quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Cientistas descobrem árvore genealógica do HIV

Estudo indica que vírus passou da África para o Haiti e, em 1969, atingiu os EUA; Informação pode ajudar na descoberta de uma vacina contra o vírus da sida e prever mutações

A estirpe mais comum do vírus HIV (subtipo 1 do grupo M) foi trazida do Haiti em 1969. A descoberta foi anunciada, esta terça-feira, por uma equipa internacional de investigadores - coordenada por Tom Gilbert, do departamento de Ecologia e Biologia Evolucionária da Universidade do Arizona, Estados Unidos - que se dedicou ao estudo da emergência mundial da sida no continente americano - «The emergence of HIV-Aids in the Americas and beyond».

De acordo com o artigo publicado na revista especializada «Proceedings of the National Academy of Sciences» (PNAS), a estirpe investigada passou do Haiti para os EUA por volta de 1969, espalhando-se, de seguida, pela Europa, dando origem à epidemia global.

Na publicação, a equipa explica como descobriu a origem da estirpe dominante do HIV: “Estudámos as amostras de sangue dos cinco primeiros doentes infectados com sida, sendo que, todos eram imigrantes do Haiti nos Estados Unidos. Através de um estudo genético de outros 117 pacientes de outros países, reconstruímos a árvore genealógica do vírus.”

Com base no mapa de contágio, os investigadores concluíram que o HIV veio justamente do Haiti, provavelmente, através de uma única pessoa, no fim dos anos 70. Esta variante pode ser encontrada, também, na Europa e em grande parte da América do Sul, Austrália e Japão.

África é, contudo, o continente apontado pelos cientistas como o foco originário da sida. Segundo a investigação, a passagem do vírus do continente africano para o Haiti, terá ocorrido, provavelmente, em meados da década de 1960. Acredita-se que o HIV tenha chegado àquela ilha através de operários que estavam no Congo. O estudo norte-americano indica que a hipótese de que os vírus haitianos tenham formado, a partir da África, o primeiro tronco da árvore genética do HIV é de 99,8%.

Em entrevista à rede britânica BBC, Michael Worobey, da Universidade de Arizona em Tucson, um dos participantes do estudo, esclareceu que: "Por volta de 1966, o vírus começou a propagar-se dentro do Haiti, podendo ser considerado o ponto de partida para a evolução global da doença. Poucos anos depois, uma variante do Haiti deu origem ao que se tornaria a explosão da doença em todo o mundo."

A equipa de investigadores pretende, agora, avançar com o estudo, confirmando o caminho do vírus antes de sua chegada ao Haiti. " Entender o percurso e as diferentes variantes do HIV pode ajudar a prever as eventuais transformações do vírus no futuro e conduzir a novos tratamentos", frisaram.

Raquel Pacheco


Fonte: Lusa/Reuters/http://www.pnas.org/.

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