sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Penteado “rasta” pode provocar alopecia, diz estudo

A utilização prolongada de um penteado ao estilo “rasta”, caracterizado por canudos fortes, que não são escovados ou penteados, pode causar uma queda permanente de cabelo. O alerta é dado por um estudo publicado na última edição do “British Journal of Dermatology”.

O cabelo muito esticado para formar o “rabo-de-cavalo” pode também ter as mesmas consequências, revela a investigação que envolveu perto de dois mil alunos e adolescentes na África do Sul. O estudo demonstrou que uma em cada sete estudantes e um terço das mulheres sofrem de alopecia por tracção, perda de cabelo em algumas regiões da cabeça.

O estiramento excessivo e prolongado do cabelo é apontado pelos dermatologistas como o principal responsável. As conclusões referem que parece haver uma maior incidência de alopecia entre as meninas africanas que alisaram o cabelo com produtos químicos para fazer “rabos-de-cavalo”. As mulheres adultas, que se submetem a alisamentos químicos ou fazem tranças no cabelo, em vez de deixá-lo crescer naturalmente, são igualmente mais afectadas pela queda de cabelo.

A alopecia androgenética, frequentemente denominada calvície, é uma situação frequente que, em situações normais, afecta ambos os sexos. Nas mulheres, a progressão da idade pode dar origem a uma diminuição de espessura do cabelo de forma difusa e que se traduz por falta de volume. Embora as mulheres praticamente nunca fiquem calvas, estes fenómenos são mais aparentes após a menopausa.

Já no caso dos homens a situação muda de figura. A alopecia androgenética afecta cerca de 40 por cento da população masculina entre os 18 e os 40 anos. Após os 80, a percentagem sobe para os 90 por cento. Factores hereditários, hormonas sexuais masculinas e idade, são os três factores condicionantes principais.

As opções de tratamento farmacoterapêutico incluem a utilização de Minoxidil, com eficácia em 25 a 30 por cento dos utilizadores; ou de Finasteride, que inibe a transformação da hormona sexual masculina (testosterona) no seu produto activo, anulando assim o efeito negativo junto do folículo piloso.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Infarmed, ABC da Saúde.

Governo: Base de dados de utentes do SNS pronta até ao final do ano

A base de dados dos utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) deverá estar concluída até ao final do ano, garantiu o coordenador da Missão para os Cuidados Primários do Ministério da Saúde, Luís Pisco, em declarações à Rádio Renascença.

De acordo com o responsável, apesar das estimativas referirem que o número de utentes sem médico de família se aproxima dos 500 mil, o Governo pretende saber exactamente quantas pessoas estão nesta condição.

Conforme explicou Luís Pisco, “até há algum tempo era possível uma pessoa ter cartões diferentes em várias regiões do país e estar inscrito em vários locais”, daí importância da base de dados.

«Quando tivermos uma base de dados única – e esse é um trabalho que está muito adiantado – poderemos ter a noção exacta de quantas são as pessoas e onde. Então, será mais fácil planificar e dar médico de família a quem dele tem necessidade», acrescentou.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital.

Identificado gene relacionado ao comportamento obsessivo-compulsivo em ratos

Dois bioquímicos portugueses estiveram envolvidos na investigação

Uma equipa de cientistas conseguiu curar quase na totalidade um grupo de ratos de laboratório com Transtornos Obsessivos Compulsivos (TOC), que se arranhavam a ponto de arrancar o pêlo e a pele. De acordo com os resultados da investigação, divulgados pela revista “Nature”, o sucesso foi atingido depois de lhes ser injectado um gene que lhes faltava. Cátia Feliciano e João Peça, dois bioquímicos portugueses, estiveram envolvidos na pesquisa.

O estudo, conduzido por Jeffrey Welch e Guoping Feng, da Universidade Duke, na Carolina do Norte, foi realizado com roedores aos quais se retirou previamente o gene 'Sapap3', através de manipulação genética. Nos humanos doentes com TOC são observadas lesões ou diferenças de funcionamento numa zona do cérebro chamada 'estriado', local onde abunda a proteína produzida por este gene. Ao apagarem a proteína nos ratos, os cientistas descobriram que, passados alguns meses, os animais se arranhavam compulsivamente. Por sua vez, depois de lhes ter sido injectado o gene em falta, a maioria de ratos não desenvolveu a doença.

Os investigadores acreditam que o trabalho “sugere novas estratégias terapêuticas”. O Transtorno obsessivo-compulsivo consiste na combinação de obsessões e compulsões. Pensamentos recorrentes insistentes que se caracterizam por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole do paciente. Entre os sintomas compulsivos mais comuns está a obsessão da limpeza, da simetria, e das dúvidas e medos irracionais. Lavar-se para se descontaminar, repetir determinados gestos, verificar se as coisas estão como deveriam, porta trancada, gás desligado, contar objectos, ordená-los ou arrumá-los de uma determinada maneira, são atitudes comuns entre os 2 por cento da população mundial afectada pelos TOC.

O paciente perde o controlo sobre os pensamentos e, muitas vezes, passa a praticar actos que, por serem repetitivos, tornam-se rituais. Muitas vezes têm a finalidade de prevenir ou aliviar a tensão causada pelos pensamentos obsessivos. Estes gestos repetitivos que o paciente não consegue evitar são chamados «compulsivos». O tratamento usual, que consiste na terapia comportamental associada a anti-depressivos é ineficaz em um terço dos casos.

O TOC é classificado como um transtorno de ansiedade pela forte tensão que é comum surgir quando o paciente é impedido de realizar os seus rituais. O facto do comportamento dos roedores do estudo e da sua ansiedade apresentar muitas semelhanças com o comportamento obsessivo-compulsivo humano, poderá servir aos investigadores como um modelo animal sobre estes problemas.

Porém, “nada permite afirmar que os TOC humanos estão ligados a este gene”, porque eles não são uniformes e revelam elementos complexos, implicando provavelmente muitos genes, adverte o neurobiologista norte-americano Steven Hyman, da Universidade de Harvard. Para além disso, destaca o especialista, “é extremamente pouco provável que modelos animais possam integrar os problemas psiquiátricos humanos na sua totalidade”.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Diário Digital, Ciência Hoje, Psicoterapia.

Cadeia francesa retirou produto do mercado colombiano
Dietilenglocol em pasta dentrífica do Carrefour


A cadeia de supermercados francesa Carrefour anunciou a retirada do mercado colombiano da sua pasta de dentes de marca branca, cuja composição inclui dietilenglocol, a substância tóxica que, como o farmacia.com.pt oportunamente noticiou, esteve na base da recente recolha do mercado nacional de diversas pastas dentríficas, e cuja utilização pode mesmo provocar a morte.

O produto agora retirado na Colômbia tem marca Carrefour, mas é importado da China, de acordo com informações avançadas pela porta-voz da multinacional na Colombia, Jimena Botero, que garantiu ter sido a própria empresa a informar as autoridades competentes de que aquele ingrediente fazia parte da composição da sua pasta de dentes. Depois dos recentes escândalos em Espanha, onde mais de uma dezena de marcas de pastas dentríficas foi retirada do mercado, e depois de o Infarmed ter também levado à recolha de alguns exemplares, esta é a primeira vez que a marca Carrefour é envolvida no processo.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

Medicamentos e embalagens: O peso da aparência na escolha dos consumidores

As embalagens dos medicamentos e a forma como são apresentados os comprimidos e xaropes tem cada vez mais importância na promoção da marca junto dos consumidores. Embora existam casos em que a funcionalidade superou a aparência, a estética é visivelmente uma peça importante no jogo de marketing das empresas.

Os produtores têm vindo a aperceber-se que podem apostar na construção da credibilidade dos fármacos, bem como na relação entre o utente e o produto se estes poderem vê-lo. “Os pacientes adoram ver o produto que estão a consumir. Por isso, as cápsulas transparentes com partes coloridas no interior não são apenas atractivas mas também transmitem mais confiança”, refere Gauri Chaudhari, consultora de marcas da empresa indiana FCB-Ulka Healthcare. Conforme explica a responsável em declarações ao Express Pharma, “um xarope num frasco transparente é preferível a um num frasco âmbar”, o mesmo acontece com as carteiras blister transparentes que agradam mais os consumidores do que as de alumínio. De acordo com Chaudhari, as empresas farmacêuticas estão a responder a esta necessidade, abstendo-se de “esconder os medicamentos por trás de carteiras opacas”.

Em termos de posicionamento do produto há muita coisa que pode ser feita, visto que a embalagem é a imagem de marca da farmacêutica. “Há uma marca que está a ser comercializada numa categoria particular e algumas anfitriãs que se limitam a imitar o formato de embalagem e provavelmente a cor da carteira blister da marca líder”, afirma Avinash Mandale, vice-presidente do departamento de soluções inovadoras da Bilcare Resear. Porém, acrescenta, “não se pode considerá-los produtos contrafeitos ou copiados porque são produtos genuínos produzidos por empresas reputadas com licença própria de produção”.

A intenção destas empresas é competir com a marca líder que já existe há alguns anos, o que, por vezes, acaba por afectar significativamente as vendas da marca principal. Nesse sentido, é urgente que as embalagens dos produtos se tornem muito originais para que não possam ser copiadas por ninguém.

Para além disso, é preciso ter em conta os diferentes grupos de pacientes, de acordo com a idade, o estilo de vida e a sua condição física, que implicam diferentes soluções de embalagens. O caso dos pacientes com artrite é um bom exemplo. Nos Estados Unidos da América o Tylenol (Paracetamol) é comercializado com uma embalagem especial destinada aos doentes com artrite. Este tipo de iniciativas torna a utilização dos medicamentos mais fácil e funcional mas também afecta a vida emocional dos doentes, considera Chaudhari.

A caneta de insulina NovoPen, produzida pela Novo Nordisk, é outro dos casos que deve ser mencionado. Os diabéticos que dependem de uma terapia de insulina podem ter necessidade de transportar a medicação para todo o lado, algo que se torna mais fácil com a Novopen que lhes permite levar consigo a dosagem necessária através de algo que aparenta ser uma simples caneta.

Para combater as cópias há também quem tenha apostado nos hologramas. Ainda assim, essa parece não ser uma solução muito eficaz. Por um lado, não é fácil para um paciente distinguir uma embalagem de um medicamento específico através de um holograma e, por outro, não se pode publicitar um fármaco sujeito a receita médica e dizer aos doentes para estarem atentos ao holograma na altura de o comprarem.

Assim, é preciso puxar pela imaginação e oferecer novas soluções. O design parece estar incluído neste rol de inovações, bem como os materiais utilizados na produção das embalagens. “Os desafios tendem a tornar-se cada vez mais significativos em termos de pressão competitiva”, salienta Mandale. “A competição é muito elevada, por isso, vai haver uma luta constante para diferenciar um produto particular de forma a assegurar a continuação da utilização da terapia”, conclui o mesmo responsável.

Marta Bilro

Fonte: Express Pharma.

Gene Logic celebra acordo de desenvolvimento com a Merck Serono

A Gene Logic Inc estabeleceu um acordo com a Merck Serono, uma divisão da farmacêutica alemã Merck KGaA, que visa a procura de alternativas para o desenvolvimento de vários candidatos a fármacos da Merck Serono.

Os candidatos a medicamentos envolvidos no contrato foram descontinuados ou desprovidos de prioridade nos ensaios clínicos por motivos que ultrapassam a questão da segurança, afirmou a Gene Logic num comunicado emitido.

Segundo os termos do acordo, a Gene Logic poderá vir a receber pagamentos futuros relativos ao cumprimento de objectivos, bem como royalties. Os pormenores financeiros não foram divulgados.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Canadian Business.

UE aprova Avastin no tratamento da forma mais comum de cancro do pulmão

A União Europeia aprovou a utilização do Avastin (Bevacizumab), da farmacêutica suíça Roche, como tratamento de primeira linha em pacientes com cancro do pulmão de não pequenas células em estado avançado, em associação com quimioterapia à base de platina.

O Avastin é o primeiro de uma classe de fármacos cuja actuação se baseia em privar os tumores do sangue e nutrientes. As vendas do medicamento, a nível global, renderam mais de 1,8 mil milhões de euros em 2006.

O cancro do pulmão de não pequenas células em estado avançado é a forma mais comum de cancro do pulmão, responsável pela morte de mais de três mil pessoas por dia em todo o mundo.

O Comité de Especialidades Farmacêuticas para Uso Humano da Agência Europeia do Medicamento (CHMP) tinha emitido, em Julho, uma avaliação positiva sobre o medicamento, na sequência de dois estudos aprofundados que deram conta da sua eficácia no tratamento destes doentes.

De acordo com as conclusões da investigação, o fármaco mostrou ter capacidade para prolongar a vida dos pacientes, cuja expectativa de sobrevivência ao diagnóstico era, originariamente, de apenas oito a dez meses.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Forbes.

REPORTAGEM

Farmadrive permite comprar medicamentos dentro do carro
Portugal na vanguarda da dispensa de fármacos


Ainda não é um cenário comum em Portugal, mas já há alguns estabelecimentos de dispensa de medicamentos em território nacional dotados de um sistema que permite ao doente dirigir-se à farmácia e, sem sair do carro, ao estilo dos velhos cinemas “drive in” ou dos mais recentes restaurantes de “fast-food”, proceder à compra dos fármacos de que necessita sem sair do carro. O conceito Farmadrive começa a ser uma realidade...

Lisboa, Cascais, Braga e mais recentemente Vila Nova de Gaia (onde funciona a maior farmácia do nosso país, com uma área de cerca de 600 metros quadrados) e Coimbra são as cinco cidades portuguesas que, segundo conseguiu apurar o farmacia.com.pt, já se encontram servidas por um dos mais modernos sistemas de atendimento ao público. Na Farmácia da Liga das Associações de Socorros Mútuos de Gaia, a vanguarda atinge um ponto ainda mais elevado, permitindo a disponibilização dos produtos ao utente através do sistema ProLog, que consiste num automatismo que distribui os medicamentos pedidos ao balcão pelos vários farmacêuticos de serviço, encaminhando-os para uma caixa, de onde passam, sem a intervenção dos profissionais, para um tapete rolante que se encarrega de os levar até junto de quem os pediu.
A inovação liberta os farmacêuticos para um atendimento mais personalizado dos seus clientes, tendo o ProLog tornado exequível também o Farmadrive, um posto de recepção das encomendas localizado num ponto de contacto com o exterior, quase sempre nas traseiras do estabelecimento, onde o utente pode dirigir-se de automóvel e, sem necessidade de sair da viatura, apresentar o receituário e ver a sua pretensão atendida. A modernidade parece ser a palavra de ordem no sector farmacêutico, tendo a Associação Nacional de Farmácias apostado na inovação daqueles espaços como forma de os promover enquanto locais de saúde. A ideia do Farmadrive não difere muito da utilizada já em várias cadeias de “fast-food”: o utente dirige-se de carro a um guiché, onde entrega a lista de produtos que quer adquirir, e depois é atendido como se estivesse ao balcão de um estabelecimento de farmácia tradicional.

Carla Teixeira
Fonte: Farmácia da Liga, «Jornal de Notícias», «O Primeiro de Janeiro», Associação Nacional de Farmácias

REPORTAGEM

Publicidade a medicamentos: um universo muito específico
“O mais vigiado dos produtos de consumo”


A norte-americana Food and Drug Administration, que regula o sector do medicamento e dos produtos de saúde nos Estados Unidos, anunciou há dias a intenção de monitorizar e analisar o impacto dos anúncios publicitários a medicamentos transmitidos diariamente nas estações de televisão locais. Na reacção a essa notícia o farmacia.com.pt foi saber qual a realidade deste tipo de publicidade em Portugal e que grandes preocupações têm os especialistas. Beja Santos, assessor principal do Instituto do Consumidor e autor do livro «Este consumo que nos consome», responde.

Definida como “qualquer forma de comunicação, informação ou incentivo que, directa ou indirectamente, promova a prescrição, dispensa, venda, aquisição ou consumo” de certo medicamento, a publicidade àquele tipo de produtos viu o seu quadro alterado em 2001, quando decorria o processo de aprovação do Código Comunitário relativo a fármacos de uso humano. Nessa altura a Comissão Europeia decidiu autorizar a comunicação directa entre laboratórios e doentes, gerando uma onda de contestação sem precedentes. Para Beja Santos, a definição aprovada por Bruxelas encerra “um equívoco”, porque “mistura no mesmo conceito a comunicação publicitária, a comunicação comercial destinada aos profissionais de saúde e as mensagens direccionadas para públicos diferenciados. Está-se a pedir o impossível a esta publicidade”, explica o assessor principal do Instituto do Consumidor, que foi também vice-presidente do Conselho Consultivo de Consumidores e director da Associação Europeia de Consumidores.
No que diz respeito especificamente à publicidade a medicamentos não prescritos pelo médico, Beja Santos considera que estará ainda por demonstrar a sua utilidade para a saúde pública ou para uma melhor informação dos consumidores/doentes. É imperativo, na sua opinião, “proceder a um estudo rigoroso e independente que permita avaliar os reais benefícios desta comunicação, conhecer também os seus efeitos danosos e actuar em conformidade”, designadamente através da consulta de peritos em comunicação, a fim de saber se é desejável continuar a manter no mesmo conceito e âmbito formas de comunicação como a publicidade e o marketing farmacêutico, e tentando aferir quais os mecanismos mais interessantes para proceder à sua demarcação. Outra falha grave do nosso ordenamento jurídico nesta matéria consiste, avisa o autor de «Este consumo que nos consome», na não existência de um enquadramento legal que permita a proibição da publicidade a fármacos não autorizados, embora a legislação europeia preveja uma interdição para os anúncios a medicamentos a que ainda não tenha sido concedida uma Autorização de Introdução no Mercado.
Tal como o Parlamento Europeu argumentou já, ao chumbar a possibilidade de contacto directo entre laboratórios e doentes – “uma porta aberta para a publicidade directa, que agravaria em espiral os consumos e o número de doentes incorrectamente medicados –, Beja Santos considera essencial que haja fontes de “informação precisa, compreensível e fiável sobre tratamentos e usos dos medicamentos”, sendo desejável o fomento de estruturas de informação independentes que contem com a colaboração de profissionais de saúde, laboratórios e representantes dos consumidores e doentes, trabalhando em cooperação com a Autoridade Nacional do Medicamento”. Porque “o medicamento não é um bem de consumo como os outros”, o seu consumo “pode tornar-se perigoso para o consumidor, quer seja pela sua nocividade intrínseca, quer pela sua má utilização”. Por isso, e porque nenhum outro produto é tão mediático (por fomentar terror e esperança), os fármacos têm de ser “espartilhados por tantas medidas de autorização, controlo e acompanhamento, pautadas por grande rigor e severidade”.

Papel do farmacêutico
Nos folhetos informativos destinados aos doentes, e que Beja Santos considera terem sofrido uma importante melhoria em Portugal ao longo dos últimos anos, importa haver dados actualizados e explicados de forma acessível sobre as características e correctas aplicações dos medicamentos, os seus potenciais efeitos secundários adversos, o que é e como se manifesta uma eventual intolerância, o que fazer caso isso aconteça, definir a alergia que um determinado produto possa causar, o que é a forma farmacêutica, como o mesmo medicamento pode actuar de formas diversas em pessoas diferentes (pelo que não será indicada a automedicação com recurso a fármacos de um amigo ou familiar), e o que é a farmacovigilância, tendo em conta que o uso de medicamentos pressupõe sempre algum tipo de riscos, nomeadamente em termos de interacções com alimentos ou outros compostos químicos.
Beja Santos defende que “o medicamento é o mais vigiado dos bens de consumo”, mas avisa que “não há medicamentos inofensivos”, e nessa medida salienta a importância do diálogo entre o doente e o farmacêutico, devendo este tentar sempre co-responsabilizar o primeiro em matéria de utilização racional dos fármacos e de combate à tendência para a automedicação, que encerra riscos concretos, como a má avaliação dos sintomas e a incorrecta dosagem dos medicamentos. Questões em que a actuação do profissional de Farmácia deverá ser tida como relevante, devendo fomentar-se sempre o diálogo em tom explicativo. Conselhos de um especialista para evitar as consequências nefastas de um fenómeno crescente, em Portugal e no mundo.

Carla Teixeira
Fonte: «Este consumo que nos consome» (Editora Campo das Letras)

Índia pode tornar-se um dos dez maiores mercados farmacêuticos até 2015

O mercado farmacêutico da Índia deverá triplicar até 2015, atingindo os 20 mil milhões de dólares, de acordo com um relatório da firma de consultadoria McKinsey & Co. Este relatório prevê que a Índia irá sofrer uma transformação significativa, de modo a tornar-se num dos dez mercados farmacêuticos mais importantes do mundo, nos próximos dez anos.

O crescimento do mercado farmacêutico na Índia, que poderá expandir-se a um ritmo de mais de 12 por cento por ano, irá dever-se a uma economia em rápido crescimento, a melhores infra-estruturas médicas, a um fortalecimento dos seguros de saúde, assim como a um aumento das doenças relacionadas com o estilo de vida, como a obesidade, levando ao aumento de doenças crónicas. Além disso, o relatório estima que até 2015, as terapias de especialidade podem equivaler a 45 por cento do total do mercado, enquanto que os produtos patenteados podem crescer até atingir os dez por cento do mercado.

Na Índia, o país com a maior população de diabéticos, a prevalência da diabetes irá aumentar para 3,7 por cento até 2015, em relação aos 2,8 por cento de 2005, e as doenças cardíacas irão afectar 4,9 por cento da população até 2015, enquanto que a 50 milhões de pessoas será diagnosticada hipertensão arterial.

A Índia poderá chegar a ultrapassar o Brasil, o México e a Turquia no ranking mundial dos dez maiores mercados farmacêuticos. A Índia irá tornar-se assim um mercado muito importante para as companhias farmacêuticas. Estas tendências têm implicações estratégicas para as companhias farmacêuticas, indianas e multinacionais, e para os reguladores, acrescentou Gautam Kumra, o director da McKinsey & Co.

O mercado farmacêutico dos Estados Unidos, o maior do mundo, estima-se que atinja os 444 mil milhões de dólares até 2015, em relação aos 248 mil milhões de dólares em 2005, segundo a McKinsey. Prevê-se ainda que o mercado japonês cresça até aos 82 mil milhões de dólares, em relação aos 68 mil milhões de dólares, no mesmo período.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg, Forbes

Cientistas explicam como pneumonias simples podem ser fatais

Uma equipa de investigadores americanos publicou recentemente um artigo na revista Immunity, onde apontam uma explicação para a ineficiência dos antibióticos utilizados no tratamento de alguns casos de pneumonia. Pneumonias simples podem revelar-se fatais, o que se deve à acção da bactéria ‘Streptococcus pneumoniae’, que produz uma toxina que os antibióticos não conseguem neutralizar e que causa uma grave hemorragia nos pulmões de alguns pacientes, matando-os numa questão de dias.

A descoberta assume um carácter determinante para o tratamento da pneumonia, tal como refere Jian-Dong Li, professor de Microbiologia e Imunologia na Universidade de Rochester (Nova York), participante no estudo, “o que encontramos é um possível mecanismo e uma possível solução para uma pneumonia muito letal”.

De acordo com o investigador, a compreensão deste processo permitirá não só “tratar melhor a doença, como também pensar duas vezes sobre se os tratamentos com drogas-padrão não fazem mais mal”.

Antes da descoberta da vacina contra a pneumonia pneumocócica em 2000, registavam-se anualmente 500 mil casos desta doença nos EUA, dos quais 40 mil casos eram considerados graves.

A doença atinge o tracto respiratório superior, causando pneumonia, meningite e infecções auditivas, sendo responsável pela morte de até cem crianças e milhares de idosos por ano.

Inês de Matos

Fonte: Sol