quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Descoberta de “sensor de açúcar” no intestino poderá beneficiar o combate à diabetes

Investigadores da Universidade de Liverpool, no Reino Unido, identificaram uma molécula no intestino que consegue detectar o conteúdo doce da dieta alimentar. Até agora, os únicos receptores conhecidos dos sabores doces encontravam-se na língua. Esta investigação foi publicada na "Proceeding of the National Academy of Sciences” (PNAS).

Os investigadores descobriram que o receptor do sabor doce que sente o açúcar e adoçantes artificiais não está somente na língua, mas também no intestino. Esta descoberta deixa em aberto a possibilidade de novas abordagens para o tratamento da diabetes e da obesidade. Além disso, também poderá explicar a razão pela qual os alimentos e bebidas com edulcorantes artificiais por vezes não conseguem ajudar a reduzir o peso.

Os investigadores observaram que a absorção de açúcares no intestino é mediada por uma proteína – transportadora de açúcar – que varia a sua resposta consoante o conteúdo do açúcar das comidas. O intestino utiliza um sistema de sensores de glicose para medir as variações, mas até agora a natureza deste sistema era desconhecido.

A professora Soraya Shirazi-Beechey, uma das investigadoras, declarou que a equipa descobriu que o receptor dos sabores doces e a proteína do gosto, a gustducin, encontram-se nas células gustativas do intestino. Estas proteínas que detectam o sabor doce permitem aos humanos e aos animais detectar a glicose presente no intestino. Os investigadores descobriram que os ratos que não têm o gene destas proteínas são incapazes de processar a produção do açúcar intestinal, sendo por isso também incapazes de regular a capacidade intestinal de absorver os açúcares.

A investigadora acrescentou ainda que, surpreendentemente, também foi observado que este receptor era capaz de detectar açúcares artificiais nas comidas e nas bebidas, resultando no aumento da capacidade do intestino de absorver os açúcares. Isto pode ajudar a explicar a razão pela qual os adoçantes se revelam ineficazes a ajudar as pessoas a perder peso.

A equipa de investigação está agora a pesquisar mecanismos nos quais estes receptores poderão ser adaptados para beneficiar as pessoas com distúrbios relacionados com a dieta alimentar, como por exemplo, na diabetes, uma vez que nesta doença o nível de açúcar no sangue é mais elevado do que o normal. Para esta condição, caso fosse possível utilizar o receptor de sabor como um interruptor, poderia ser possível programá-lo de maneira a que só a quantidade apropriada de açúcar fosse absorvida pelo organismo.

Isabel Marques

Fontes: www.dmedicina.com, www.liv.ac.uk
Alerta da Sociedade Americana de Geriatria
Anti-ácidos podem acelerar degeneração cerebral


Um estudo desenvolvido por especialistas da Associação Americana de Geriatria aferiu que alguns medicamentos anti-ácidos usados e outros fármacos utilizados no tratamento da gastrite podem acelerar o processo de degeneração da actividade cerebral nos mais idosos.

A investigação, cujos resultados foram publicados na última edição da revista daquela associação, partiu do acompanhamento de 1500 afro-americanos com mais de 65 anos de idade, e analisou os efeitos da administração de vários compostos químicos usados no combate à gastrite e à úlcera péptica. De acordo com os investigadores, os cidadãos mais velhos que usavam frequentemente aquele tipo de medicamentos apresentavam uma propensão 2,5 vezes maior para apresentar problemas relacionados com as suas capacidades cognitivas. Entre os participantes deste estudo havia 275 consumidores regulares de anti-ácidos, e todos eles apresentavam problemas cerebrais em níveis considerados patológicos.
Em Dezembro uma outra investigação, desenvolvida por especialistas da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, indicou que o uso de anti-ácidos do tipo inibidores de bomba de protões poderá desencadear o enfraquecimento dos ossos, prejudicando a absorção de cálcio pelo organismo. O estudo partiu da análise dos registos médicos de cerca de 145 mil pessoas, todas residentes no Reino Unidio e com idade superior a 50 anos, tendo os investigadores descoberto que a probabilidade de sofrer de uma fractura da bacia era 44 por cento superior nas pessoas que tomavam anti-ácidos há pelo menos um ano, com tendência a aumentar nas pessoas em que esse consumo era ainda mais prolongado.

Carla Teixeira
Fonte: BBC Brasil, «Folha Online»

Obesidade pode ter origem em infecção viral

Estudo descobre gene específico no AD36 responsável pela formação das células de gordura

Responsável pelas infecções respiratórias, gastroenterites e conjuntivites, o adenovírus-36 (AD36) aparece, agora, relacionado com a obesidade. O estudo é norte-americano e foi apresentado, esta semana, durante o encontro da Sociedade Americana de Química que decorreu, em Boston. Um novo passo que poderá abrir caminho à descoberta de uma vacina.

De acordo com o «The Boston Globe», a investigação foi conduzida por investigadores da Universidade de Lousiana (EUA) e sugere que, um vírus comum - o adenovírus-36 (AD36) - é também responsável pelo contágio da obesidade. Um resultado que, para os cientistas, poderá acoplar uma outra descoberta: uma vacina ou um tratamento antiviral para combater a doença.

Segundo relataram os investigadores, o vírus transformou as células principais do tecido adiposo em células de gordura, apontando como origem do “efeito obeso”, a identificação de um gene específico (E4Orfl) no adenovírus-36.

Citada pelo jornal, Magdalena Pasarica, da equipa de Lousiana, explicou que na investigação “foram usadas células estaminais adultas de tecido de gordura de pessoas submetidas a uma lipoaspiração”, acrescentando que “metade destas células foram expostas ao vírus e, após uma semana, a maioria converteu-se em células de gordura.”

Ressalvando que o estudo não é indicativo de que “um vírus seja a única causa da doença, nem que todas as pessoas infectadas fiquem obesas”, a investigadora destacou, contudo, o resultado como sendo “prova segura de as infecções virais estão relacionadas com alguns casos.”

Anteriormente, a associação do adenovírus à obesidade já tinha sido provada em animais. Agora, os cientistas estimam que, até 30 por cento das pessoas obesas e 11 por cento de indivíduos magros possam estar infectados com o AD36.

Raquel Pacheco
Fontes: Medscape/«The Boston Globe»

Novartis adquire direitos de tecnologia de genética reversa da MedImmune

A MedImmune, unidade da farmacêutica britânica AstraZeneca, licenciou os direitos de propriedade intelectual de uma tecnologia de genética reversa à Novartis que servirá de apoio ao desenvolvimento de novas estirpes de vacinas que darão origem à produção de vacinas conta a gripe.

Os detalhes financeiros do acordo não foram divulgados pela MedImmune que disse apenas que deverá receber um pagamento adiantado, havendo também possibilidades de vir a arrecadar os royalties referentes a algumas das vacinas ou às vendas de outros produtos contra a gripe desenvolvidos através da tecnologia em causa.

A genética reversa é o método pelo qual os vírus são gerados através de segmentos de ADN. A tecnologia pode ser bastante útil no desenvolvimento de potenciais vacinas para a pandemia da gripe, uma vez que o processo não obriga os produtores a trabalharem directamente com estirpes pandémicas altamente infecciosas, estando apenas em contacto com segmentos do genoma do vírus.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch, CNN Money.

Roche volta a prolongar prazo de oferta sobre a Ventana

A farmacêutica suíça Roche prolongou, pela segunda vez, a oferta de aquisição das acções da Ventana Medical Systems. Desta feita o prazo foi alargado até ao dia 20 de Setembro. A Ventana continua a considerar que os 54,5 euros oferecidos por cada acção são “totalmente inadequados”.

Num comunicado emitido a Roche refere que, até ao momento, foram postas à disposição cerca de 13.430 das cerca de 34 milhões de acções da Ventana. A oferta pública de aquisição (OPA) foi lançada em Junho e posteriormente protelada até 23 de Agosto. O director executivo do departamento farmacêutico da Roche, William Burns, considera que a proposta é “justa”, porém afirma que a empresa está “pronta para dialogar” caso a Ventana considere que a oferta não é suficientemente elevada.

A proposta inicial, que foi considerada hostil pela empresa norte americana especialista em histopatologia, atingia os 2,2 mil milhões de euros. “Mantemo-nos fiéis à nossa posição de que a oferta da Roche é totalmente desadequada e o nosso quadro de directores continua a recomendar que os accionistas não disponibilizem nenhuma das suas acções”, refere um comunicado divulgado pela Ventana.

À margem desta decisão de adiamento, um tribunal norte-americano deu razão à Roche numa audiência preliminar proibindo a Ventana de utilizar uma lei estatal para impedir a OPA lançada pelo laboratório suíço. A farmacêutica processou a Ventana em Junho, alegando que a lei é inconstitucional.

Marta Bilro

Fonte: First Word, Reuters, Bloomberg, CNN Money, Forbes.

Euglucon e Semi-Euglucon ainda à venda nos Açores

Farmácias alegam não ter recebido qualquer notificação para recolher medicamento

Um medicamento só é retirado da prateleira das farmácias quando a Associação Nacional das Farmácias (ANF) emite uma nota informativa da decisão da Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) e, anexa a esta, a circular oficial da mesma entidade.

A explicação foi dada por um farmacêutico na sequência do avolumar de episódios de recolha de fármacos do mercado, nos últimos dias. Segundo apurou o farmacia.com.pt, um dos medicamentos que consta nesta “lista negra” do Infarmed continua à venda nos Açores: o Euglucon e Semi-Euglucon (glibenclamida)- um antidiabético oral administrado em doentes não insulino dependentes (Tipo 2).

Recentemente, o Infarmed ordenou a retirada de todos os lotes destes medicamentos para diabéticos, ressalvando, porém, que os doentes já medicados não deveriam parar com a terapêutica antidiabética “por risco de descompensação da sua diabetes.”

O certo é que, de acordo com informações avançadas pela imprensa açoriana, pelo menos, às farmácias da ilha de S.Miguel ainda não chegou qualquer notificação da ANF no sentido de recolher aquele medicamento, ou seja, desde o passado dia 14 (altura em que a nota foi emitida no site do Infarmed) que é esperada uma nota oficial.

Contactadas pela imprensa local, várias farmácias confirmaram não terem recebido o comunicado – refira-se que a nota do Infarmed foi classificada de “muito urgente” – da Associação Nacional das Farmácias, representada na ilha por Aires Raposo e, por isso, mantêm o fármaco à venda.

“Perante este grave cenário, a defesa da saúde pública, infelizmente, passa a depender de dois factores: da informação que pode chegar (ou não) ao responsável pela Farmácia através da Comunicação Social e da consciencialização que este deverá ter perante a responsabilidade do acto que lhe é inerente”, esclareceu um profissional (farmacêutico) ao farmacia.com.pt, considerando que, neste caso, “a culpa de algum incidente poderá recair na alegada falha do documento.”

Em S.Miguel - segundo denuncia a imprensa açoriana - embora não tenham sido notificadas, há farmácias que, por iniciativa própria, não comercializam o medicamento em causa, mas outras sim. É o caso da Farmácia Nossa Senhora dos Anjos, na Fajã de Baixo, e da Farmácia Vieira e Botelho, em Ponta Delgada, onde a venda do Euglucon e Semi-Euglucon está acessível a qualquer utente.

Tal como noticiou o farmacia.com.pt, a recolha voluntária do fármaco da Roche e produzido em Espanha, pela Kern Pharma – Euglucon (comprimidos, 5 mg) e Semi-Euglucon (comprimidos, 2,5 mg) - foi justificada com base numa análise que veio a detectar a “existência de resultados fora de especificações relativas aos parâmetros de dureza do produto acabado e à presença de uma impureza (a sulfonamida) associada a reacções adversas e interacções medicamentosas quando administrada em altas doses.”

Recorde-se que, na segunda nota informativa (emitida a 17 de Agosto), o Infarmed aconselhou os doentes com a diabetes “a contactar o seu médico assistente para que seja feita a substituição imediata do medicamento por outro disponível no mercado com a mesma substância activa ou outra apropriada a cada caso.”

Raquel Pacheco
Fonte: sites de imprensa - Açores/contacto telefónico/Infarmed/ANF

Efeitos secundários dos medicamentos: Médicos desvalorizam queixas dos doentes

Os médicos tendem a ignorar as queixas dos pacientes relativas a possíveis efeitos secundários relacionados com a toma de medicamentos. A conclusão resulta de um estudo que envolveu a participação de 650 doentes, aos quais foi prescrito um fármaco para o colesterol, e que, em 87 por cento dos casos, registaram sintomas adversos, como dores neurológicas ou perda de memória.

De acordo com as conclusões da investigação – a que o Farmacia.com.pt teve acesso-, durante a consulta os doentes referem a possibilidade de existir uma relação entre o fármaco e os efeitos secundários observados, porém, na maioria dos casos, os médicos tendem a desvalorizar essa hipótese, mesmo quando a bula sustenta as suspeitas dos pacientes.

“Alguns doentes referiram que o médico atribuiu os problemas relatados à idade ou à imaginação, desvalorizando a importância dos sintomas ou excluindo a possibilidade de existir uma ligação entre os sintomas e as estatinas”, refere a última edição do “Drug Safety”, um relatório que pretende avaliar a forma como os médicos reagem quando confrontados com reacções adversas provocadas pelos medicamentos.

Face à constatação dos resultados, que indicam a escassa probabilidade dos médicos relatarem os efeitos secundários dos medicamentos nestas circunstâncias, o relatório sugere que incentivar os pacientes a informar acerca dos efeitos secundários poderá ser a solução para melhorar os sistemas de avaliação das reacções adversas dos fármacos. As queixas dos pacientes seriam, neste caso, dirigidas à Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) que as poderia avaliar e endereçar ao departamento responsável.

Marta Bilro

Fonte: Pharmalot, “Physician Response to Patient Reports of Adverse Drug Effects”.

Shoppings da saúde: Grupo privado pretende convergir serviços

Projecto prevê uma Casa de Saúde por cada distrito do país

Ainda não passou do papel mas começa já a despertar o interesse de alguns profissionais do sector. A ideia consiste na criação de um espaço comum onde será possível fazer análises clínicas, radiografias, ir ao oftalmologista ou a uma consulta de clínica geral e também fazer uma refeição num restaurante, ir ao banco, à lavandaria ou mesmo ao ginásio. O conceito é aliciante e nasce da vontade de um grupo privado que pretende criar em Portugal 25 "centros comerciais da saúde" nos próximos anos.

O projecto, coordenado por Nuno Delerue, ex-deputado social-democrata, engloba todos os distritos do país e tem já entidades clínicas interessadas em ocupar metade dos espaços. "A sala de espera lúgubre desaparece", salienta o responsável, para dar lugar a um espaço apetrechado com equipamento electrónico que permite ao utente saber daí a quanto tempo terá consulta. Nesse compasso de tempo será possível deslocar-se pelo espaço envolvente e ir à farmácia, ao oculista, ao cabeleireiro ou à lavandaria.

Pretende-se desenvolver uma "loja do cidadão da saúde", refere Delerue, que rejeita a expressão shopping de saúde. Em declarações ao jornal Público, o responsável lança no ar uma questão que pretende servir de explicação ao conceito: porquê é que as pessoas vão logo às urgências? Sabem que é onde lhes fazem tudo o que é necessário num só sítio.

Na opinião de Nuno Delarue, estas Casa de Saúde não vão pôr em causa a sobrevivência dos pequenos consultórios privados, isto porque, muitos deles terão interesse em transferir-se para estes espaços. Este também não é um apelo ao consumismo clínico, defende, justificando que "não se trata de autoconsumo", já que a triagem é médica e assenta na prescrição de exame ou análises.

A pré-selecção para a criação das referidas Casas de Saúde apontou 68 concelhos como alvos principais, mas é garantida a construção de uma por distrito, mesmo nas zonas do país menos convidativas em termos económicos. O grupo estima que o número de visitantes oscile entre os dois mil e os cinco mil por dia. Espera-se que sejam criados 4865 novos empregos, excluindo as profissões de saúde, sendo que, o número de médicos poderá rondar os 100 profissionais por unidade. Os responsáveis ambicionam avançar com a primeira Casa de Saúde ainda este ano e ter prontas seis casas até 2009. Numa segunda fase, avançarão as 19.

O Grupo Sanusquali, criado em Maio deste ano especificamente para este projecto, conta com o envolvimento de vários médicos e empresários ligados ao ramo da saúde, como é o caso de José Vila Nova (Grupo Hospital da Trofa), Teófilo Leite (Casa de Saúde de Guimarães), Albano Mendonça (Hospital Internacional do Algarve) e Germano de Sousa, ex-bastonário da Ordem. O valor total, que envolve 1239 milhões de euros, ainda não está reunido e estão na mesa várias hipóteses de financiamento, referiu Delerue.

Marta Bilro

Fonte: Público

Astellas aposta em Advagraf para fazer frente aos genéricos

A Astellas Pharma está a apostar na nova fórmula do imunomodulador Prograf (Tacrolimus), o Advagraf, para proteger as vendas do medicamento no mercado norte-americano, no qual a patente está prestes a expirar. O novo imunomodulador é utilizado em pacientes adultos na prevenção da rejeição de transplantes de fígado, rim ou coração e implica apenas uma toma diária.

O presidente da farmacêutica japonesa, Masafumi Nogimori, está a aguardar aprovação das autoridades dos Estados Unidos da América para comercializar o tratamento de acção prolongada utilizado na prevenção da rejeição de órgãos em pacientes transplantados. As vendas do Prograf, cuja protecção de patente termina em 2008, renderam mais de 312 milhões de euros no trimestre que terminou em Junho.

Na opinião de Nogimori, uma versão do Prograf que implique uma única toma diária, em vez de duas, pode impedir os doentes de mudarem para um medicamento genérico. “Queremos colocar o fármaco de acção prolongada no mercado o mais rapidamente possível de forma a manter o mercado de imunossupressores que ainda detemos”, afirmou o responsável que acredita que estes doentes não deverão aderir a um genérico tão facilmente como acontece com outros fármacos porque “o transplante de órgãos é arriscado”.

O Advagraf rececebu autorização de comercialização da União Europeia a 7 de Junho de 2007. O medicamento resulta de uma combinação entre as garantias do principal agente imunossupressor, o Prograf, mediante uma fórmula que permite aos pacientes uma única toma diária.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Infarmed.

Centros de Saúde privados chegam em 2008

Está dado o primeiro passo para a criação de centros de saúde geridos por entidades privadas, sociais ou por cooperativas de médicos. Face à legislação, publicada esta quarta-feira, que os enquadra nas unidades de saúde familiar (USF), os primeiros centros de saúde geridos pelos próprios profissionais poderão surgir já no próximo ano. Os principais beneficiários são os utentes das zonas onde haja falta de clínicos.

O objectivo é colmatar a falta de médicos de família nos locais em que estes são em número insuficiente para as necessidades, refere o coordenador da Missão para a Reforma dos Cuidados Primários (MRCP), Luís Pisco, em declarações ao jornal Diário de Notícias. Até porque, as estimativas indicam que há mais de 500 mil portugueses sem médico de família, sendo que Lisboa, Porto, Braga e Setúbal são os distritos mais afectados. É aqui que deverão nascer as USF não públicas de acordo com os actuais moldes e através das candidaturas dos interessados. Resta agora esperar pela regulamentação que em breve deverá chegar ao gabinete do ministro Correia de Campos.

Em “número residual” e abstendo-se de entrar em concorrência directa com o Serviço Nacional de Saúde, estas unidades podem, por exemplo, ser compostas por cooperativas de “médicos de família que atingiram a idade da reforma”, explica Luís Pisco. Segundo garante o responsável, o sistema remuneratório será igual para o público e para o privado para que não haja fugas de médicos. Misericórdias, grupos de médicos e algumas clínicas já se mostraram interessados em abraçar a oportunidade, porém, de acordo com a lei, as autarquias vão também ter permissão para gerir as USF. Excluídos da nova legislação estão os grandes grupos de saúde.

Os utentes sem médico serão um factor determinante para a escolha dos locais onde vão ser instaladas as USF de modelo C, decisão que cabe às Administrações Regionais de Saúde.

Marta Bilro

Fonte: Diário de Notícias

Após notificações de reacções adversas hepáticas graves
Novas restrições à prescrição de lumiracoxib


O Conselho Directivo da Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed) reagiu às preocupações geradas pelas notificações recentes de efeitos adversos graves, a nível hepático, da utilização do lumiracoxib, fabricado e comercializado no mercado farmacêutico português pela Novartis Farma sob a designação de Prexige, e emitiu uma circular informativa em que impõe novas restrições à prescrição daquele fármaco.

No comunicado, datado desta quinta-feira e dirigido aos profissionais de saúde e ao público, o Infarmed informa que, “na sequência da notificação de casos raros de reacções adversas hepáticas graves, a maioria das quais associada a doses diárias superiores às autorizadas na União Europeia”, tem-se gerado uma onda de preocupação em torno da segurança do lumiracoxib. Nessa medida, entendeu a entidade reguladora nacional encetar contactos com a MHRA (agência britânica do medicamento) e outras autoridades regulamentares do sector a nível europeu, após os quais anunciou novas regras para o receituário do lumiracoxib.
Assim, e ainda de acordo com a nota – enviada ao farmácia.com.pt – o Infarmed decidiu impor uma monitorização regular da função hepática nos doentes que estejam a tomar aquele medicamento, que não deve ser usado em pacientes com hepatopatia actual, nem em pessoas que devido a antecedentes, possam estar em risco. Também a relação benefício/risco do lumiracoxib para o tratamento da osteoartrose deverá ser avaliada em maior profundidade no próximo mês, pelas autoridades regulamentares europeias, estimando-se que desse processo possa advir uma actualização das indicações terapêuticas.
No documento do Conselho Directivo do Infarmed, que vem assinado por Luísa Carvalho, vice-presidente daquele órgão de gestão, exorta-se os profissionais de saúde e os doentes que possam necessitar de mais informações sobre o assunto a contactar o Centro de Informação do Medicamento e dos Produtos de Saúde do Infarmed, através da Linha Verde do Medicamento, pelo telefone 800222444, ou por e-mail, para o endereço centro.informacao@infarmed.pt. Em alternativa, os interessados poderão optar por canalizar as suas dúvidas para o Departamento de Farmacovigilância da Autoridade Nacional do Medicamento, pelo telefone 217987140, ou por correio electrónico, para farmacovigilancia@infarmed.pt.

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed
Produtos sem registo eram comercializados na internet
Anvisa suspende venda de quatro medicamentos


A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entidade reguladora do sector do medicamento no Brasil, emitiu na última sexta-feira uma ordem de suspensão de quatro produtos fabricados por uma empresa desconhecida, que eram comercializados através de páginas electrónicas. Considerando que “quem compra na internet corre riscos”, os reguladores brasileiros advertiram os consumidores para a necessidade de mais atenção e cuidado no que diz respeito à aquisição de medicamentos.

Num despacho datado do dia 16 deste mês, mas que apenas foi tornado público no dia seguinte, a Anvisa concretiza que os quatro medicamentos em questão são o Lipostabil (fosfatidilcolina), injectável utilizado ilegalmente em tratamentos estéticos, o Winstrol e o Nabolic Strong (ambos têm como princípio activo o stanozolol) e o Deca Vet (substância activa desconhecida). Nenhum tem registro naquela autoridade brasileira, pelo que a sua venda online estaria a ser feita de forma ilegal. Num comunicado da assessoria da Anvisa é dito aos utentes que devem observar sempre atentamente as embalagens dos fármacos que adquirem, no sentido de aferir se ela ostenta o número de registo. Caso se suspeite da proveniência do produto, o consumidor deve accionar o departamento de vigilância sanitária.
A Anvisa refere ainda que “o consumidor deve tomar cuidado com compras feitas pela internet”, garantindo que “o baixo custo e a facilidade de acesso têm como contrapartida a insegurança quanto à qualidade dos medicamentos adquiridos”. Nas compras online, continua a nota, é impossível saber a proveniência do medicamento, bem como se o seu armazenamento foi feito nas condições ideais, não sendo igualmente possível obter os esclarecimentos adicionais que um farmacêutico pode sempre fornecer, ou pedir a troca, no caso de o produto apresentar qualquer anomalia. “O utente perde todos os direitos legais”, destacam os reguladores brasileiros.

Carla Teixeira
Fonte: Anvisa
Brasmed fabrica medicamentos fitoterápicos
Bio Redux em lata com sistema de vácuo


A Brasmed, companhia que produz medicamentos fitoterápicos e desde 1999 actua no sector de produção e comercialização de produtos nutricêuticos e alimentos funcionais, acaba de lançar uma nova embalagem do Bio Redux, um composto à base de vitaminas e minerais, em latas de aço com sistema vácuo.

A nova embalagem permite uma mais eficaz conservação do aroma e das propriedades organolépticas do Bio Redux. Para criar a condição de vácuo, a nova versão, concebida de acordo com um design da própria empresa, recorreu à utilização de um vedante que já tem sido usado em embalagens de alimentos e bebidas, e que consegue garantir um encerramento hermético e o vácuo residual. Actualmente a Brasmed centraliza a sua actividade na produção e na comercialização de nutricêuticos e alimentos funcionais, e desde 2004 investe na produção de medicamentos fitoterápicos.

Carla Teixeira
Fonte: Brasmed, EmbalagemMarca

Eli Lilly tenta aprovação do Cymbalta para a fibromialgia

A Eli Lilly apresentou um pedido à FDA para a aprovação do antidepressivo Cymbalta (duloxetina) para o controlo da fibromialgia, uma doença ainda pouco conhecida que provoca dores e fadiga debilitantes. Os resultados de estudos demonstraram que o Cymbalta ajudou a reduzir a dor nos pacientes com esta doença, em comparação com os que receberam o placebo.

No estudo que envolveu 874 pacientes com fibromialgia, com ou sem depressão, aqueles a quem foi administrado o Cymbalta apresentaram uma maior redução da intensidade da dor, após uma semana desde o início do tratamento, em comparação com aqueles que receberam o placebo. Passados três meses, os pacientes que receberam o fármaco tiveram um aumento significativo da redução da dor, em comparação com os pacientes do grupo de controlo. Em seis meses, o Cymbalta reduziu a dor crónica para metade em 33 a 36 por cento dos pacientes, em comparação com os 22 por cento que tomaram o placebo. Estes dados foram apresentados no Congresso da International MYOPAIN Society, no dia 21 de Agosto de 2007.

O Cymbalta, que atingiu vendas de 1,3 mil milhões de dólares em 2006, está actualmente aprovado nos Estados Unidos para adultos com doença depressiva grave, perturbação de ansiedade generalizada, e neuropatia periférica diabética dolorosa. O fármaco pertence à família dos inibidores da recaptação da serotonina e da noradrenalina (SNRIs), que actuam em dois químicos do cérebro para atenuar a depressão. A Eli Lilly também está a investigar as possibilidades de utilizar o Cymbalta como tratamento para dor de costas e artrite.

Os pacientes com fibromialgia podem ter dor crónica, confusão mental e rigidez matinal, e serem incapazes de realizar as actividades quotidianas normalmente. Esta doença afecta dois a oito por cento da população adulta dependendo dos países, e a maioria dos casos, entre 80 a 90 por cento, são diagnosticados em mulheres com idade entre os 30 e os 50 anos. Apesar de não haver estatísticas rigorosas para Portugal, estima-se que cinco a seis por cento da população sofra da doença, com predominância nas mulheres acima dos 40 anos.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, www.apdf.com.pt
Dados do Observatório do Medicamento do Infarmed
Consumo de genéricos aumentou em Portugal


O mais recente relatório do Observatório da Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde revelou que a quota de mercado dos genéricos se encontra em linha ascendente no nosso país. Durante os primeiros sete meses deste ano os portugueses consumiram mais medicamentos sem marca comercial. Só o mês de Julho representou uma subida da quota de mercado para os 18,34 por cento, cenário que coloca o sector farmacêutico português no bom caminho para o cumprimento do objectivo traçado pelo Infarmed para 2008: uma franja de 20 por cento do mercado.

Entre Janeiro e Julho, de acordo com os números do relatório, avançados na edição de hoje do «Correio da Manhã», a quota de mercado dos medicamentos genéricos cifrou-se nos 17,75 por cento, que corresponde a mais de 340 milhões de euros. No período homólogo de 2006 a quota de mercado daqueles fármacos era de 14,91 por cento, com quase 274 milhões de euros resultantes da sua comercialização. Em 2006 o mercado total de medicamentos foi de três mil milhões de euros, tendo-se registado, entre Janeiro e Março, face ao período homólogo, um crescimento de 3,9 pontos percentuais. À luz do relatório agora divulgado, há pelo menos 10 substâncias activas em que os genéricos são responsáveis por mais de 60 por cento das vendas.
A lista divulgada pelo Infarmed refere que o citalopram (antidepressivo), o omeprazol (problemas digestivos) e a ciprofloxacina (antibiótico) conseguiram ultrapassar os medicamentos de marca. Por outro lado, a glimepirida (diabetes), a isotretinoína (acne), a sinvastatina (colesterol), a fluoxetina (antidepressivo), a flutamida (cancro da próstata), o ácido alendrónico (osteoporose) e a sertralina (antidepressivo) vendem mais de 60 por cento em relação aos fármacos de marca. Para o próximo ano, e de acordo com informações avançadas por Vasco Maria, líder da entidade reguladora nacional, o Infarmed traçou uma meta que prevê atingir uma quota de mercado de 20 por cento.

Carla Teixeira
Fonte: «Correio da Manhã», Infarmed, Agência Lusa, RTP

FDA concede designação de medicamento órfão ao MGCD0103 para o Linfoma de Hodgkin

A FDA concedeu a designação de medicamento órfão ao inibidor da histona deacetilase (HDAC), o MGCD0103, da MethylGene Inc. e da Pharmion Corporation, para o tratamento do Linfoma de Hodgkin nos Estados Unidos.

Os dados preliminares do ensaio clínico de Fase II do MGCD0103 em monoterapia, em pacientes com Linfoma de Hodgkin refractário ou que tiveram uma recaída, foram apresentados, em Junho, no Congresso Anual de 2007 da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO), e foram incluídos no pedido para a designação de medicamento órfão.

Os dados demonstraram uma taxa objectiva de resposta completa mais resposta parcial de 40 por cento, e uma taxa de controlo da doença de 45 por cento numa população de 20 pacientes avaliáveis que tiveram uma recaída ou eram refractários a todos os tratamentos anteriores, incluindo, na maioria dos casos, o transplante de medula óssea. Na lista de efeitos secundários mais comuns constam problemas gastrointestinais e fadiga; uma alteração da dosagem foi eficaz em muitos dos pacientes com estes efeitos adversos.

Os critérios para a obtenção da designação de medicamento órfão requerem que o produto se destine ao tratamento de uma doença que afecte menos de 200 000 pessoas nos Estados Unidos, e o pedido deve incluir uma base de sustentação para a utilização em doenças raras.

Esta designação permite incentivos especiais para patrocinadores que planeiem testar o produto para ser utilizado em doenças raras. Estes incentivos incluem benefícios fiscais, concessão de financiamentos para investigação e desenvolvimento, e redução das taxas de candidatura durante o desenvolvimento ou na altura do pedido de aplicação para aprovação de comercialização. Uma vez aprovado, o produto pode preencher as condições necessárias para deter sete anos de exclusividade na comercialização nos Estados Unidos.

O MGCD0103 é um fármaco de administração oral inibidor da histona deacetilase (HDAC). O composto está actualmente em dois ensaios clínicos de Fase I/II, em combinação com o Vidaza para doenças hematológicas e com o Gemzar em tumores sólidos, e em quatro ensaios clínicos de monoterapia de Fase II em doenças hematológicas.

Linfoma de Hodgkin

O Linfoma de Hodgkin é um tipo de cancro do sistema linfático que começa nos nódulos linfáticos e que progride para outros órgãos, incluindo os pulmões, fígado, ossos e medula óssea, e caracteriza-se pela presença de células de Reed-Sternberg.

Actualmente, desconhece-se a causa desta doença, mas têm sido identificadas alterações epigenéticas, incluindo acetilação das histonas. Adicionalmente, o vírus de Epstein-Barr, o VIH e antecedentes familiares são factores de risco conhecidos. A doença é ligeiramente mais prevalente nos homens do que nas mulheres, e a idade em que, em média, a doença é diagnosticada é de 38 anos.

Isabel Marques

Fontes: Pharmalive

FDA aprova utilização de Risperdal em crianças com esquizofrenia e mania bipolar

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) aprovou a utilização pediátrica do Risperdal (Risperidona) como tratamento de primeira linha em adolescentes com esquizofrenia e em crianças e adolescentes que sofrem de mania bipolar.

De acordo com as novas indicações da entidade reguladora norte-americana, o fármaco pode ser administrado a adolescentes com esquizofrenia com idades entre os 13 e os 17 anos, e em doentes com mania bipolar entre os 10 e os 17 anos de idade.

O Risperdal, produzido pela farmacêutica Johnson & Johnson, era já utilizado no tratamento de doentes adultos que sofrem de esquizofrenia. Até ao momento, os adolescentes portadores de mania bipolar tinham apenas disponível uma terapia que consistia na ingestão de lítio.

Os dados da IMS Health colocam o Risperdal no terceiro lugar da tabela dos anti-psicóticos mais comercializados a nível mundial, com vendas que se aproximaram dos 1,7 mil milhões de euros em 2005.

A esquizofrenia é uma perturbação mental grave caracterizada por uma perda de contacto com a realidade (psicose), alucinações, delírios, pensamento anormal e alteração do funcionamento social e laboral. O início da doença é geralmente precoce, afectando jovens entre os 16 e 25 anos de idade. Pode, contudo, aparecer mais tarde, mas é muito raro que ocorra antes dos 10 anos ou após os 50 anos de idade. A doença é muito comum em todo o mundo, afectando cerca de 1 por cento da população adulta.

A perturbação bipolar é, vulgarmente, designada como uma perturbação maníaco-depressiva. A doença que manifesta-se através de alterações opostas do estado de humor que alternam entre a euforia e a depressão, intervalando com períodos normais e de relativa estabilidade. Devido à sua imprevisível natureza, a perturbação bipolar tem um impacto significativo nos doentes e na vida dos seus familiares. Estima-se que entre 25 a 50 por cento dos doentes com perturbação bipolar tentam o suicídio, sendo que em 10 a 20 por cento as tentativas são bem sucedidas. A doença afecta entre 1,3 e 1,6 por cento da população mundial, sendo mulheres e homens igualmente afectados. Na maior parte dos casos, a doença é diagnosticada entre o grupo dos jovens adultos.

Marta Bilro

Fonte: TheStreet.com, Forbes, Manual Merck, Associação e Educação e Apoio na Esquizofrenia. Médicos de Portugal.