efeito protector no cérebro, pelo que, a falta do mesmo, devido à remoção de um ovário pode aumentar o risco da mulher sofrer problemas de memória”, refere Walter Rocca, o principal autor do estudo. O responsável aconselha, por isso, que os médicos pensem cuidadosamente nas consequências desta cirurgia antes de a levar a cabo em mulheres jovens.

Marta Bilro

Fonte: BBC News, Expresso.

Dr Reddy na corrida aos biosimilares

Empresa quer lançar um biofármaco genérico por ano

O mercado dos biosimilares começa a ganhar terreno no sector farmacêutico e há quem não queira atrasar-se na corrida. É o caso do laboratório indiano Dr Reddy que se prepara para lançar, anualmente, uma versão genérica de um biofármaco durante os próximos anos, noticia a imprensa local.

Em declarações ao jornal indiano “The Business Standard”, a empresa afirma ter em mãos oito biosimilares que sucedem a outros tantos fármacos biológicos. Para além disso, a Dr Reddy tem planos para investir mais de 22 milhões de euros na construção de uma unidade de produção de biofármacos em Haiderabade, no sul da Índia, que deverá estar concluída em 2009.

A segunda empresa líder ao nível de vendas no mercado farmacêutico indiano diz ainda estar em conversações com a entidade reguladora europeia para lançar no mercado comunitário o Reditux, um uma versão biosimilar do Mabthera (Rituximab). O fármaco, utilizado no tratamento do Linfoma não-Hodgkin, é comercializado na Europa pela Roche.

O Reditux, um anticorpo monoclonal quimérico, foi lançado na Índia, em Maio, e caso seja aprovado na União Europeia deverá competir com o Mabthera. Porém, “são necessários pelo menos dois anos para que possamos familiarizar-nos com os diversos requisitos legais para os biosimilares na Europa e aguardar que os EUA criem um enquadramento regulador claro para as versões genéricas dos biológicos”, afirmou um porta-voz da Dr Reddy numa entrevista anterior concedida ao portal Biopharma-Reporter.com.

O Reditux é o segundo biosimilar lançado pela unidade de biológicos da farmacêutica indiana. Na mesma linha, a empresa comercializa ainda o Grafeel (Filgrastim), um tratamento que fomenta a produção de glóbulos brancos. O Filgrastim é comercializado na Europa pela Amgen como Neupogen.

De acordo com um outro periódico indiano, a empresa pretende também lançar o Grafeel no mercado europeu. Segundo afirma o director de operações da empresa, Satish Reddy, na edição desta quarta-feira (29 de Agosto) do “The Economic Times”, as negociações para colocar o Grafeel no mercado europeu já foram iniciadas.

Os biofármacos têm-se mantido alheios à concorrência dos genéricos porém a chegada dos biosimilares torna-se inevitável e previsível à medida que muitas das patentes começam a perder os direitos de protecção. Tal como noticiou o Farmacia.com.pt, num artigo publicado no dia 17 de Julho de 2007, alguns dos produtos de topo da indústria verão as patentes expirar dentro de sete ou oito anos e o Rituxan está entre os principais exemplos.

É certo que o desenvolvimento de biogenéricos envolve grandes recursos financeiros, bastante superiores aos que são requeridos para produzir os genéricos comuns, uma vez que o processo é complexo e implica testes mais exaustivos e difíceis procedimentos de aprovação. No entanto, várias empresas indianas, como é o caso da Dr Reddy, estão a desenvolver capacidade para produzir biofármacos complexos e versões biosimilares de medicamentos de topo e, posteriormente, de as vender a preços inferiores. Até agora o mercado indiano tem sido o único receptor desses produtos mas a Europa parece ser o próximo alvo.

Marta Bilro

Fonte: Bio-PharmaReporter.com, Infarmed.

Estudo revela novos efeitos do Viagra

Medicamento torna os homens mais carinhosos

Um novo estudo realizado pela Universidade Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, revelou que o Viagra, para além de melhorar o desempenho sexual dos homens, pode também torná-los mais carinhosos.

Os investigadores recorreram a ratos de laboratório e verificaram que o sildenafil, nome genérico para o Viagra, provoca uma maior libertação de oxitocina no cérebro, também conhecida como a "hormona do amor".

Durante a investigação, os especialistas administraram sildenafi em alguns ratos e observaram que estes responderam a estímulos libertando três vezes mais oxitocina do que aqueles a quem não tinha sido administrada a substância.

De acordo com os investigadores, os resultados permitem concluir que o Viagra parece ter "efeitos físicos, além do de permitir um maior fluxo sanguíneo para os órgãos sexuais".

A oxitocina é uma hormona determinante para a interacção social, aparecendo durante a amamentação para criar a ligação especial entre a mãe e o filho, tal como acontece nos casais apaixonados.

Inês de Matos

Fonte: Jornal de Noticias

Fumar provoca danos genéticos irreversíveis

Ex-fumadores mantêm risco de sofrer cancro do pulmão

O consumo de tabaco provoca danos irreversíveis mesmo naqueles que abandonaram o hábito de fumar. Um estudo canadiano demonstra que, após a cessação tabágica, há alguns genes que nunca mais voltam a funcionar correctamente. Os investigadores afirmam, por isso, que os ex-fumadores mantêm um risco de sofrer cancro do pulmão relativamente às pessoas que nunca fumaram.

Desenvolvido por uma equipa de cientistas do British Columbia Cancer Research, o estudo analisou amostras de células de tecidos do pulmão de oito fumadores, doze ex-fumadores e de quatro pessoas que nunca fumaram. O objectivo era identificar determinados genes e perceber se a expressão dos mesmos sofria alterações ao longo do tempo, entre os vários participantes da investigação, e após a cessação tabágica.

Os resultados demonstraram que a expressão de alguns dos genes era reversível depois do indivíduo deixar de fumar, mas noutros as alterações causadas pelo fumo do tabaco permanecem mesmo alguns anos depois do abandono do hábito de fumar.

De acordo com os autores da investigação, publicada no jornal científico BMC Genomics, “os níveis de expressão de alguns dos genes relacionados com o fumo do tabaco voltaram a níveis semelhantes aos das pessoas que nunca fumaram após a cessação tabágica, enquanto que, a expressão de outros parece estar permanentemente alterada apesar da longa cessação”.

Entre os genes analisados, “as expressões aumentadas do TFF3, CABYR e ENTPD8 descobriram-se ser reversíveis após a cessação tabágica”, sendo que “a expressão do GSK3B que regula a expressão do COX2 foi irreversivelmente diminuída”, e a “expressão do MUC5AC foi apenas parcialmente reversível”, referem os responsáveis.

Apesar da cessação tabágica, “estas alterações irreversíveis podem contribuir para o risco persistente do cancro do pulmão”, sublinham os cientistas. No entanto, o facto dos riscos de desenvolvimento de cancro no pulmão não desaparecerem por completo nos ex-fumadores, este não deve ser um motivo para que se desista de deixar de fumar, até porque, só por si, essa atitude já diminui significativamente o risco de desenvolvimento de cancro no pulmão comparativamente com os fumadores activos.

Marta Bilro

Fonte: TV Ciência.

Cirurgia abdominal pode eliminar diabetes, diz estudo

A cirurgia abdominal, utilizada no tratamento da obesidade, pode também ser benéfica na eliminação da diabetes, revela um estudo publicado na revista britânica "New Scientist".

A equipa de cientistas brasileiros, italianos e franceses observou que, em 98 por cento dos diabéticos submetidos a uma cirurgia abdominal, a diabetes dissipava-se rapidamente, algo que não poderia ter acontecido unicamente devido à perda de peso.

Para proceder à realização do estudo, a equipa de investigadores realizou um desvio gástrico em sete pessoas com diabetes tipo 2, e cujo peso se encontrava entre o normal e o moderadamente obeso. Nove meses depois da cirurgia, os dois primeiros pacientes sujeitos à intervenção deixaram de receber medicação contra a diabetes, dado que, em apenas um mês, os níveis de açúcar no sangue e insulina apresentaram uma redução drástica.

Durante uma cirurgia abdominal é removido o duodeno, parte superior do intestino delgado. O orientador do estudo, Francesco Rubino, da Universidade Católica de Roma, especula que o duodeno poderia ser a causa da resistência à insulina, responsável pela diabetes. A confirmarem-se estas suspeitas, a solução pode estar na realização de um "desvio" gástrico, que elimine a resistência à insulina e restabeleça o balanço normal entre os níveis de insulina e de açúcar.

A descoberta é significativamente importante face ao célere avanço da doença nos países desenvolvidos. A diabetes tipo 2 é a mais frequente, sendo representativa de 90 por cento dos casos. Estima-se que, em Portugal, existam entre 250 mil a 500 mil diabéticos, muitos deles, ainda por diagnosticar.

Marta Bilro

Fonte: Último Segundo, Saúde na Internet, Portal da Saúde.

CE aprova nova fórmula de Rebif

A Merck Serono, unidade da farmacêutica alemã Merck KGaA, recebeu aprovação da Comissão Europeia para comercializar uma nova fórmula do Rebif (Interferão beta-1a), um medicamento utilizado no tratamento da esclerose múltipla recidivante.

A nova fórmula do medicamento, que deve ser lançada no próximo mês, foi desenvolvida para aumentar os benefícios do tratamento e pensada para melhorar a tolerabilidade da terapia quando injectada, refere a Merck num comunicado emitido esta quinta-feira (30 de Agosto).

A aprovação europeia é “um passo importante” nos esforços da empresa para “continuar a fornecer soluções terapêuticas melhoradas aos doentes com esclerose múltipla”, afirmou o chefe de operações europeias da empresa, Roberto Gradnik, numa nota a que o Farmacia.com.pt teve acesso.

De acordo com a Merck, a autorização de comercialização aplica-se a todos os 27 países da União Europeia, bem como à Noruega, Islândia e Liechtenstein.

Marta Bilro

Fonte: Merck, Forbes, Reuters.

Dona Estefânia promove 1asJ ornadas de Neuro-Genética

O Hospital de Dona Estefânia (HDE) promove, nos dias 21 e 22 de Setembro, as 1asJ ornadas de Neuro-Genética. O evento vai centrar-se na abordagem de alguns aspectos organizacionais relacionados com a temática principal e as consultas de neurogenética, não esquecendo as doenças raras, assunto que estará em discussão no final do primeiro dia de jornadas.

O evento, que terá lugar na sala de conferências do HDE, prevê a realização de vários debates com a participação de especialistas. No primeiro painel de discussão, subordinado ao tema dos aspectos organizacionais da neurogenética, têm lugar três exposições temáticas que abordam a “Estruturação dos Serviços de Genética Médica”, os “Custos/ benefícios dos testes genéticos” e a “Uniformização dos testes genéticos-perspectiva do Geneticista”.

Para analisar as “Doenças Genéticas no período pré-natal” vão estar reunidas a geneticista clínica Maria de Jesus Feijó, a cardiologista pediátrica Graça Nogueira e o citogeneticista Sérgio Castedo, num debate moderado por Maximina Pinto, Eufémia Ribeiro e Ivone Dias. Clara Barbot e Leonor Bastos participarão num debate sobre “Ataxias hereditárias: aspectos neurológicos na criança”. Ainda no primeiro dia deverão ser discutidos os aspectos genéticos, clínicos e neurológicos associados à doença de Huntington, sessão que termina com uma exposição de Margarida Reis Lima sobre a “ORPHANET Portugal - Base de Dados de Doenças Raras – divulgar e estimular o seu uso na prática clínica”.

Para o último dia foi reservado o debate sobre “Genética e Epilepsia”, com uma exposição oral de Ana Isabel Dias sobre a “Clínica das epilepsias geneticamente determinadas”; de Conceição Robalo e Lina Ramos sobre o “Diagnóstico genético das epilepsias: o estado da arte”; e de José Pedro Vieira sobre “Epilepsia: abordagem terapêutica baseada na Genética”.

As “Malformações do SNC (Brain malformations)” são o tema que encerra estas jornadas, com debates sobre “Clínica e diagnóstico molecular”, “Diagnóstico ecográfico prenatal” e “Diagnóstico neuroradiológico”. Os interessados em participar podem entrar em contacto com Serviço Genética do Hospital D. Estefânia, através do e-mail jneurogenetica@gmail.com.

Marta Bilro

Fonte: e-mail do Farmacia-press, Raríssimas.

Pretensão da farmacêutica derrotada em tribunal
Roche proibida de publicitar o Xenical


Um tribunal australiano deu razão a um grupo de especialistas que em Fevereiro tinha votado a favor da interdição da campanha publicitária ao medicamento Xenical (orlistat), fabricado e comercializado pela Roche, e proibiu a companhia farmacêutica suíça de fazer publicidade àquele fármaco. Em causa está o apelo que os anúncios teriam sobre os mais jovens, que os peritos consideraram inadequado, mas a polémica em torno do fármaco é bem mais antiga, e tem a ver com efeitos secundários muito sérios.

Inicialmente os especialistas tinham defendido publicamente a não comercialização do medicamento pelas farmácias, apesar de o Xenical estar devidamente autorizado pelas autoridades locais do sector. Considerando que os adolescentes seriam o alvo principal da campanha (em Portugal não está em marcha qualquer tipo de estratégia publicitária a este produto), os peritos defenderam o fim da publicidade ao medicamento, tendo a Roche interposto um recurso, por entender que o corte atentava contra o interesse público na área da saúde. O tribunal indeferiu o pedido, e ainda condenou a empresa a pagar as despesas jurídicas do comité de especialistas.
O Xenical surgiu no mercado farmacêutico mundial na década de 1990 e foi “aclamado” como uma panaceia para o tratamento da obesidade, tais eram as esperanças que nele se depositavam. O modo de agir diferente do da maioria dos inibidores de apetite – por não mexer com o sistema nervoso nem causar habituação e dependência – terá sido a sua grande mais-valia, sabendo-se que o medicamento foi submetido a rigorosos testes até ter sido aprovado na Europa e nos Estados Unidos, e que a sua utilização depende de prescrição médica. Um artigo publicado na revista científica «Lancet» relatou então os efeitos positivos do fármaco em pessoas que tinham tomado três cápsulas diárias de 120mg, em associação com uma dieta de baixas calorias, e que tinham perdido 70 por cento do peso excessivo anterior ao início da toma do Xenical, conseguindo manter o peso até dois anos depois de terem interrompido o tratamento.


No entanto, nem tudo são rosas na história do orlistat, e entre os efeitos secundários de maior relevância relatados por doentes que o consumiram constam quebras no sistema imunitário, eczema, urticária crónica, alergia a determinados alimentos, cosméticos e champôs (que antes do tratamento tinham sido consumidos sem problemas), comichão, vermelhidão na pele, elevada pressão sanguínea e palpitações. Carita Ovelius (na foto) ficou conhecida por ter vindo a público divulgar os problemas que o Xenical lhe causou, e que persistiam, segundo disse na altura, mesmo depois de volvidos dois anos sobre o fim da administração do fármaco.
Antes de iniciar o tratamento, a utente entrou em contacto com a agência reguladora do sector do medicamento na Suíça, que lhe garantiu que os efeitos adversos do Xenical só surgiriam se ela consumisse alimentos muito gordos. Actualmente a Roche admite que “raros” efeitos secundários, como prurido, reacções cutâneas, urticária e edema poderão surgir. Carita avisa que não serão assim tão raros os efeitos negativos do medicamento, e deixa que as suas imagens circulem na internet, exactamente para o provar...

Carla Teixeira
Fonte: InvestNews, Editora Saraiva, Drugs.com, SecondOpinion.co.uk
Estudo indicia relação de causalidade...
Remoção de ovários ligada a doenças neurológicas


As mulheres a quem foram removidos os ovários antes da menopausa correm maior risco de desenvolver problemas de memória, demência e dificuldades de movimento como o parkinsonismo, revelam dois estudos publicados no jornal da academia norte-americana de Neurologia.

Depois de seguirem mulheres durante 30 anos e realizado perto de três mil entrevistas no maior estudo do género até agora, investigadores da Clínica Mayo, em Rochester, no Minnesota, verificaram que as mulheres sujeitas à remoção de um ou dois ovários antes da menopausa por razões não relacionadas com cancro enfrentam maior risco de a longo termo terem problemas cognitivos ou demência, se comparadas com as mulheres que mais tardiamente foram submetidas à remoção dos ovários. Porém, salienta o estudo, as mulheres que, apesar de terem retirado ambos os ovários, são tratadas com estrogénio até pelo menos aos 50 anos não viram esse risco aumentado.
A investigação ajuda a clarificar o papel do estrogénio na saúde antes da idade natural da menopausa e a sua “habilidade” para proteger o funcionamento do cérebro. “É possível que o estrogénio tenha efeito protector no cérebro, e que a sua falta devido à remoção dos ovários possa aumentar o risco de problemas de memória”, disse Walter Rocca, neurologista da Clínica Mayo, autor principal do estudo. Muitas das participantes foram também incluídas num estudo mais vasto que descobriu que as mulheres que tiveram um ou mais ovários removidos antes da menopausa tinham duas vezes mais hipóteses de desenvolver parkinsonismo, síndroma que envolve tremor, rigidez muscular e lentidão de movimentos. O risco do parkinsonismo aumenta com a remoção precoce dos ovários.
Em declarações ao «Expresso», o director do Serviço de Neurologia do Hospital de Santa Maria, e também professor na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, disse que os resultados do estudo norte-americano agora divulgado, aconselham “prudência” no que diz respeito à remoção dos ovários no período anterior à menopausa, tendo justamente em conta a ideia de que essa remoção poderá desencadear problemas neurológicos graves. De acordo com José Ferro, esta investigação chegou ainda à conclusão de que as pacientes que, depois da cirurgia extractiva, e antes dos 50 anos, receberam tratamentos farmacológicos à base de estrogénio revelaram menor propensão para o surgimento de doenças do foro neurológico em fases posteriores da sua vida. Aquele médico do Hospital Santa Maria considera que “nas mulheres em idade fértil o estrogénio tem efeito neuroprotector”.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa, «Expresso»

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

França contesta qualidade dos produtos alimentares chineses

O prestigiado jornal francês Le Monde publicou hoje um estudo da revista L'Expansion, onde são postos em causa diversos produtos de origem chinesa. A par dos brinquedos, pastas de dentes, comida para cães e gatos nos Estados Unidos e produtos com ervas medicinais no Canadá, é agora a vez dos produtos alimentares importados da China serem rotulados como perigosos para a saúde dos consumidores.

Na origem do alerta estão os corantes proibidos encontrados em molhos e bolos de arroz, os fungos cancerígenos descobertos em frutos secos, os resíduos de antibióticos detectados em frascos de mel e os vestígios de mercúrio em enguias, além das massas com componentes geneticamente modificados. No entanto, o risco ultrapassa os próprios alimentos, pois também os utensílios de cozinha provenientes da China são contestados por alegadamente conterem vestígios de níquel, de manganês ou de crómio susceptíveis de contaminar os alimentos.

De acordo com Gilles Martin, proprietário do laboratório Eurofins, a funcionar na China, neste pais existe uma "inacreditável falta de formação e de educação sobre os perigos de contaminação e sobre as boas práticas a adoptar para garantir a segurança dos consumidores".

A par da falta de formação, a falsificação de produtos alimentares na China é outro dos problemas apontados pelo estudo, uma vez que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que "em dois milhões de produtos alimentares contrafeitos registados em 2006, entre 16 e 20 por cento” eram oriundos daquele pais.

Em 2006, os produtos alimentares importados da China foram objecto de um número recorde de alertas em solo europeu, tendo-se registado 263 notificações relativas a produtos retirados do mercado ou bloqueados nas alfândegas. Desde o inicio do ano, foram já contabilizadas 209 ocorrências, dai que se preveja um agravamento da situação, que até ao final de 2007 deverá atingir um novo recorde.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Novo surto de febre hemorrágica matou já mais de cem pessoas no Congo

Em Mweka, uma área remota da República Democrática do Congo, registaram-se já mais de cem mortes por febre hemorrágica, causada por um vírus que ataca o sistema nervoso central, dando origem a hemorragias dos olhos, ouvidos e outras partes do corpo.

Nesta região africana, os familiares têm por tradição lavar os cadáveres, o que na opinião de Jean-Constatin Kanow, inspector de saúde da província, terá levado à contaminação de mais de 217 pessoas, das quais 103 morreram (cem adultos e três crianças). As mortes começaram a acontecer depois dos funerais de dois chefes de aldeia, vitimando alguns dos acompanhantes desses funerais.

A República Democrática do Congo tem já um largo historial de surtos de febres hemorrágicas, responsáveis por milhares de vitimas mortais, como sucedeu aquando dos surtos de Ébola e de Marburgo.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Amgen vence batalha judicial contra a Roche

Farmacêutica suíça não desiste de lançar Mircera nos EUA

A justiça norte-americana deu razão à Amgen ao deliberar que um produto rival da farmacêutica suíça Roche infringe a patente de um medicamento do grupo, destinado ao tratamento da anemia. Ainda assim, a Roche mantém-se firme face à decisão e não desiste de lançar o fármaco naquele mercado.

De acordo com a sentença, o Mircera (Metoxi polietilenoglicol-epoetina beta), produzido pela Roche, infringe a patente número 5,955,422 do composto farmacêutico detida pela Amgen. No entanto, a Roche continua decidida a comercializar o medicamento, algo que deverá acontecer logo que seja emitida uma aprovação por parte da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA).

O laboratório suíço reafirma que a actuação do Mircera tem uma duração mais prolongada do que outros fármacos para a anemia e que a substância não viola qualquer patente. Por sua vez, a Amgen diz ter provas convincentes de que o fármaco infringe seis das patentes da empresa e não apresenta quaisquer benefícios que superem os do Epogen (Darbepoetina) e do Aranesp (Darbepoetina alfa).

Conforme noticiou o Farmacia.com.pt, num artigo publicado no dia 27 de Julho, o Mircera foi aprovado pela Comissão Europeia no final do mês de Julho no tratamento da anemia associada à doença renal crónica.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, CNN Money, Farmacia.com.pt.

Identificado papel-cheve de gene da metástase do cancro colo-rectal

Investigadores israelitas descobriram o papel-chave desempenhado por um determinado gene na metástase do cancro colo-rectal, aquele que é um dos tipos de cancro mais comuns no mundo ocidental e a segunda causa de morte mais frequente.

A maioria dos casos de cancro colo-rectal tem inicio em alterações numa proteína-chave, denominada beta-catenin, cuja função é entrar no núcleo das células e activar a expressão de um gene. Porém, ao acumular-se em excesso nas células, acaba por activar os genes inapropriadamente, conduzindo ao cancro. Avri Ben-Ze´ev e Nancy Gavert, do Departamento de Biologia Molecular e Celular do Weizmann Institute, em Rehovot, Israel, e os principais autores do estudo, revelam os resultados da investigação num artigo publicado no jornal “Cancer Research”.

Conforme explicam os investigadores, um dos genes activado pela beta-catenin - que já tinha sido previamente identificado pela equipa de Ben-Ze´ev como presente no cancro colo-rectal - codifica um receptor chamado L1-CAM. Este receptor é uma proteína usualmente encontrada nas células nervosas, desempenhando o papel de reconhecimento e mobilidade das mesmas.

Em pesquisas anteriores, Ben-Ze´ev tinha já observado que o gene L1-CAM poderia ter um papel importante na metástase, uma vez que aparece expresso em determinadas células situadas na frente invasiva do tecido do tumor. A nova investigação revelou que as células do cancro colo-rectal concebidas para expressar o gene L1-CAM se espalharam até ao fígado, o que não aconteceu com as células às quais faltava o L1-CAM.

Foi então que os cientistas resolveram comprar a expressão dos genes induzidos pelo L1-CAM em células cancerosas de 170 amostras de cancro colo-rectal (removido de pacientes) e em 40 amostras de tecido do cólon normal. Dos cerca de 160 genes induzidos pelo L1-CAM, perto de 60 estavam expressos no tecido canceroso, mas não no tecido normal. Ben-Ze´ev tem planos para conduzir mais pesquisas sobre a função destes genes.

Dados da Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva indicam que em Portugal, morrem por ano cerca de 3000 indivíduos com cancro colo-rectal. Na Europa surgem, anualmente, 300 mil novos casos, 50 por cento dos quais morrerão em cinco anos.

A alimentação pobre em vegetais, legumes, frutas e cereais, consumo excessivo de gorduras, obesidade, sedentarismo, presença de pólipos (pequenas massas de tecido) no intestino grosso e casos de doença em familiares próximos são apontados como os principais factores que contribuem para o aparecimento da doença, que tende a surgir maioritariamente depois dos 50 anos de idade.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Diário Digital, Sociedade Portuguesa de Endoscopia Digestiva.

Brasil desiste da venda obrigatória em unidose

Caíram por terra as tentativas do governo brasileiro para colocar no mercado medicamentos fraccionados. As autoridades do país pretendiam forçar a indústria farmacêutica a comercializar fármacos em unidose, porém, a pressão do sector no Congresso está a limitar essa possibilidade.

O projecto de lei do Ministério da Saúde brasileiro foi eliminado, no final de 2006, durante uma comissão da Câmara, tendo sido substituído por um documento que tornaria facultativa a venda em unidose. Apesar das críticas das associações de defesa do consumidor, o novo texto, que torna opcional a venda fraccionada, deverá ser votado esta quarta-feira (29 de Agosto) e tudo indica que seja aprovado.

O Ministério da Saúde foi obrigado a adoptar uma solução intermédia depois de ter concluído que não conseguiria vencer o lobby farmacêutico. Assim, o Governo desistiu do fraccionamento obrigatório com a condição de que as empresas colocassem no mercado um mesmo medicamento com embalagens de diversas quantidades de comprimidos. Esta foi a forma encontrada para sair “do impasse”, considera José Miguel do Nascimento Jr., coordenador de Assistência Farmacêutica Básica.

De acordo com o mesmo responsável, o Ministério da Saúde reuniu com vários deputados da Comissão de Desenvolvimento Económico para expor sua nova proposta.

Em Portugal, o primeiro-ministro José Sócrates anunciou, no Parlamento, no inicio de 2006, a intenção de implementar a distribuição de medicamentos em unidose, medida que continua por cumprir.

Marta Bilro

Fonte: Estadao.co.br, Farmacia.com.pt.

Organização de farmacêuticos lança guia de boas práticas para indústria biotecnológica

A chegada ao mercado de medicamentos biotecnológicos genéricos parece estar cada vez mais iminente. Entre as revisões da legislação e o término da protecção de algumas patentes, o tempo é cada vez mais escasso. Tendo em vista algumas dessas questões e a crescente tensão entre os produtores de medicamentos de marca e os de genéricos, a Sociedade Internacional de Engenheiros Farmacêuticos (ISPE) publicou um guia de boas práticas para o sector.

De acordo com os responsáveis da ISPE, o guia “vai ter em conta os assuntos mais importantes com que se depara uma empresa biofarmacêutica no transporte de produtos de terapia biológica do laboratório para os ensaios clínicos e além disso”. A publicação engloba um largo espectro de áreas no sector da produção biofarmacêutica, incluindo o processo de desenvolvimento dos produtos, a produção, a cadeia de gestão investigacional de fornecimento de produtos, o controlo e garantias de qualidade e os requisitos de regulação globais.

O documento centra-se, principalmente, na gestão e planeamento de projectos; estudos de relação e compatibilidade, processo de desenvolvimento dos compostos farmacêuticos activos, medicamentos, produtos e placebos; produção pré-clínica, clínica e fases comerciais dos produtos; processo de validação, gestão da cadeia de fornecimento, controlo de qualidade/considerações de requisitos de qualidade, refere o ISPE.

Foram também tidas em conta durante a elaboração deste guia todas as indicações e regulamentações dos Estados Unidos da América, União Europeia, Canadá, Japão, e da Conferência Internacional de Harmonização (ICH), afirmaram os responsáveis. Há, no entanto, algumas exclusões, é o caso das terapias celulares e de genes.

O guia, intitulado “Desenvolvimento dos Produtos de Terapia Biológica Investigacional”, surge numa altura em que o mercado se movimenta a passos largos, com previsões que indicam que os biológicos podem vir a representar 60 por cento das receitas das empresas farmacêuticas já em 2010. Actualmente, o mercado está já avaliado em mais de 41 mil milhões de euros.

“Com o aumento do número de produtos biológicos a serem aprovados no mercado global, colocam-se novos desafios a muitas empresas farmacêuticas, especialmente durante o processo crítico das fases de desenvolvimento e produção dos produtos”, salienta o ISPE.

Marta Bilro

Fonte: Us-Pharmatechnologist.com

Uma aposta na segurança dos medicamentos

Indústria quer prever falhas de toxicidade no início do processo de desenvolvimento

A segurança dos medicamentos tem sido, desde sempre, uma questão chave na investigação. Porém, desde que, em 2004, a Merck foi forçada a retirar do mercado o anti-inflamatório Vioxx, por se ter verificado que o fármaco aumentava o risco de acidentes cardiovasculares, o tema está frequentemente debaixo da atenção pública.

Os erros do passado parecem ter funcionado como um caderno de falhas a não repetir e contribuíram para que as farmacêuticas melhorassem a sua capacidade para prever antecipadamente, a toxicidade de uma substância durante o processo de desenvolvimento.

Dimitri Mikhailov, responsável pela equipa norte-americana de software de informática para pesquisa e descoberta de novos medicamentos, no Instituto para Investigação Biomédica da Novartis, explicou como é que a empresa organiza o processo que lhe permite prever a segurança dos candidatos a fármacos.

Embora estejam comercialmente disponíveis diversas ferramentas de previsão da toxicidade que se têm revelado uma boa base para a pesquisa, elas não incluem conhecimento científico interno, explicou Mikhailov numa conferência recente sobre Descoberta e Desenvolvimento de Terapias inovadoras, em Boston, nos Estados Unidos da América.

Há um rol infinito de razões que podem justificam os problemas de segurança de um medicamento. Entre elas estão factores como as propriedades das moléculas (absorção, distribuição, metabolismo e excreção); o género das espécies e o fenótipo; o estado da doença, o estilo de vida e a idade; a interacção com outros medicamentos; e também a toxicidade idiossincrática.

Em 2003, a Novartis começou a desenvolver o ToxCheck, o seu próprio programa computacional para ajudar a prever alguns destes problemas. Esta é uma ferramenta que fornece dados excelentes mas que se tornam inúteis nas mãos dos utilizadores não especializados, visto que, estes não sabem interpretar as informações obtidas. Nesse sentido, referiu Mikhailov, o principal objectivo é garantir que os investigadores da Novartis consigam utilizar esses resultados.

“A segurança clínica e a toxicologia representam cerca de 30 por cento das falhas no desenvolvimento de medicamentos, isto porque, apesar dos modelos de toxicidade serem frequentemente fáceis de utilizar, podem ser difíceis de interpretar”, salientou o mesmo responsável.

A empresa dedicou-se então ao desenvolvimento de um programa capaz de ser acedido a partir de qualquer ambiente de trabalho de um computador, fácil de interpretar, rápido e interactivo. Algo que poderia representar uma parte fundamental na decisão do processo de produção a todos os níveis. Através da utilização de dados públicos e internos acerca de milhares de compostos, a farmacêutica suíça desenvolveu um sistema que consegue correlacionar a estrutura de um composto com as potenciais propriedades tóxicas, como a cardiotoxicidade e a genotoxicidade. A informação foi posteriormente utilizada para desenvolver alertas baseados em perto de 160 substruturas de moléculas que a Novartis acredita serem capazes de provocar problemas ao nível da segurança dos medicamentos.

Ainda assim, esta parecia não ser a solução perfeita para o problema. A empresa começou, por isso, a proceder a uma actualização do software. Foram criados e introduzidos, em modelos computacionais, um índice de reacções adversas e dados sobre o perfil in vitro, de acordo com as propriedades químicas já mencionadas. Estes estão agora a ser utilizados para prever efeitos secundários e combinações não detectadas.

Conforme explicou Mikhailov, relacionando as previsões com as características estruturais, mesmo que uma molécula esteja identificada por um alerta tóxico, há a hipótese dos cientistas da Novartis conseguirem alterar essa parte da molécula e resolver o problema, ao mesmo tempo que é mantido o potencial terapêutico.

Com as preocupações de segurança a crescerem de dia para dia, o sector aumenta a procura para assegurar aos consumidores que tudo está a ser feito para assegurar que os medicamentos são seguros quando chegam ao mercado. Para além disso, é urgente começar a reduzir os custos com as substâncias falhadas, especialmente em fase final de desenvolvimento. Uma das melhores formas de o fazer passa por aperfeiçoar a capacidade dos cientistas para antecipar os problemas o mais cedo possível. Associar a ultima tecnologia informática à experiencia científica permite que isto aconteça durante a fase de optimização, antes do fármaco ser testado em animais ou humanos.

Marta Bilro

Fonte: In-Pharmatechnologist.com.

terça-feira, 28 de agosto de 2007

REPORTAGEM

As intenções por detrás dos nomes dos medicamentos…
Escolha aleatória ou efeito placebo?


A escolha da designação comercial dos medicamentos não é inocente. Há diversas regras por que se rege o processo de escolha do nome a dar a cada novo fármaco, que poderá levantar questões éticas importantes. Uma equipa de investigadores de vários organismos ibéricos estudou o assunto, analisando os nomes comerciais das substâncias disponíveis no mercado farmacêutico português, e concluiu que grande parte tem nomes que evocam algum tipo de sugestão ou uma informação assertiva, quer para os profissionais de saúde, quer para os doentes.

Aspirina, Ben-u-ron, Brufen ou Aspegic são alguns exemplos de nomes comerciais de medicamentos com que todos os cidadãos estão mais ou menos familiarizados. São fáceis de dizer e de memorizar, e normalmente “circulam” nas conversas entre amigos sempre que surge um daqueles episódios de pedidos de aconselhamento e de automedicação, tão comuns em Portugal. Há, porém, muitos outros fármacos de designação simplesmente impronunciável para a maioria dos cidadãos, que muitas vezes de questionam sobre as razões de tal escolha por parte dos laboratórios que desenvolvem e que comercializam o produto.
A curiosidade “contagiou” uma equipa de investigadores de Portugal e Espanha, e esteve na base de um estudo, cujos resultados foram publicados recentemente na «Revista Portuguesa de Clínica Geral», e a que o farmacia.com.pt teve acesso. A investigação atesta que a escolha da designação comercial a atribuir aos fármacos “não é inocente”, pautando-se em regra por uma estratégia que passa, em grande parte das vezes, por conceber um nome que desperte algum tipo de sugestão junto do doente ou do profissional de saúde, ou por passar uma mensagem informativa de carácter mais assertivo.
Os especialistas – do Departamento de Farmacologia, Terapêutica e Toxicologia da Universidade Autónoma de Barcelona, da firma de consultoria científica KeyPoint e do Serviço de Pediatria do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) – foram ao âmago do assunto, questionando-se sobre as intenções que presidem à escolha dos nomes dos medicamentos, tentando perceber se essa escolha ocorre de modo aleatório ou se, pelo contrário, tem um efeito placebo, chegando ao consumidor e ao profissional de saúde de forma discreta, mas funcional. A partir da consulta da listagem de medicamentos registados no Índice Nacional Terapêutico, a equipa de investigadores analisou mais de 1300 nomes comerciais de fármacos pertencentes a 12 grupos terapêuticos.
Desse processo analítico concluíram que 26 por cento dos compostos disponíveis no mercado farmacêutico nacional obtiveram a sua designação comercial segundo o nome químico da substância activa preponderante na sua composição. Em igual percentagem de casos, o nome escolhido teve por base as indicações terapêuticas ou a acção do fármaco, estando em quatro por cento dos casos associado ao seu nome químico, e em um por cento dos casos ao nome do laboratório fabricante. O tipo de nome varia consoante o grupo terapêutico, mas em 40 por cento dos casos é considerado um “nome opaco”. Os especialistas concluíram que “uma elevada percentagem de fármacos apresenta nomes comerciais que evocam algum tipo de sugestão, quer seja directa ao consumidor, quer mais dirigida aos profissionais de saúde, ou ainda a um tipo de informação mais assertiva”.

O nome certo...
A equipa de cientistas ibéricos considera que a escolha do “nome certo” para cada medicamento é importante, na medida em que será por essa designação que será referenciado, num processo que contribuirá para a imagem individual do fármaco, mas também para a imagem corporativa da companhia que o representa, podendo ter, por si só, algum impacto no volume de vendas, condicionar os mecanismos da sua divulgação ou a captação da prescrição médica, sobretudo em áreas onde haja várias alternativas terapêuticas. “A escolha de um bom nome não é fácil”, frisam os cientistas.
Por outro lado, o conhecimento da forma como tem lugar a escolha da designação comercial dos medicamentos ajuda a perceber melhor as indicações terapêuticas contidas no folheto incluso e na rotulagem exterior. Cada fármaco tem pelo menos três designações: um primeiro nome químico, que descreve a estrutura atómica ou molecular da substância, descrevendo com precisão o produto, mas normalmente demasiado complexo, e por isso inconveniente para uso geral, um nome genérico, que não é registado e que tem geralmente uma associação directa com o princípio activo, e um nome comercial, registado: a chamada marca.

Carla Teixeira
Fonte: «Revista Portuguesa de Clínica Geral», estudo «Nome dos fármacos: escolha aleatória ou efeito placebo?», Manual Merck
Resultados da investigação serão divulgados no fim de 2009
Vacina que simula infecção por HIV em testes


Investigadores norte-americanos anunciaram, numa conferência dirigida à comunidade científica da cidade brasileira do Rio de Janeiro, que chegaram a um estádio inédito em estudos com vacinas para travar a progressão do vírus da sida. Pela primeira vez, disse Edécio Cunha Neto, cientista da Universidade de São Paulo e organizador do seminário, um ensaio clínico incidirá no acompanhamento de grupos de mais de três mil pessoas. A divulgação dos resultados deverá ter lugar no final de 2009.

Os testes à vacina terapêutica contra a sida – dado que não é ainda expectável a aposta no desenvolvimento de uma vacina preventiva para a doença – serão realizados através de uma parceria entre a companhia farmacêutica Merck e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que na passada semana tornaram públicos resultados positivos de testes que têm vindo a ser feitos, com grupos de até seis dezenas de pessoas. No caso de os novos testes funcionarem como prevêem as duas entidades envolvidas, quem for inoculado com a vacina obterá, na eventualidade de vir a ser infectado pelo HIV, uma taxa de sobrevida maior do que a que teria sem a vacina, revelando-se também menos dependente da toma de medicamentos anti-retrovirais.
No seguimento das pesquisas realizadas até agora, que demonstraram uma melhoria na capacidade do organismo para combater um vírus criado pelos cientistas em laboratório, e que contém fragmentos de ADN do HIV, assemelhando-se a uma espécie de vírus da sida simulado. A vacina foi bem tolerada em 70 por cento dos voluntários submetidos ao primeiro estudo. Agora, a Merck está a preparar a chamada fase 2B dos testes, testando a mesma vacina em grupos alargados de pessoas. Edécio Cunha Neto explica que esta vacina deverá, depois injectar no músculo de ADN a solução que codifica as proteínas do HIV, fazer com que ela se transforme em RNA no interior das células humanas, e em seguida assumir a forma de proteínas que farão o sistema imune iniciar a proliferação de linfócitos específicos para combater os fragmentos do vírus da sida”.

Carla Teixeira
Fonte: «Folha de São Paulo»

Os compostos farmacêuticos no meio ambiente

Índia no centro das preocupações dos investigadores

Nem tudo são rosas para a indústria farmacêutica indiana. Uma investigação da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, acusa o sector de estar a libertar para o meio ambiente quantidades substancialmente preocupantes de compostos farmacêuticos activos. O estudo, publicado no “Journal of Hazardous Materials”, coloca a Ciprofloxacina no topo das substâncias presentes nas águas em maior abundância.

Os resultados levaram os investigadores suecos a pedir “investigações aprofundadas acerca da qualidade das águas residuais, incluindo sobre a libertação de compostos farmacêuticos activos a partir de instalações de produção em diferentes regiões do mundo”. Até porque, há o risco de que o problema detectado em solo indiano seja apenas a ponta do icebergue.

“O estudo demonstra que existem unidades de produção que libertam quantidades substanciais de medicamentos no meio aquático”, afirmam os cientistas que, até ao momento, dizem não possuir informações suficientes para determinar a extensão do problema.

A equipa de investigadores testou os níveis de compostos farmacêuticos activos presentes nas águas residuais provenientes de uma estação de tratamento de águas residuais que serve cerca de 90 farmacêuticas localizada em Patancheru, perto de Hyderabad, um local privilegiado de produção de medicamentos genéricos que fornece o mercado mundial.

Na análise feita às amostras de água provenientes da Índia, os investigadores procuraram a presença de 59 substâncias farmacêuticas, observando que 21 das quais estavam presentes em concentrações superiores a 1μg/L (microgramas por litro). Até então, os níveis detectados nas águas residuais situavam-se entre 1ng/L (nanogramas por litro) e algumas μg/L.

O laboratório quantificou também os níveis das 11 substâncias presentes em maior abundância e realizou testes de toxicidade padrão que demonstraram que os níveis da presença desses medicamentos eram superiores a 100μg/L.

Entre os culpados estão o antibiótico Ciprofloxacina, com níveis entre os 28,000 e os 31, 000μg/L; o Losartan, um antagonista do receptor (tipo AT1) da angiotensina II, com níveis entre os 2,400 e os 2,500μg/L; o anti-histamínico Cetirizina, presente em níveis entre 1,300 e 1,400μg/L; o beta-bloqueador Metoprolol, presente em 800 a 950 μg/L; o antibiótico Enrofloxacin acusou níveis entre 780 e 900μg/L; o Citalopram, um antidepressivo inibidor selectivo da recaptação de serotonina, com 770 a 840μg/L; e dois antibióticos, a Norfloxacina e a Lomefloxacina, com níveis de 390-420μg/L e 50-300μg/L respectivamente.

“Daquilo que temos conhecimento, as concentrações destes 11 medicamentos eram superiores aos valores mais altos alguma vez registados em quaisquer efluentes de esgotos”, escrevem os autores da pesquisa, acrescentando que não têm conhecimento que tal informação tenha sido divulgada em nenhum outro artigo.

Os responsáveis deixam clara a intenção de salientar a “concentração de fluoroquinolonas detectadas, em particular da Ciprofloxacina – um antibiótico produzido por várias empresas da região”.

Para transmitir uma ideia mais concreta relativamente ao significado destes valores, os cientistas referem que “a descarga de Ciprofloxacina corresponde aproximadamente a 45 kg de compostos farmacêuticos activos por dia, o que equivale à quantidade total consumida na Suécia (com nove milhões de habitantes) durante um período de cinco dias”.

Marta Bilro

Fonte: US-Pharmatechnologist.com, Infarmed.

Polémica em torno da IVG nos centros de saúde
Médicos temem banalização do aborto


A realização de interrupções voluntárias da gravidez pelo método medicamentoso nos centros de saúde poderá “banalizar o que não deve ser banalizado”. O aviso é do bastonário da Ordem dos Médicos, para quem a medida pode fomentar o facilitismo e o abandono da contracepção.

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que realizar interrupções voluntárias da gravidez medicamentosas em centros de saúde “pode banalizar o que não se deve” e acarreta responsabilidades para os médicos de família para as quais não foram preparados. A posição de Pedro Nunes é oposta à defendida pelo presidente do Colégio da Especialidade Ginecologia/Obstetrícia da Ordem, Luís Graça, para quem cerca de 90 por cento das IVG químicas, “tirando os 10 ou 12 por cento de casos eventualmente problemáticos”, deveriam ser realizados em centros de saúde, porque é lá que estão os “médicos que melhor conhecem a população”, e por se tratar de um acto médico simples.
O presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco, afirmou que, além do centro de saúde de Viana do Castelo, mais “três ou quatro” estabelecimentos do Norte do País deverão começar a efectuar abortos a pedido da mulher em Setembro. Até final do ano a IVG medicamentosa será feita em centros de saúde de outras regiões. O bastonário considera que a realização de abortos fora dos hospitais é má em vários aspectos: “Estimula as pessoas a considerar banal o que não deve ser banal, impõe uma pressão sobre os médicos de família insustentável, obrigando-os a assumir responsabilidades para as quais naturalmente não foram treinados, ao mesmo tempo que a proximidade face ao doente dificulta-lhes a alegação de objecção de consciência, ao contrário de um médico hospitalar”.
Todos os “mecanismos convergem para uma eventual facilitação da IVG”, frisou Pedro Nunes, considerando que “a OM defende que o que deveria ser feito, para cumprir a legislação e a vontade dos portugueses, era continuar a definir a IVG como algo negativo que pode servir para resolver um acidente, e não como algo banal, fácil, acessível, que está ao pé da porta e que resolve todos os problemas. Assim, os baixos níveis de contracepção serão ainda mais baixos”, vaticinou. “A OM vê com preocupação que possa haver um aumento dos riscos, e lembra que tem de haver uma articulação perfeita entre serviços de medicina geral e familiar e serviços hospitalares”, vincou o responsável. Já Luís Graça considerou que os abortos deveriam cingir-se aos hospitais “até que fosse atingida uma determinada consistência”, mas contrapôs que, na medida em que “a lei apenas prevê a IVG apenas até às 10 semanas, e em casos que não levantem problemas, os abortos devem ser feitos nos centros de saúde, que contam com a complementaridade dos serviços hospitalares”.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

Estudo sobre gastrite em crianças garante distinção a investigadores portugueses

Uma equipa de investigadores do Hospital de Santa Maria foi agraciada com o Prémio Científico Hospital de Santa Maria – Sanofi-Aventis. A distinção foi motivado por um projecto de investigação que pretendeu perceber qual a resposta da mucosa gástrica à infecção por Helicobacter pylori, bactéria causadora de gastrite.

“Linfócitos da mucosa e expressão de antigénios HLA-DR na gastrite associada a Helicobacter pylori pediátrica” é o nome do trabalho desenvolvido por José Fernando Gonçalves Ruivo, Ana Isabel Lopes, Rui Victorino e A.M. Palha que mereceu a atribuição do prémio. O estudo pretendeu fornecer esclarecimentos sobre a gastrite por Helicobacter pylori e aos mecanismos de desenvolvimento da doença, não possíveis em adultos (expostos a outros agentes nocivos que podem condicionar a avaliação dos resultados, como o tabaco ou alguns medicamentos).

O galardão tem o intuito de contemplar o melhor trabalho de investigação clínica ou clínico-laboral realizado por profissionais do Hospital de Santa Maria, promovendo a criação e desenvolvimento de projectos nacionais inovadores capazes de fazer a diferença no panorama actual da investigação científica.

“A atribuição destes prémios enquadra-se na política da Administração do Hospital, que entende e muitíssimo bem, que o Hospital de Santa Maria, enquanto Hospital Universitário deve dinamizar, tanto quanto possível, a actividade científica, logo a vertente da investigação, recorrendo para isso à atribuição de bolsas que permitam a execução de trabalhos científicos”, afirmou o Coordenador do Gabinete de Apoio à Investigação, António José Gonçalves Ferreira.

O prémio, anualmente financiado pela farmacêutica francesa Sanofi-Aventis, “tem como único objectivo incentivar os jovens médicos a desbravar caminhos e impulsionar a investigação científica em Portugal”, acrescentou o mesmo responsável.

Marta Bilro

Fonte: Médicos de Portugal.

FDA aceita avaliar tratamento anti-histamínico da Schering-Plough/Merck

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) aceitou a candidatura apresentada pela Schering-Plough Corp e pela Merck & Co Inc para avaliar uma possível autorização de comercialização para o loratadina/montelucaste, um medicamento experimental destinado ao tratamento da rinite alérgica. O fármaco combina dois tratamentos comummente utilizados num único comprimido.

A substância, que está a ser desenvolvida por uma jointventure criada entre as duas farmacêuticas, inclui na sua composição ingredientes activos do Claritine (Loratadina), da Schering-Plough, e do Singulair (Montelucaste) da Merck.

As empresas pretendem garantir a aprovação do loratadina/montelucaste enquanto tratamento dos sintomas da rinite em pacientes que procuram aliviar o congestionamento nasal.

De acordo com os laboratórios, o produto combinado vai ser alvo de uma revisão por parte da entidade reguladora norte-americana, o que, por norma, significa que a FDA deverá emitir uma resposta dentro de 10 meses.

A parceria estabelecida entre a Schering-Plough e a Merck deu já origem ao Zetia (ezetimiba) e ao Vytorin (Ezetimiba+Sinvastatina), dois fármacos redutores do colesterol que se têm revelado verdadeiros motores de lucro para ambas as farmacêuticas.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Reuters, Infarmed.

Estatinas podem prevenir doença de Alzheimer, diz estudo

A ingestão de estatinas pode ajudar a prevenir a doença de Alzheimer, revela um estudo norte-americano. Os investigadores afirmam ter descoberto uma relação entre os medicamentos de redução do colesterol e um afastamento da doença.

O estudo, realizado na Universidade de Boston desde 2002, demonstrou que as estatinas podem reduzir o risco de desenvolver Alzheimer até 79 por cento, mesmo em pessoas geneticamente predispostas à doença. Algumas investigações anteriores indicavam que a doença de Alzheimer pode ser provocada por um fluxo sanguíneo reduzido e por alterações vasculares cerebrais, condições que podem ser prevenidas através da administração de estatinas.

A equipa de Gail Li, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, examinou 110 cérebros de americanos que faleceram entre os 65 e 79 anos de idade e tinham doado os órgãos para pesquisa. Os cientistas procuraram a presença de sinais característicos da doença de Alzheimer, como a acumulação anormal placas senis que se formam no cérebro e bloqueiam o funcionamento dos neurónios.

A investigação demonstrou que as pessoas que ingeriam estatinas com regularidade tinham um nível reduzido de placas senis em comparação com aqueles que não tomavam esses medicamentos. “As estatinas estão provavelmente mais aptas paraa prevenir a doença em determinado tipo de pessoas do que noutras", afirmou Gail Li que acredita que, um dia, deverá ser possível perceber mais rigorosamente qual o tipo de estatinas adequado a cada indivíduo.

Estima-se que, em Portugal, mais de 70 mil pessoas sofram de doença de Alzheimer. O diagnóstico é difícil sendo feito por exclusão de outras doenças com características semelhantes. Não há ainda tratamento eficaz para a cura da doença nem possibilidade de prevenção.

Marta Bilro

Fonte: Times Online, The Earth Times, Associação Portuguesa de Familiares e Amigos da Doença de Alzheimer.

INSA promove seminário sobre mecanismos de doença na era pós-genómica

No âmbito das actividades de divulgação científica para 2007, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) promove, no dia 27 de Setembro, o seminário de investigação "Mecanismos de doença na era pós-genómica: exemplo da fibrose quística". O evento, apresentado por Margarida Amaral, investigadora no Centro de Genética Humana, realiza-se no auditório do INSA, em Lisboa, a partir das 12h30 e a entrada é livre.

Este é o primeiro do terceiro ciclo de seminários organizados pelo INSA e dedicado a Novas abordagens na investigação em biomedicina, cujo programa foi divulgado pelo Farmacia.com.pt no dia 29 de Maio do ano corrente.

O principal objectivo é dar a conhecer os resultados das actividades de investigação científica do instituto. Pretende-se também fomentar a discussão sobre temas da área das ciências da saúde e promover o diálogo entre grupos de investigação com interesses comuns, dentro e fora desta instituição. À apresentação do trabalho segue-se uma discussão informal sobre o tema, que contará com a presença de um moderador especialista na área de investigação abordada.

O ciclo continua no dia 25 de Outubro, com um seminário subordinado ao tema “Identificação de factores de susceptibilidade para doenças multifactoriais - novos desafios e novas abordagens”; no dia 29 de Novembro, com o “Molecular epidemiology as a forensic technique for HIV and HCV transmission investigation”; e fica concluído a 13 de Dezembro com o seminário “De um laboratório de I&D a uma empresa de base tecnológica”.

Marta Bilro

Fonte: Portal da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Farmacia.com.pt.