segunda-feira, 30 de julho de 2007

Medicamentos contra a diabetes aumentam risco de paragem cardíaca

Os medicamentos "Avantia" e "Actos", utilizados no tratamento da diabetes do tipo 2, podem aumentar para o dobro o risco de problemas cardíacos, de acordo com um estudo realizado pela Universidade de Wake Forest, na Carolina do Norte, Estados Unidos, publicado na Revista "Diabetes Cares".

O estudo revelou que o risco de paragem cardíaca pode aumentar até 100 por cento nas pessoas que tomam "thiazolinediones", uma substância presente nos medicamentos em questão e que se destina a aumentar a sensibilidade à insulina.

Os investigadores observaram 78.000 doentes com o objectivo estabelecer a ligação entre os dois medicamentos referenciados e as paragens cardíacas e concluíram que o risco de paragem cardíaca é superior nas pessoas com mais idade, no entanto, em cerca de 25 por cento dos casos foi também registada uma reacção em homens e mulheres com menos de 60 anos.

“Estes medicamentos são utilizados por mais de 3 milhões de diabéticos só nos Estados Unidos, o que significa que pode haver milhões de pessoas afectadas", afirmou Sonai Singh, profesor de medicina interna da Universidade Wake Forest.

As suspeitas sobre os riscos do “Avantia” haviam já sido levantadas por um estudo apresentado no inicio do presente ano, onde o medicamento aparece indicado como um dos fármacos associados ao aumento de ataques cardíacos e à morte por problemas cardiovasculares. A confirmação surge agora, uma vez que os dados recolhidos levam os investigadores a afirmar que o "thiazolinediones" pode mesmo causar retenção de líquidos e activar a paragem cardíaca, em pessoas com problemas do foro cardíaco.

Os principais sintomas associados ao risco de paragens cardíaca caracterizam-se pela falta de ar e pela dificuldade em percorrer curtas distâncias e verificam-se essencialmente em pessoas de idade.

Inês de Matos

Fonte: Lusa
Segunda fase da investigação vai incidir em seres humanos
Vacina terapêutica contra a sida em estudo


O próximo mês de Novembro é o prazo-limite para o arranque da segunda etapa da fase clínica de um estudo que está a dar muito que falar no Brasil. Depois de ter conseguido obter reduções de até 80 por cento na quantidade de VIH no sangue dos voluntários que participaram na primeira fase de testes, há dois anos, a investigação para encontrar uma vacina terapêutica para a sida entrará, até Novembro, num segundo momento, utilizando seres humanos.

No II Encontro Nordestino de Vacinas Anti-VIH, realizado em meados deste mês, foram debatidos os resultados alcançados até agora no âmbito deste trabalho. O investigador e professor da Universidade Federal de Pernambuco Luiz Cláudio Arraes, disse naquela reunião que a nova etapa do projecto tem como objectivo “verificar a toxidade da vacina e o efeito dose/dependência nos voluntários”. Será também “possível entender por que motivo alguns pacientes respondem bem à vacina e outros não”, explicou. Arraes disse que a imunização em estudo é designada como “vacina terapêutica” pelo facto de, ao contrário do que acontece com os medicamentos, que actuam sobre o vírus, a vacina deverá actuar directamente no sistema imunitário do paciente, ajudando-o a combater a subsistência e proliferação do vírus.
De acordo com o especialista brasileiro, a vacina deverá actuar nas células dendríticas – assim chamadas por terem a forma de dedos –, responsáveis pelo reconhecimento dos agentes estranhos ao organismo, e cuja quantidade e performance o vírus consegue diminui significativamente. A acção da vacina consistirá na recolha daquelas células, na fase em que ainda são jovens e não foram atingidas pela sida, maturando-as depois em laboratório. Depois é extraído do paciente o vírus, e imediatamente inactivado. A fase seguinte consiste na junção das células maduras com os vírus atenuados, de modo que o sistema imunitário possa reconhecer as células infectadas e fazer frente à progressão da doença, passando então a ter capacidade para produzir os marcadores biológicos necessários para combater o vírus.
Luiz Cláudio Arraes explicou, no entanto, que a nova vacina terapêutica não será capaz de eliminar a sida, mas apenas de diminuir a carga viral dos pacientes, que pode variar entre a presença quase indetectável de vírus e um milhão por cada mililitro de sangue. “Se a vacina não for efectiva no combate ao VIH, talvez possa usar-se esse caminho para os doentes que já são resistentes a toda uma gama de medicamentos”, já que em muitos casos os anti-retrovirais são tomados durante anos, o que tende a gradualmente ir reduzindo a sua eficácia, aumentando, por outro lado, a resistência dos vírus.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Brasil, Agência Lusa

Pfizer usou Portway para lançar Champix

Indústria farmacêutica prioriza «targeting»

As pesquisas «targeting» – utilizadas para definir o público-alvo no mercado – são comuns entre as indústrias farmacêuticas, um segmento que prioriza as acções que antecedem as iniciativas de marketing. Um programa desenvolvido pela empresa brasileira Portway facilitou a implementação de um fármaco da Pfizer.

A Portway desenvolveu em apenas 30 dias – tempo considerado quase um recorde –, um programa de software que antecedeu o lançamento de Champix, o novo medicamento de prescrição da Pfizer desenvolvido para ajudar as pessoas a deixar de fumar.

Os dados foram recolhidos via piam e enviados electronicamente para a empresa, permitindo uma maior rapidez e um maior controlo sobre o andamento do estudo. O dispositivo permitiu a realização de um trabalho que analisou junto aos médicos a opinião sobre o tabagismo.

“Através do nosso programa, a Pfizer recolheu os dados e conseguiu segmentar as informações”, afirmou Marcelo Assumpção, director executivo da Portway. Na opinião de Pedro Paiva, gerente de sistemas de informações da Pfizer “a ferramenta é simples e, ao mesmo tempo, eficiente.”

Pela Portway, a Pfizer acompanhou e analisou os resultados obtidos em todo o país, tendo as informações facilitado a definição das estratégias de marketing para cada segmento do mercado. “Por ser um lançamento, recebemos as perguntas e desenvolvemos o sistema num tempo quase impossível, mas uma parte da equipa é especialista em indústria farmacêutica e isso fez toda a diferença. Aliás, já tínhamos desenvolvido outro trabalho semelhante para a empresa GlaxoSmithKline”, explicou Marcelo Assumpção.

Segundo anunciou o Farmacia.com.pt no dia 27 de Julho, o Champix passou a ser financiado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, após recomendação da NICE.

Raquel Pacheco
Fonte: Portway

Cientistas questionam funcionamento do VIH

Estudo indica que afinal processo de rarefacção das células é lento

A forma como o vírus da sida destrói o sistema imunitário foi colocada em causa por cientistas britânicos e americanos, revela um estudo publicado na revista mensal americana «PLoS Medicine».

O vírus da imunodeficiência humana (VIH) reproduz-se destruindo alguns dos glóbulos brancos que desempenham o papel de chefes de orquestra do sistema imunitário.

A comunidade científica pensava que as células infectadas produziam novas partículas de VIH, provocando a activação de novas células que, à sua volta, eram infectadas e destruídas, fragilizando assim gradualmente o sistema de defesa do corpo humano.

No entanto, as investigações conduzidas por cientistas americanos e britânicos, vêem agora demonstrar que se esta hipótese fosse correcta, as células infectadas deveriam ser destruídas muito mais rapidamente do que o são na realidade.

De acordo com os investigadores, existe um “processo lento” na rarefacção destas células e a identificação desse processo “fornecerá um resumo essencial da natureza do VIH e permitirá potenciais novas abordagens em matéria de terapêutica.”

Raquel Pacheco

Fonte: «PLoS Medicine»

Vitamina A ajuda a reduzir os sinais de envelhecimento

O resultado de investigações conduzidas por cientistas da Universidade de Michigan (EUA), confirma que os cremes que contêm vitamina A ajudam a reduzir os sinais de envelhecimento da pele.

O estudo norte-americano, publicado na «Archives of Dermatology», incidiu sobre 36 voluntários com uma idade média de 87 anos, que usaram um creme com vitamina A debaixo de um dos braços e um creme sem nenhum componente activo debaixo do outro.

A avaliação feita, depois de 24 semanas, revelou que o retinol, a forma pura da vitamina A, não apenas reduziu as rugas na grande maioria dos voluntários, mas também aumentou os níveis de substâncias químicas importantes na regeneração da pele, ajudou a pele a reter mais água, e menos susceptível a lesões cutâneas, um problema comum em pessoas mais velhas.

Raquel Pacheco

Fonte: «Archives of Dermatology»

Medicamentos sujeitos a receita médica tornam-se protagonistas de TV

Numa altura em que as séries de televisão ganham cada vez mais adeptos, os medicamentos sujeitos a receita médica estão a tornar-se estrelas famosas. Segundo noticia o The Indianapolis Star, no último ano foram registadas 462 menções televisivas a fármacos prescritos, mais do dobro das contabilizadas dois anos antes. Embora algumas possam representar propaganda financiada, o facto é que esta é uma forma discreta de marketing, principalmente para os medicamentos exclusivos.

Ao contrário do que se pensa, os produtores de medicamentos representam uma pequena parte na colocação de produtos no mercado e nem sequer se encontram entre os dez primeiros, refere a “Nielsen Product Placement”. Os dados da PQ Media indicam que as empresas pagaram 2,46 mil milhões de euros a nível global, em 2006, para colocarem os seus produtos na televisão, em filmes e noutros meios de comunicação social, o que representa um aumento de 37 por cento face ao ano anterior.

No primeiro semestre deste ano, os produtos da farmacêutica norte-americana Eli Lilly foram referidos 28 vezes nas séries televisivas e programas de TV, quase o triplo quando comparado com igual período do ano anterior. No entanto, a Eli Lilly afirma que não paga tal publicidade. “Vemo-los quando estamos em casa, sentados no sofá, como qualquer outra pessoa”, salientou Judy Kay Moore, porta-voz do laboratório. A responsável garante que não existe nenhuma parceria secreta entre a empresa e os argumentistas. “Não lhes pagamos. Se acontece é por mero acaso”, acrescenta.

Por sua vez, a Organon reconhece ter efectuado pagamentos por referências televisivas na série “Scrubs”, na qual o logótipo do contraceptivo hormonal Nuvaring (Etinilestradiol + Etonogestrel) aparece 11 vezes, a maioria delas em cartazes de fundo.

Lista dos medicamentos mais citados em programas televisivos durante 2006:

Botox (Toxina botulínica A) da Allergan - 72 vezes;
Vicodin (Hidrocodona) da Abbott - 56 vezes;
Viagra (Sildenafil) da Pfizer - 54 vezes;
Rohypnol (Flunitrazepam) da Roche - 50 vezes;
NuvaRing (Etinilestradiol + Etonogestrel) da Organon - 36 vezes;
Ritalina (Metilfenidato) da Novartis - 22 vezes;
Valium (Diazepam) da Roche - 17 vezes;
Prozac (Fluoxetina) da Lilly - 16 vezes;
Xanax (Alprazolam) da Pfizer - 14 vezes;
Cipro (ciprofloxacina) da Bayer - 12 vezes;

Programas televisivos com mais menções a fármacos de marca em 2007 (até 10 de Julho):

• “Médicos e Estagiários” (“Scrubs”) – 78
• “House” – 41
• “Anatomia de Grey” (“Grey’s Anatomy”) – 33
• “Lei e Ordem – Unidade Especial” (“Law & Order SVU”) – 25
• “Serviço de Urgência” (“ER”) – 16

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot, The Indianapolis Star.

Perda de tecido cerebral associada à doença bipolar

Os doentes bipolares sofrem de uma rápida diminuição do tamanho do cérebro, descobriram investigadores da Universidade de Edimburgo, na Escócia.

Pela primeira vez, um estudo demonstra que a doença bipolar - caracterizada por períodos de depressão e períodos de mania - está associada à diminuição de tecido cerebral, sendo que a alteração vai piorando sempre que existe uma crise.

De acordo com o site da Universidade de Edimburgo, foram examinados os cérebros de 20 doentes com perturbação bipolar e outros tantos de voluntários sem a doença. A descoberta comprovou concentração de perda de massa cinzenta em zonas do cérebro responsáveis pelo controlo da memória, reconhecimento facial e coordenação.

Andrew McIntosh, líder da investigação, afirmou à BBC que “a descoberta tem implicações não só na forma como pesquisamos a doença, mas também como será tratada. Pela primeira vez, demonstrámos que, à medida que as pessoas com doença bipolar vão envelhecendo, perdem-se pequenas parcelas do cérebro associadas à memória e coordenação de pensamentos e acções”, explicando que “a quantidade de tecido cerebral que se perde é maior em pessoas com múltiplos episódios da doença e está associada ao declínio de algumas áreas da capacidade mental.”

Recorde-se que a perturbação bipolar é caracterizada pela alternância entre períodos de depressão e euforia. Se, por um lado, os repetidos episódios podem afectar o cérebro e levar ao enfraquecimento das funções cerebrais, por outro, segundo a pesquisa, o stress e os factores genéticos provocam episódios mais frequentes e perda de cérebro.

Raquel Pacheco

Fonte: BBCNews/Netscape/Nature/site da Universidade de Edimburgo

Na sequência do processo de fusão com a Valentis
Urigen Pharmaceuticals anuncia mudanças

A Urigen Pharmaceuticals, companhia farmacêutica cuja actividade se centra no desenvolvimento de medicamentos para as desordens do aparelho urológico, anunciou ontem a concretização de mais um passo na sua bem sucedida fusão com a Valentis.

Em comunicado difundido hoje a empresa refere que adopta o nome de Urigen Pharmaceuticals e anuncia a intenção de iniciar o processo de comercialização dos medicamentos não sujeitos a receita médica produzidos nos seus laboratórios com um novo símbolo. A alteração entra em vigor imediatamente. Bill Garner, presidente da companhia, explicou que a designação Urigen Pharmaceuticals "descreve de uma forma bem conseguida a nossa missão de desenvolver fármacos com preocupações éticas para as pessoas que sofrem de distúrbios de tipo urológico".

Carla Teixeira
Fonte: Urigen Pharmaceuticals

Lucros da Aurobindo devem crescer 86% no segundo semestre

O laboratório farmacêutico indiano Aurobindo deverá registar um aumento de 86 por cento nos lucros líquidos, no período entre Abril e Junho de 2007, prevêem os analistas. Este crescimento é sustentado pelos ganhos com as taxas de juro internacionais e pela subida das vendas da penicilina-G e dos fármacos anti-HIV.

De acordo com a opinião dos analistas citados pela Reuters, a empresa deverá registar lucros líquidos superiores a 12 milhões euros (674 milhões de rupias). No que toca às receitas, o aumento deverá rondar os 22,5 por cento, para os 97,4 milhões de euros (5,37 mil milhões de rupias). Os resultados oficiais deverão ser divulgados pela empresa na terça-feira.

Marta Bilro

Fonte: Reuters

Cientistas portugueses descobrem tratamento inovador para cancro da mama

Cientistas portugueses e israelitas são responsáveis pela descoberta de uma forma para melhorar o tratamento dos casos mais agressivos de cancro da mama. O carcinoma de tipo basal, uma forma não hereditária da doença, representa 10 a 15 pode cento dos cancros da mama diagnosticados.

Conforme noticia a edição de hoje do jornal Público, as conclusões do estudo, publicado na edição on-line da revista "Nature Cell Biology", referem que os investigadores conseguiram demonstrar a forma como a molécula EGFR (sigla que, em português, significa "receptor do factor de crescimento epidérmico") se relaciona com os agressivos carcinomas de tipo basal.

"Estes resultados são muitíssimo animadores, pois mostram que estamos muito próximos de poder bloquear a capacidade metastática deste tipo de cancro e deste modo aumentar substancialmente a sobrevida dos doentes", referem os investigadores do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto (Ipatimup) e do Instituto Weizmann, de Israel. Contrariamente aos carcinomas, que possuem receptores de estrogénio, permitindo-lhes responder à terapêutica hormonal com Tamoxifeno ou Trastuzumab (Herceptin), os tumores de tipo basal não têm um alvo terapêutico.

Segundo explicou Fernando Shmitt, investigador do Ipatimup, já era conhecido que “nestes casos havia uma amplificação do EFGR”, o que faltava perceber era a forma como se relacionava com a agressividade do carcinoma. Ao estimular “o EFGR dentro da célula, a expressão da molécula chamada cten aumenta e assim aumenta também a capacidade de migração de células malignas [metástases]”, acrescentou o especialista.

Posteriormente, nos 300 doentes estudados, observaram-se grandes quantidades de cten nos cancros com metástases. Ao aplicar um tratamento com inibidores de EFGR em tumores em estado avançado verificou-se que "quando o receptor era bloqueado, a molécula cten quase desaparecia e a capacidade de metastização diminuía muito", referiu. A descoberta é principalmente importante para os casos de cancro com metástases pulmonares e cerebrais.

Marta Bilro

Fonte: Público.

Médicos em protesto contra custos de medicamento

Os médicos britânicos ameaçam administrar, aos pacientes com degenerescência macular relacionada com a idade (DMI), um medicamento que não possui autorização de comercialização com essa indicação, como forma de protesto contra o custo do fármaco licenciado e indicado para o efeito que consideram abusivo.

O preço elevado do Lucentis (ranibizumab), medicamento indicado para o tratamento da DMI, está a fazer com que alguns fundos de cuidados primários permitam aos médicos do Serviço Nacional de Saúde Britânico (NHS) utilizar pequenas doses de Avastin (Bevacizumab). Este fármaco, destinado ao tratamento de doentes com carcinoma metastizado do cólon, é frequentemente utilizado no tratamento de doenças oculares tanto nos Estados Unidos da América como no Reino Unido.

A anterior secretária da Saúde, Patricia Hewitt, fez pressão para que fossem realizados ensaios clínicos que avaliassem a actuação do Avastin no tratamento da DMI, porém os seus apelos foram ignorados. Agora o NHS está a financiar um ensaio clínico que compara directamente o Avastin e o Lucentis, ambos produzidos pela Genentech.

Este é o primeiro desafio real que o Reino Unido coloca ao elevado preço dos medicamentos estabelecido pelas empresas farmacêuticas. O crescente desconforto relativamente aos valores elevados que são cobrados pelos novos fármacos tem conduzido à eliminação ou racionamento de algumas substâncias por parte do NHS. Os laboratórios alegam que precisam de muitos milhões de dólares em vendas para recuperar os gastos com a investigação e desenvolvimento, no entanto os críticos acusam-nos de especulação.

A DMI é uma das principais causas de incapacidade nos idosos e a maior responsável pela perda de visão nos adultos. Relaciona-se com frequência ao envelhecimento e resulta de um crescimento anormal dos vasos sanguíneos sob a retina, especificamente sob o tecido coróide. À medida que progride, deixa apenas a visão periférica que mostra uma realidade desfocada. O Lucentis pode ajudar a prevenir a cegueira e a melhorar a visão mas o custo do tratamento faz com que seja apenas utilizado nos casos mais graves.

Marta Bilro

Fonte: Guardian Unlimited, Thelegraph.co.uk

Administrado directamente na placa peniana
Verapamil trava Doença de Peyronie

A injecção de verapamil directamente no pénis de homens afectados pela Doença de Peyronie poderá resultar numa diminuição de 18 por cento na curvatura do pénis e em até 60 por cento de estabilização da progressão da patologia, de acordo com dados de um novo estudo.

Descoberta no século XVIII pelo médico francês Francois Gigot de la Peyronie, que lhe deu o nome, esta é uma doença inflamatória que se caracteriza pela existência de uma zona dura nos corpos cavernosos, descrita pelos doentes como um "calo", em virtude da área fibrótica. A doença afecta 0,4 a 3,5 por cento dos homens adultos, embora haja estudos feitos post mortem que avançam números muito maiores no que toca à prevalência desta patologia. Sem causa conhecida, poderá dever-se a factores genéticos predisponentes em certos homens ou a pequenos traumatismos sofridos durante o acto sexual, que não terão sido tratados da forma mais correcta. A doença é progressiva, e em 10 por cento dos casos regride espontaneamente.
A dificuldade na concretização de relações sexuais, pelas dores que a erecção e a interacção com a parceira provocam, constitui, na grande parte dos casos, a razão por que os doentes pedem ajuda ao médico. A detecção de uma placa peniana no corpo cavernoso, que poderá ou não ser acompanhada de uma curvatura do órgão sexual masculino (que nos casos mais graves chega a impedir a penetração vaginal), é o cenário de que dão conta ao profissional de saúde, de acordo com a Associação Americana de Urologia.
Normalmente tratada com medicação oral e injecções locais durante os primeiros meses, sendo a intervenção cirúrgica o procedimento a seguir nas situações em que os fármacos não funcionam, a Doença de Peyronie poderá agora ter resposta mais rápida e adequada do ponto de vista terapêutico.Um estudo publicado no jornal «Urology» atesta que uma equipa de investigadores da Weill Medical College da Universidade de Cornell, em Nova Iorque, analisou o efeito de injecções de verapamil – um medicamento usado no tratamento de batimentos cardíacos irregulares, pressão sanguínea elevada e angina de peito – administradas directamente na placa peniana de 94 homens doentes, e concluiu que, ao fim de pouco mais de cinco semanas após terem sido tratados, 18 por cento dos doentes tinham menor curvatura do pénis e 60 por cento não verificara qualquer progressão da doença.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Reuters, ABC da Saúde, MercMedicus

ABT-560 garante pagamento à Neurosearch

A farmacêutica dinamarquesa Neurosearch recebeu da Abbott um pagamento pelo cumprimento de um objectivo no âmbito da parceria de licenciamento entre as duas empresas. O montante, que não foi especificado, refere-se ao inicio de um ensaio clínico de Fase I que envolve o ABT-560, um medicamento com potencial de tratamento de várias doenças do sistema nervoso.

Caso o fármaco chegue ao mercado, a Neurosearch deverá receber vários pagamentos por objectivos, bem como os royalties das vendas globais da Abbott referentes ao medicamento.

O laboratório norte-americano detém os direitos sobre a substância e é responsável pelo pagamento dos custos relativos ao seu desenvolvimento e comercialização.

Marta Bilro

Fonte: Forbes

Novas disposições entram em vigor nesta quarta-feira
Infarmed tem nova lei orgânica e estatutos

O primeiro dia de Agosto traz à Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) uma nova lei orgânica e novos estatutos. As novas disposições foram publicados há dias em «Diário da República», e configuram um novo ordenamento do sector, depois da conclusão do processo de regulamentação dos organismos que funcionam na dependência do Ministério da Saúde.

O Decreto-Lei n.º 269/2007, que estabelece a missão e as atribuições da agência nacional do medicamento, e a Portaria 810/2007, que vem determinar a sua nova organização interna, através da aprovação dos novos estatutos, estão conformes ao Programa de Reestruturação da Administração Central do Estado e com a Lei Orgânica do Ministério da Saúde, publicada em Outubro de 2006. Os documentos – a que o farmacia.com.pt teve acesso – estabelecem uma nova orgânica para o Infarmed, assente em "três ordens de factores: o ambiente nacional e comunitário, a necessidade de dotar o instituto público de orgânica e instrumentos que lhe permitam regular e supervisionar os sectores dos medicamentos e dos produtos de saúde, e a maior eficácia do esquema de funcionamento" do Infarmed.
Em meados do ano passado o presidente do Infarmed anunciava, numa entrevista ao «Diário Económico», uma nova lei orgânica para aquela entidade, que entraria em vigor até final de 2006. Volvido quase um ano sobre o prazo estimado por Vasco Maria, está confirmada para amanhã a concretização das novas regras da agência nacional do medicamento, que conhece também novos estatutos. Como então explicou aquele responsável, o objectivo que presidiu à "profunda reestruturação" foi o de lutar contra "alguma falta de rigor, laxismo e despreocupação que existia", devendo a nova lei orgânica “reorganizar a estrutura", no sentido de a tornar "mais ágil e horizontal”, designadamente através da criação de "um sistema de gestão de informação que facilite a interligação entre diferentes sectores".

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed, Ordem dos Farmacêuticos, Diário da República, Diário Económico
Nova direcção da OF reuniu-se com Jaime Gama
Ordem na Assembleia da República

A nova direcção nacional da Ordem dos Farmacêuticos, legitimada pelas eleições do passado dia 21 de Junho, foi recebida por Jaime Gama, presidente da Assembleia da República. A bastonária, Irene Silveira, fez-se acompanhar na deslocação ao Parlamento por dois vogais da direcção, Elisabete Faria e Pedro Barosa, e pelos líderes das secções regionais do Porto e de Coimbra, Franklim Marques e Francisco Batel Marques.

No encontro, que serviu também para as apresentações formais da nova direcção, e para o primeiro contacto dos novos representantes da classe com o poder político, foram abordados vários assuntos e clarificada a posição da Ordem relativamente a diversos aspectos, com destaque para as "preocupações" do sector face à decisão do Governo de introduzir uma nova regulamentação do regime jurídico das farmácias de oficina, cuja premissa mais polémica se prende com a abolição da reserva de propriedade das farmácias existente até aqui para os farmacêuticos.A equipa de Irene Silveira reiterou a sua oposição à liberalização do sector, preconizando a ideia de que manter a obrigatoriedade de um vínculo dos farmacêuticos à propriedade – sugerindo como mínimo os 51 por cento, um número bem acima dos actuais cinco por cento dos estabelecimentos de dispensa de medicamentos que, à luz da lei actual, têm de ser detidos por um farmacêutico –, frisando que esse aspecto serve o interesse público das populações.
A direcção da OF sugeriu ainda a adopção de "um novo instrumento legislativo que, de forma eficaz, consequente e moderna, dote o ordenamento jurídico português de disposições elementares face à actividade e ao conjunto de deveres assacáveis aos farmacêuticos".No que diz respeito à carreira, a OF alertou o líder da Assembleia da República para algo que considera "crucial" – "uma definição que valorize o contributo da intervenção farmacêutica no sistema de saúde, e em particular no âmbito das instituições prestadoras de cuidados de saúde" – e abordou ainda a proposta legislativa feita pelo grupo parlamentar do PS, visando a regulação da criação e do funcionamento de associações públicas profissionais, que a Ordem dos Farmacêuticos encara como "uma injustificada afectação dos princípios de independência e de autoregulação".

Carla Teixeira
Fonte: Ordem dos Farmacêuticos

Crucell e Wyeth Pharmaceuticals instituem parceria

O Crucell, grupo holandês de biotecnologia, estabeleceu um acordo de licenciamento exclusivo com a Wyeth Pharmaceuticals, uma divisão da farmacêutica norte-americana Wyeth, que prevê a utilização das suas tecnologias PER.C6 e Advac.

O comunicado divulgado pela Crucell não revela os detalhes envolvidos nesta parceria mas adianta que a empresa deverá receber um pagamento adiantado, pagamentos por objectivos, taxas anuais de manutenção e royalties relativos às vendas líquidas dos produtos.

Marta Bilro

Fonte: CNN Money, Hemscott.

Ranbaxy comercializa Isoptin SR no mercado norte-americano

A farmacêutica indiana Ranbaxy anunciou a comercialização do seu primeiro produto genérico autorizado no mercado norte-americano. A venda do Isoptin SR (Verapamilo) ficará a cargo a sua subsidiária Ranbaxy Pharmaceuticals Inc. depois de ter sido estabelecido um acordo com o FSC Laboratories.

“A comercialização do Isoptin SR abre portas à Ranbaxy no sector dos genéricos autorizados”, afirmou o vice-presidente e director regional da empresa na América do Norte, K Venkatachalam. Para além disso, permitirá ao laboratório melhorar a capacidade do sistema de distribuição de novos fármacos, bem como impulsionar o empenho noutras moléculas, de forma a aumentar a fiabilidade dos doentes ao tratamento, considera o responsável.

O Verapamilo é um antagonista do cálcio, que inibe a entrada das correntes transmembranosas dos iões cálcio nas células musculares lisas das artérias e do miocárdio. A substância é indicada no tratamento da hipertensão e angina.

Marta Bilro

Fonte: EquityBulls.com

AstraZeneca processa Onion por violação de patentes

A farmacêutica AstraZeneca processou o laboratório finlandês Orion Corp. por alegada infracção das patentes de produção de dois dos seus medicamentos principais.

A Onion é acusada de comercializar, no mercado finlandês, versões genéricas com 40 por cento de desconto do antipsicótico Seroquel (Quetiapina) e do Casodex (Bicalutamida), um antiandrogénio indicado em doentes com cancro da próstata avançado.

“Temos patentes válidas [destes medicamentos] ”, afirmou o director executivo da unidade finlandesa da AstraZeneca, Lasse Savonen, acrescentado que o intuito deste processo jurídico é descobrir os métodos utilizados pela Orion para produzir os fármacos.

De acordo com o jornal finlandês Helsingin Sanomat, até ao momento, o tribunal recusou todos os pedidos da AstraZeneca para impedir a venda dos fármacos e pediu mais informações à Orion.

Em 2006, as vendas do Seroquel atingiram os 20 milhões de euros, já as do Casodex não ultrapassaram os 11 milhões de euros.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Hemscott.

FDA decide futuro do Avandia

Um comité de especialistas da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) reúne hoje (30 de Julho) para analisar a segurança do Avandia (maleato de rosiglitazona). O painel de conselheiros deverá decidir se aumenta as advertências acerca da substância ou mesmo se esta deverá ser retirada do mercado. Caso a última hipótese se confirme, a GlaxoSmithKline (GSK) pode ver as suas receitas anuais reduzidas em mais de 1,7 mil milhões de euros.

O fármaco, destinado ao tratamento da diabetes, é suspeito de aumentar o risco de ataque cardíaco, alegações que surgiram depois da publicação de um estudo no “New England Journal of Medicine”. Peter Cartwright, analista do sector farmacêutico na Evolution Securities, considera que o mais provável é que seja requerida a inclusão de mais avisos no folheto informativo do medicamento.

O parecer emitido por este comité independente não será vinculante para a FDA que, por norma, acaba por seguir as suas recomendações. Caso os especialistas defendam a recolha do Avandia do mercado norte-americano, a GSK deverá sofrer uma diminuição de 6 por cento nos lucros projectados para 2008 que se aproximam do 30 mil milhões de euros, uma quebra superior a 1,7 mil milhões de euros, indicam as previsões de Cartwright. De acordo com o analista, se a FDA retirar o medicamento nos Estados Unidos da América, a GSK poderá ser obrigada a suprimir o fármaco globalmente. No entanto, a inclusão de avisos mais rígidos pode também reprimir as vendas, encorajando os médicos a prescreverem alternativas.

Os membros deste comité irão votar em dois aspectos distintos. Por um lado devem referir se acreditam que o Avandia aumenta o risco de sofrer ataques cardíacos, por outro, se os benefícios superam os riscos justificando que o medicamento se mantenha no mercado. A GSK tem vindo a preparar a defesa do Avandia e levantou várias questões acerca da metodologia utilizada no estudo publicado no “New England Journal of Medicine”. O laboratório britânico pretende ainda apresentar novos dados que, segundo afirma, comprovam que o perfil de segurança do medicamento não difere do de outras substâncias da mesma classe, como é o caso do Actos, da japonesa Takeda.

Desde o seu lançamento em 1999, mais de seis milhões de pessoas em todo o mundo já tomaram Avandia. Nos EUA, existem cerca de 20 milhões de diabéticos, quase 7 por cento da população, cujos tratamentos representam entre 10 a 15 por cento das despesas de saúde norte-americanas, referiu Larry Deeb da Associação Americana da Diabetes. “Se o número de diabéticos volta a aumentar, tal como prevemos que aconteça, o sistema de saúde irá à bancarrota”, acrescentou o responsável.

Marta Bilro

Fonte: Elmundo.es, Times Online.

Doença afecta cerca de um terço da população mundial
Nova vacina contra tuberculose em testes


A primeira vacina contra a tuberculose desenvolvida nos últimos 80 anos entrou em fase de testes clínicos, prevendo-se que, se o resultado dos ensaios for positivo, a nova imunização possa começar a ser comercializada dentro de oito anos. Peritos da Universidade de Oxford citados pela Agência ANSA alegam que o medicamento poderá salvar da morte milhões de pessoas por ano. Para a tuberculose latente há previsões de uma nova vacina em 2012.

Numa altura em que a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que um terço da população mundial esteja infectado pela doença, e que mais de dois milhões por ano não consigam, devido à tuberculose, fugir ao espectro da morte nos países em desenvolvimento, a única vacina disponível é a BCG, que apenas protege contra as variantes mais severas e não confere imunidade aos adultos. Um panorama pouco animador, a que a nova vacina, desenvolvida por Helen McShane, investigadora da Universidade de Oxford, quer pôr termo. A nova imunização actua em conjunto com a vacina BCG, utilizando uma proteína existente em todas as variantes da doença, para aumentar o número de células imunes. A cientista britânica, cujo trabalho tem sido financiado pelo Wellcome Trust, considera que a nova vacina ganha estatuto de “essencial” em virtude do aumento da resistência do bacilo causador da doença a muitos dos antibióticos usados no seu tratamento, lembrando também o cada vez maior número de infectados pela tuberculose em associação com a sida.

Tuberculose latente
Igualmente em estudo, e com a previsão de poder vir a ser aplicada aos doentes já em 2012, encontra-se a primeira vacina contra a tuberculose latente. Apesar de ser uma variante assintomática e não contagiosa da doença, já que os bacilos estão no organismo, mas não se manifestam, a tuberculose latente poderá também evoluir para a forma activa da patologia, nomeadamente nos doentes seropositivos, cujo sistema imunitário se encontra debilitado e não pode defender-se da multiplicação dos vírus. A primeira imunização para a variante latente da tuberculose encontra-se em estudo há vários anos, e de acordo com Pere-Joan Cardona, o investigador que dirige a investigação para seu o desenvolvimento, “a vacina estará pronta em 2012 e poderá ser administrada a um terço da humanidade, a população que se calcula estar infectada pelo bacilo da tuberculose”.
O desenvolvimento da chamada RUTI constitui um marco mundial, porque não há qualquer vacina terapêutica para a forma latente da tuberculose além do tratamento de nove meses à base de isoniazida, que devido à sua elevada toxicidade não é administrada a muitos dos infactados. Segundo Pere-Joan Cardona, inicialmente o tratamento está dirigido a pessoas com maiores necessidades, como seropositivos infectados pela tuberculose latente, “combinação mortal” que constitui um caso de sida, de acordo com os especialistas. “Um tratamento com antibióticos que tenha a duração de nove meses também não é fácil de seguir, nomeadamente quando não há qualquer sintoma da doença”, refere, concretizando a ideia de que, “por isso, a principal vantagem da nova vacina é o facto de ela estimular a resposta imune e de a sua administração poder reduzir para um mês o tratamento com antibióticos.

Carla Teixeira
Fonte: ANSA, Agência Lusa, Jornal Digital, AidsPortugal.com, AstraZeneca
Conquista colectiva de investigadores de vários países
Genes aumentam risco de esclerose múltipla


Vários grupos de investigadores de diversos países acabam de anunciar a mesma descoberta: a existência de factores genéticos associados ao desenvolvimento da esclerose múltipla. Os vários trabalhos, unânimes na sugestão de que haverá uma relação entre aquela e outras doenças auto-imunes, foram publicados nas revistas científicas «Nature Genetics» e «New England Journal of Medicine». Mais de 20 mil pessoas, nos Estados Unidos e na Europa, foram acompanhadas no âmbito destes estudos.

A análise do ADN daqueles pacientes permitiu confirmar que os genes do sistema imunológico são alterados nos indivíduos diagnosticados com esclerose múltipla, e destacaram os mecanismos que potencialmente desencadeiam aquela doença inflamatória, crónica e degenerativa, que se manifesta a partir da combinação de factores genéticos e ambientais. Os estudos agora divulgados foram os primeiros a incidir na análise da base genética da patologia. Os dois grupos de investigadores responsáveis pelos trabalhos apresentados na «Nature Genetics» – elementos do Centro Médico da Universidade de Vanderbilt, liderados por Jonathan Haines, e do Instituto Karolinska, na Suécia, coordenados por Jan Hillert – confluíram na aferição de que as variantes do gene IL7R (receptor de interleucina 7) são mais comuns em indivíduos com esclerose múltipla, prevendo que uma alteração nos níveis relativos das duas formas do gene possa alterar a actividade do sistema imunológico e fazer com que pessoas que tenham a variante desenvolvam mais facilmente a esclerose múltipla.
Também as pesquisas relatadas no «New England Journal of Medicine» foram ao encontro dos mesmos dados. Os cientistas da Escola Médica da Universidade de Harvard conduzidos por David Hafler confirmaram a associação entre o IL7R e a doença, através da análise dos polimorfismos de nucleotídeos únicos (pequenas diferenças na sequência de ADN que representam as variações genéticas comuns entre indivíduos). Para confirmar os resultados, a equipa norte-americana cruzou os dados com uma nova análise em diferentes famílias, em casos isolados e num grupo de controlo, combinando os dados para uma análise final, com uma amostra total de mais de 12 mil pessoas.
Salientando que esta descoberta só se tornou possível graças aos mais recentes avanços em matéria de tecnologias genómicas, os investigadores lembraram que “há mais de três décadas” buscavam a explicação para o envolvimento dos genes no desenvolvimento da esclerose múltipla, mas “essa explicação não poderia ter sido encontrada antes de o genoma humano ter sido sequenciado”, disse Hafler, ao mesmo tempo que Adrian Ivinson, responsável pelo Centro de Neurodegeneração e Reparo de Harvard, atestou que “estes estudos mostram o poder da colaboração” internacional. Já para Stephen Hauser, investigador da Universidade da Califórnia em São Francisco, “isto tudo é apenas o começo, pois a colaboração internacional já está a planear explorações ainda maiores e mais detalhadas no cenário genético da esclerose múltipla”.
A participação de vários genes no desenvolvimento desta doença tinha sido aferida nos anos 70, no sexto cromossoma. No entanto, os resultados dos trabalhos agora divulgados representam um novo grande avanço na teorização das causas daquela patologia. Nos doentes que sofrem de esclerose múltipla o sistema imunitário ataca a bainha de mielina, um dispositivo responsável pelo revestimento e isolamento das fibras nervosas. A destruição daquele mecanismo provoca uma espécie de “curto-circuito”, obstruindo a passagem do fluxo nervoso e causando problemas ao nível da motricidade, do equilíbrio, da fala e da visão. A esclerose múltipla afecta mais de um milhão de pessoas em todo o mundo. Estudos epidemiológicos apontam para a existência de cerca de 450 mil doentes só na Europa, sendo a incidência maior nos países nórdicos. Em Portugal estima-se que haja à volta de cinco mil pacientes.

Carla Teixeira
Fonte: «Nature Genetics», «New England Journal of Medicine», AFP, Jornal «O Povo», Globo Online, Último Segundo, Terra, Revista Pesquisa, Associação Nacional de Esclerose Múltipla
Estudo desmente informações anteriores
Legumes não previnem cancro da mama


Ao contrário do que até aqui vinha sendo defendido pela comunidade científica e pela classe médica, o consumo de legumes parece não ter implicação significativa no risco ou na prevenção do cancro da mama. Uma investigação agora publicado no «Journal of the American Medical Association» atesta que nem mesmo o dobro da quantidade recomendada de frutas e legumes parece influir na predisposição e no desenvolvimento daquela doença oncológica.

O estudo, levado a cabo por especialistas do Centro de Prevenção do Cancro da Universidade de Stanford, na Califórnia, acompanhou, entre 1995 e 2000, mais de três mil mulheres com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos, que depois foram seguidas pela equipa de investigadores até 2006. Todas tinham recebido tratamento a cancros da mama em estádio inicial de desenvolvimento. Metade das pacientes seguiu uma dieta rica em legumes e frutas, duplicando as quantidades recomendadas pelos médicos e reduzindo a ingestão de matérias gordas; a outra metade seguiu uma dieta normal, que incluía frutas e legumes.
Segundo avança a mais recente edição do «JAMA», os investigadores esperavam “que a duplicação da dieta recomendada de frutos e legumes, juntamente com um aumento da ingestão de fibras e a redução das gorduras fizesse uma diferença nas taxas de reaparecimento do cancro da mama”. No entanto, de acordo com Marcia Stefanick, professora de Medicina daquele centro, citada pelo jornal americano, os resultados não foram de encontro às expectativas: a taxa de reaparecimento da doença foi de cerca de 17 por cento nos dois grupos. Embora menos elevada do que os 30 por cento esperados pelos cientistas para o grupo de controlo, as taxas aferidas não revelaram qualquer diferença significativa no que toca aos efeitos da ingestão de frutas e legumes.
Informações anteriormente divulgadas suscitaram na comunidade científica e entre os médicos a convicção de que a prática de uma alimentação rica em produtos de origem vegetal, com particular incidência de frutos, legumes e leguminosas, assim como a ingestão de produtos amiláceos e cerealíferos pouco processados, a par do aumento de outros alimentos fornecedores de amido (pão, massas, batatas ou arroz), facilitariam o combate ao cancro da mama. Era recomendado às mulheres o consumo diário de 400 a 800 gramas de vegetais verdes, cenouras, tomate e citrinos, que se acreditava serem capazes de diminuir em 20 por cento o risco de desenvolvimento do cancro. Uma crença que o estudo agora divulgado veio atirar por terra…

Carla Teixeira
Fontes: JAMA, Agência Lusa, Saúde na Internet