domingo, 1 de julho de 2007

Cancro da próstata e diabetes ligados geneticamente

Um estudo realizado por uma equipa de cientistas internacionais revelou que existe um vínculo genético entre a diabetes de tipo 2 e o cancro da próstata. Os responsáveis pela investigação, publicada na revista “Nature Genetics”, conseguiram identificar duas variações genéticas no cromossoma 17 que aumentam “ligeiramente” o risco de desenvolver este tipo de cancro.

Conforme explicou José Ignacio Mayordomo, responsável pelo departamento do Serviço de Oncologia Médica do Hospital Clínico Universitário de Saragoça e um dos autores da investigação, o facto de os homens com diabetes correrem menos riscos de desenvolver cancro da próstata já era conhecido epidemiologicamente. Porém, “agora foi identificado um gene que protege da diabetes, mas que, por outro lado, faz aumentar o risco de sofrer de cancro da próstata”, explicou.

A variação genética em causa é responsável pelo metabolismo da glicose. Por sua vez, uma das características das células tumorais reside no aumento do gasto de energia e nas modificações no metabolismo da glicose. Este é o principal factor que leva os especialistas a concluir que o estudo desse gene, a médio prazo, poderá conduzir ao desenvolvimento de possíveis terapias para novos tratamentos do cancro e ser uma ferramenta importante no diagnóstico precoce e, consequentemente, na prevenção.

Os autores da investigação centraram-se na identificação das variantes genéticas que predispõem certos homens a sofrer de cancro da próstata. Os indivíduos que sofram de uma das duas variações do cromossoma 17 identificadas pelos cientistas comportam um risco 21 por cento superior de vir a desenvolver a doença ao longo da vida. Segundo Mayordomo, ainda que a presença destas variações não implique “um risco vertiginosamente elevado”, os homens que as possuam devem estar mais atentos às lesões na próstata porque estas podem vir a revelar-se cancerígenas.

Entre o conjunto de causas possíveis para o aparecimento de cancro da próstata, a carga genética tende a ser um factor menos preponderante quando comparado com os factores ambientais. Nesse sentido, não é “absolutamente certo” que as pessoas que padeçam das referidas variantes genéticas venham a desenvolver cancro da próstata, ainda assim, segundo o especialista, o estilo de vida não deve ser descuidado.

Evitar os factores de risco, como a obesidade e as dietas ricas em gorduras animais, é o principal conselho dado pelos especialistas. Os homens com idade superior a 50 anos são os mais afectados, contudo, tem-se assistido ao aparecimento deste tumor em idades cada vez mais precoces. Estima-se que na população masculina acima dos 50 anos, a ocorrência ronde os 3 por cento. Os dados da União Europeia indicam que um em cada seis homens tem probabilidades de contrair cancro da próstata. Em Portugal, surgem 4 mil novos casos por ano, o que representa cerca de 19 por cento do total de tumores.

Marta Bilro

Fonte: Terra.es, Último Segundo, Hospital da Trofa, Médicos de Portugal.

ENSP anuncia parceria para desenvolver novos projectos de investigação

A Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) anunciou que vai estabelecer uma parceria com um laboratório farmacêutico, com vista à promoção de novas linhas de investigação e ao desenvolvimento de vários projectos de investigação de carácter epidemiológico (doenças contagiosas).

A parceria que deverá ser estabelecida segunda-feira, "insere-se num projecto mais amplo de laboratório de técnicas de análise de gestão”, sendo que o primeiro projecto ao abrigo deste acordo passará pela "criação de um sistema integrado de suporte à investigação nas áreas das ciências sociais e de saúde pública", informou Constantino Sakellarides, director da Escola Nacional de Saúde Pública.

De acordo com o professor Sakellarides, a parceria trará "ganhos em termos de interactividade e de tempo", uma vez que a Escola Nacional de Saúde Pública, da Universidade Nova de Lisboa, será reforçada com uma maior capacidade técnica, aumentando assim a sua autonomia tecnológica de apoio às actividades científicas e pedagógicas da instituição.

O projecto prevê a implementação de "técnicas interactivas de análises de aprendizagem, isto é, os alunos passam a trabalhar em rede, colocam as perguntas que quiserem e as respostas obtidas estarão disponíveis on-line para que todos possam usufruir", explicou o professor.

"Se tivermos a informação de um acidente ou a abertura de um novo serviço de saúde passa a ser possível recolher perguntas, fazer um resumo das mesmas e dar respostas em conjunto", concluiu.

Inês de Matos

Fonte: Lusa
Especialistas discutem reactividade dos medicamentos
Universidade do Algarve recebe 250 químicos

A Universidade do Algarve acolhe, entre hoje e a próxima sexta-feira, o XI Simpósio Europeu de Reactividade Orgânica, o maior evento europeu naquela área, que pela primeira vez se realiza em Portugal. Pelo auditório do Campus de Gambelas (Faro) passarão 250 químicos, oriundos de quatro continentes, que discutirão temas como a quimioterapia da malária, a actuação dos medicamentos e a sua interacção com o ADN humano. A sessão de abertura está marcada para as nove horas.

A reactividade orgânica é o “estudo da estrutura de sistemas químicos e das suas reacções, cujos resultados são utilizados em áreas como as ciências da saúde ou o desenvolvimento de novos materiais, com potenciais novas aplicações”, explicou a responsável pela organização do evento, Maria de Lurdes Cristiano, professora do Departamento de Química, Bioquímica e Farmácia da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade do Algarve. De acordo com aquela responsável, este simpósio reveste grande importância para o país, porque “atrai investigadores de renome internacional e permitirá dar visibilidade à investigação científica feita em Portugal, potenciando o intercâmbio de ideias e o surgimento de colaborações internacionais”.
A malária (ou paludismo) é uma doença tropical infecciosa transmitida pela picada do mosquito Anopheles, e mata anualmente cerca de dois milhões de pessoas. No prazo de 50 a 100 anos, de acordo com os especialistas, diversos países do Sul da Europa poderão voltar a ser atingidos pela doença devido ao previsível aumento da temperatura e a outras alterações climáticas. O presidente da Assistência Médica Internacional, Fernando Nobre, disse recentemente que Portugal, Espanha, Itália e Grécia poderão voltar a conviver com a malária, erradicada do nosso país em 1950. O programa do simpósio e toda a informação relevante acerca do evento encontra-se disponível no endereço www.ualg.pt/esorxi

Carla Teixeira
Fonte: Ciência Hoje, Universidade do Algarve


NOTA: O "hoje" a que se refere a notícia é o dia 2 de Julho, segunda-feira.
Fármacos não tiveram os resultados prometidos
China baniu 10 tipos de medicamentos


A imprensa chinesa anunciou esta semana a decisão do governo de Pequim de banir do mercado farmacêutico local 10 tipos de medicamentos cujos resultados não traduziram as promessas feitas pelas empresas fabricantes. De acordo com o jornal «Beijing News», e no momento em que entram em vigor naquele país novas regras relativas à publicidade de medicamentos e produtos farmacêuticos, Pequim resolveu impedir a comercialização de todos os fármacos que, submetidos a testes clínicos, não atestem os resultados publicitados pelas marcas. A venda daqueles produtos foi interdita, e os meios de comunicação que tenham feito publicidade aos medicamentos em causa terão de publicar retratações dessas notícias.

Carla Teixeira
Fonte: MSNBC
Reavaliada a relação risco/benefício da substância
EMEA desaconselha utilização de piroxicam


O Instituto da Farmácia e do Medicamento emitiu ontem uma nota em que noticiou a recomendação feita pela Agência Europeia de Medicamentos no sentido de que a utilização da substância piroxicam seja restringida, em virtude do seu alegado risco de reacções adversas gastrointestinais e cutâneas graves.

De acordo com a nota agora divulgada, e que se destina aos profissionais de saúde e ao público, o Comité de Medicamentos de Uso Humano da EMEA concluiu que o piroxicam não deverá continuar a ser usado no tratamento de curta duração de situações dolorosas e inflamatórias, embora possa continuar a ser prescrito tendo em vista o alívio sintomático de doenças como osteoartrose, artrite reumatóide ou espondilite anquilosante. Nesses casos, porém, o piroxicam não deverá ser o anti-inflamatório não esteróide de primeira linha, segundo os especialistas.
Ainda segundo o comunicado do Infarmed, a prescrição daquela substância deverá sempre ser indicada por um médico com experiência no tratamento de doentes com doenças reumáticas inflamatórias ou degenerativas, devendo ser utilizada a menor dose (nunca mais do que 20 mg por dia), no mais curto período de tempo possível, sendo obrigatoriamente revisto no prazo de 14 dias. Adicionalmente, o CHMP recomendou a inclusão de novas contra-indicações ao medicamento, bem como o reforço das advertências relativas ao piroxicam. Estas indicações não se aplicam aos fármacos contendo aquela substância que se destinem a aplicações tópicas.
Em resposta a uma solicitação da Comissão Europeia, o CHMP iniciou no passado mês de Setembro um processo de reavaliação aprofundada dos benefícios e riscos do piroxicam, depois de se ter verificado que aquele AINE poderia estar associado a uma maior prevalência de efeitos secundários gastrointestinais e de reacções adversas cutâneas graves do que os outros anti-inflamatórios não esteróides não selectivos. Para mais esclarecimentos deve contactar-se o Centro de Informação do Medicamento e Produtos de Saúde do Infarmed, através da Linha Verde do Medicamento (800222444) ou por correio electrónico, para o endereço de e-mail centro.informacao@infarmed.pt, ou o seu departamento de Farmacovigilância, através do telefone 217987140 ou pelo e-mail farmacovigilancia@infarmed.pt.

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed

Exposição solar não regulariza níveis de vitamina D no organismo

A carência de vitamina D no organismo é muitas vezes associada à pouca exposição solar, mas as conclusões de um estudo recentemente publicado no The Journal of Clinical Endocrinology & Metabolism, vêm contrariar esta ideia.

O estudo investigou o estado da vitamina D em 93 habitantes bronzeados do Havai, cuja exposição solar é constante, com uma média de mais de vinte horas semanais de exposição.

No entanto, as conclusões do estudo mostraram que 51 por cento dos indivíduos observados apresentavam carência de vitamina D, o que contrariava a ideia concebida até então.

«Isto implica que a recomendação clínica habitual de expor as mãos e a face 15 minutos por dia ao Sol poderá não assegurar vitamina D suficiente», explica Neil Binkley, da Universidade do Winscons, responsável pelo estudo.

O estudo desenvolvido pela equipa do Dr. Neil Binkley veio desta forma desmistificar a ideia incorrecta que associava a carência de vitamina D, à deficiente exposição ao sol.

“Não se pode assumir que os indivíduos com uma exposição solar abundante têm níveis adequados de vitamina D”, alerta o responsável.

Inês de Matos

Fonte: Reuters, Sol

Pomada Dafnegil retirada do mercado

O Departamento de Inspecção do Instituto da Farmácia e do Medicamento ordenou ontem a recolha de todas as embalagens de todos os lotes do medicamento Dafnegil 10m mg/g + 40000UI/g pomada vaginal, com registo de AIM n.º 9519306, cujo titular de AIM é a firma L. Lepori Lda., por terem sido detectados, em análises efectuadas na Direcção de Comprovação de Qualidade do Infarmed, resultados fora das especificações no que toca ao ensaio de Aferição Microbiológica de Antibióticos – difusão para a Nistatina relativamente ao lote n.º64420, com prazo de validade de Julho do próximo ano. Na mesma nota, o Conselho Directivo do Infarmed relatou ter aferido o não cumprimento, para todos os lotes, do método de análise Aferição Microbiológica de Antibióticos – Difusão para a Nistatina, aprovado em sede de Autorização de Introdução no Mercado.

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed

Canadá: Pastas dentífricas contrafeitas contêm substância tóxica

As autoridades de Saúde do Canadá estão a alertar os consumidores para a presença de dietileno glicol, uma substância tóxica utilizada em anti-congelantes, em pastas dentífricas contrafeitas que são importadas da China e comercializadas sob a marca Colgate.

De acordo com os responsáveis canadianos, 21 pastas de dentes foram encontradas no mercado contendo níveis muito elevados desta substância. O dietileno glicol, utilizado como anti-congelante e solvente, pode provocar “náuseas, dores abdominais, tonturas, problemas urinários, falhas renais, problemas de respiração, letargia, convulsões, coma e mesmo a morte se for ingerido”, alertou Jean Saint-Pierre, porta-voz da “Health Canada”.

Caso seja ingerida, a pasta de dentes pode causar lesões principalmente nas camadas mais “vulneráveis” das populações, como é o caso das crianças ou dos consumidores com problemas renais ou hepáticos. Segundo Saint-Pierre, as pessoas com um sistema imunitário comprometido ou enfraquecido podem sofrer “um impacto grave” caso ingiram a substância.

A “Health Canada” explicou que as pastas dentífricas são originalmente rotuladas em chinês e foram encontradas em mercados chineses um pouco por todo o país, sendo que nenhum dos produtos foi aprovado pela entidade.

Um aviso semelhante foi lançado, no início do mês de Junho, pela Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (Food and Drugs Administration - FDA), quando foi detectada a presença da mesma substância tóxica em pastas de dentes falsificadas.

Marta Bilro

Fonte: CTV.ca, Spiritindia.com

«Saúde e migrações» em destaque na presidência portuguesa da UE

A terceira presidência portuguesa da União Europeia, que hoje teve início, vai adoptar como tema, na área da Saúde, “Saúde e Migrações”, avançou José Pereira Miguel, responsável pela coordenação do sector, que acredita que esta é uma aposta através da qual “Portugal pode fazer a diferença”.

O futuro dos serviços de saúde dos Estados-membros é uma das questões que deve ser discutida com profundidade de forma a ser decidida pelos Governos e não por imposição da Comissão Europeia, considera o coordenador da área da Saúde no âmbito da presidência portuguesa.

De acordo com José Pereira Miguel, chamando a atenção para a saúde dos migrantes, “Portugal pode fazer a diferença no campo da saúde com o seu projecto de presidência”. Em declarações à agência Lusa o responsável frisou que o tema está “um bocado esquecido”, porém não deixa de ser de grande utilidade já que a Europa “não tem outro caminho a não ser ajudar os migrantes e os seus países de origem”

Uma das missões da presidência Portuguesa passa por transmitir o estímulo aos outros Estados-membros para que «os ministros da Saúde europeus sejam capazes de subscrever conclusões sobre o trabalho futuro da área da saúde dos migrantes», acrescentou. Para que se saiba como lidar com os migrantes, a “preparação dos profissionais de saúde” também não pode ser esquecida. “Esse lidar refere-se ao trato, à linguagem, à compreensão dos seus valores, das suas atitudes, da sua cultura, mas também em termos técnicos”, afirmou.

Os diagnósticos diferenciais são, segundo José Pereira Miguel, um dos exemplos com maior relevância. “Se o médico não leva em causa que pode estar perante uma doença que, apesar de não ser frequente no nosso país, pode ser importada (uma infecção, por exemplo) terá menos probabilidades de tratar esse doente”, explicou.

O futuro dos serviços de saúde é outra das discussões que José Pereira Miguel considera indispensáveis, porque apesar dos países se demonstrarem «muito ciosos da sua independência» em matéria de saúde, “também têm vindo a definir um conjunto de princípios comuns que gostariam de ver respeitados”.

Os responsáveis pretendem ainda propor uma estratégia de combate a doenças para a União Europeia, promovendo jornadas sobre os aspectos chave dessa estratégia e dando relevo a algumas patologias, como o cancro ou as doenças cardiovasculares. Estão igualmente previstas iniciativas no domínio das drogas, do HIV/Sida e da inovação farmacêutica.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digita, Lusa.

Patologias da tiróide explicadas a “doentes, familiares e curiosos”

Mais de 200 especialistas estiveram reunidos em Lisboa para debater questões relacionadas com o cancro da tiróide, uma patologia que afecta cerca de 500 portugueses e que em 15 por cento dos casos se revela fatal. Segundo explicou o presidente da Sociedade Portuguesa de Endocrinologia, Diabetes e Metabolismo (SPEDM), José Luís Medina, ao congresso segue-se um encontro, no Porto, aberto à população, que pretende informar “doentes, familiares e curiosos” sobre a tiróide e as suas doenças.

“As pessoas julgam que a tiróide só tem uma doença, o que não é verdade”, esclareceu o especialista em declarações à agência Lusa, salientando a importância de informar de modo a facilitar uma detecção precoce dos problemas. Este tipo de encontros tem uma função muito importante, considera José Luís Medina, pelo facto de incluir todos os interessados no tema e não apenas os profissionais de saúde.

“É uma forma de promover o diagnóstico precoce” e, simultaneamente, de evitar que as pessoas entrem em pânico de cada vez que detectam um nódulo no pescoço, pensando tratar-se de cancro, afirmou. Até porque, na consulta de endocrinologia, uma em cada 15 mulheres e um em cada 60 homens apresentam nódulos mas apenas uma pequena minoria se revela maligna.

Conforme esclareceu o especialista, existem três grandes grupos de doenças da tiróide, do qual fazem parte as alterações da forma (nódulos), as alterações da função e alterações de ambas. Nas consultas de endocrinologia, em cada 10 doentes, quatro ou cinco têm doenças da tiróide. O hipertiroidismo (quando a tiróide funciona demasiado) e o hipotiroidismo (quando o seu funcionamento é deficitário), são alterações da função que se tratam com medicamentos.

Por sua vez, o cancro da tiróide pode requerer uma intervenção cirúrgica, à qual se segue o tratamento à base de iodo radioactivo. A taxa de mortalidade é reduzida, situando-se nos 15 por cento, e é tanto menor quanto mais cedo for diagnosticada a doença. O tumor afecta mais de 25 mil pessoas por ano em toda a Europa causando cerca de seis mil mortes e é quatro vezes mais frequente nas mulheres do que nos homens.

Marta Bilro

Fonte: As Beiras