terça-feira, 28 de agosto de 2007

REPORTAGEM

As intenções por detrás dos nomes dos medicamentos…
Escolha aleatória ou efeito placebo?


A escolha da designação comercial dos medicamentos não é inocente. Há diversas regras por que se rege o processo de escolha do nome a dar a cada novo fármaco, que poderá levantar questões éticas importantes. Uma equipa de investigadores de vários organismos ibéricos estudou o assunto, analisando os nomes comerciais das substâncias disponíveis no mercado farmacêutico português, e concluiu que grande parte tem nomes que evocam algum tipo de sugestão ou uma informação assertiva, quer para os profissionais de saúde, quer para os doentes.

Aspirina, Ben-u-ron, Brufen ou Aspegic são alguns exemplos de nomes comerciais de medicamentos com que todos os cidadãos estão mais ou menos familiarizados. São fáceis de dizer e de memorizar, e normalmente “circulam” nas conversas entre amigos sempre que surge um daqueles episódios de pedidos de aconselhamento e de automedicação, tão comuns em Portugal. Há, porém, muitos outros fármacos de designação simplesmente impronunciável para a maioria dos cidadãos, que muitas vezes de questionam sobre as razões de tal escolha por parte dos laboratórios que desenvolvem e que comercializam o produto.
A curiosidade “contagiou” uma equipa de investigadores de Portugal e Espanha, e esteve na base de um estudo, cujos resultados foram publicados recentemente na «Revista Portuguesa de Clínica Geral», e a que o farmacia.com.pt teve acesso. A investigação atesta que a escolha da designação comercial a atribuir aos fármacos “não é inocente”, pautando-se em regra por uma estratégia que passa, em grande parte das vezes, por conceber um nome que desperte algum tipo de sugestão junto do doente ou do profissional de saúde, ou por passar uma mensagem informativa de carácter mais assertivo.
Os especialistas – do Departamento de Farmacologia, Terapêutica e Toxicologia da Universidade Autónoma de Barcelona, da firma de consultoria científica KeyPoint e do Serviço de Pediatria do Hospital Fernando da Fonseca (Amadora-Sintra) – foram ao âmago do assunto, questionando-se sobre as intenções que presidem à escolha dos nomes dos medicamentos, tentando perceber se essa escolha ocorre de modo aleatório ou se, pelo contrário, tem um efeito placebo, chegando ao consumidor e ao profissional de saúde de forma discreta, mas funcional. A partir da consulta da listagem de medicamentos registados no Índice Nacional Terapêutico, a equipa de investigadores analisou mais de 1300 nomes comerciais de fármacos pertencentes a 12 grupos terapêuticos.
Desse processo analítico concluíram que 26 por cento dos compostos disponíveis no mercado farmacêutico nacional obtiveram a sua designação comercial segundo o nome químico da substância activa preponderante na sua composição. Em igual percentagem de casos, o nome escolhido teve por base as indicações terapêuticas ou a acção do fármaco, estando em quatro por cento dos casos associado ao seu nome químico, e em um por cento dos casos ao nome do laboratório fabricante. O tipo de nome varia consoante o grupo terapêutico, mas em 40 por cento dos casos é considerado um “nome opaco”. Os especialistas concluíram que “uma elevada percentagem de fármacos apresenta nomes comerciais que evocam algum tipo de sugestão, quer seja directa ao consumidor, quer mais dirigida aos profissionais de saúde, ou ainda a um tipo de informação mais assertiva”.

O nome certo...
A equipa de cientistas ibéricos considera que a escolha do “nome certo” para cada medicamento é importante, na medida em que será por essa designação que será referenciado, num processo que contribuirá para a imagem individual do fármaco, mas também para a imagem corporativa da companhia que o representa, podendo ter, por si só, algum impacto no volume de vendas, condicionar os mecanismos da sua divulgação ou a captação da prescrição médica, sobretudo em áreas onde haja várias alternativas terapêuticas. “A escolha de um bom nome não é fácil”, frisam os cientistas.
Por outro lado, o conhecimento da forma como tem lugar a escolha da designação comercial dos medicamentos ajuda a perceber melhor as indicações terapêuticas contidas no folheto incluso e na rotulagem exterior. Cada fármaco tem pelo menos três designações: um primeiro nome químico, que descreve a estrutura atómica ou molecular da substância, descrevendo com precisão o produto, mas normalmente demasiado complexo, e por isso inconveniente para uso geral, um nome genérico, que não é registado e que tem geralmente uma associação directa com o princípio activo, e um nome comercial, registado: a chamada marca.

Carla Teixeira
Fonte: «Revista Portuguesa de Clínica Geral», estudo «Nome dos fármacos: escolha aleatória ou efeito placebo?», Manual Merck
Resultados da investigação serão divulgados no fim de 2009
Vacina que simula infecção por HIV em testes


Investigadores norte-americanos anunciaram, numa conferência dirigida à comunidade científica da cidade brasileira do Rio de Janeiro, que chegaram a um estádio inédito em estudos com vacinas para travar a progressão do vírus da sida. Pela primeira vez, disse Edécio Cunha Neto, cientista da Universidade de São Paulo e organizador do seminário, um ensaio clínico incidirá no acompanhamento de grupos de mais de três mil pessoas. A divulgação dos resultados deverá ter lugar no final de 2009.

Os testes à vacina terapêutica contra a sida – dado que não é ainda expectável a aposta no desenvolvimento de uma vacina preventiva para a doença – serão realizados através de uma parceria entre a companhia farmacêutica Merck e o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, que na passada semana tornaram públicos resultados positivos de testes que têm vindo a ser feitos, com grupos de até seis dezenas de pessoas. No caso de os novos testes funcionarem como prevêem as duas entidades envolvidas, quem for inoculado com a vacina obterá, na eventualidade de vir a ser infectado pelo HIV, uma taxa de sobrevida maior do que a que teria sem a vacina, revelando-se também menos dependente da toma de medicamentos anti-retrovirais.
No seguimento das pesquisas realizadas até agora, que demonstraram uma melhoria na capacidade do organismo para combater um vírus criado pelos cientistas em laboratório, e que contém fragmentos de ADN do HIV, assemelhando-se a uma espécie de vírus da sida simulado. A vacina foi bem tolerada em 70 por cento dos voluntários submetidos ao primeiro estudo. Agora, a Merck está a preparar a chamada fase 2B dos testes, testando a mesma vacina em grupos alargados de pessoas. Edécio Cunha Neto explica que esta vacina deverá, depois injectar no músculo de ADN a solução que codifica as proteínas do HIV, fazer com que ela se transforme em RNA no interior das células humanas, e em seguida assumir a forma de proteínas que farão o sistema imune iniciar a proliferação de linfócitos específicos para combater os fragmentos do vírus da sida”.

Carla Teixeira
Fonte: «Folha de São Paulo»

Os compostos farmacêuticos no meio ambiente

Índia no centro das preocupações dos investigadores

Nem tudo são rosas para a indústria farmacêutica indiana. Uma investigação da Universidade de Gotemburgo, na Suécia, acusa o sector de estar a libertar para o meio ambiente quantidades substancialmente preocupantes de compostos farmacêuticos activos. O estudo, publicado no “Journal of Hazardous Materials”, coloca a Ciprofloxacina no topo das substâncias presentes nas águas em maior abundância.

Os resultados levaram os investigadores suecos a pedir “investigações aprofundadas acerca da qualidade das águas residuais, incluindo sobre a libertação de compostos farmacêuticos activos a partir de instalações de produção em diferentes regiões do mundo”. Até porque, há o risco de que o problema detectado em solo indiano seja apenas a ponta do icebergue.

“O estudo demonstra que existem unidades de produção que libertam quantidades substanciais de medicamentos no meio aquático”, afirmam os cientistas que, até ao momento, dizem não possuir informações suficientes para determinar a extensão do problema.

A equipa de investigadores testou os níveis de compostos farmacêuticos activos presentes nas águas residuais provenientes de uma estação de tratamento de águas residuais que serve cerca de 90 farmacêuticas localizada em Patancheru, perto de Hyderabad, um local privilegiado de produção de medicamentos genéricos que fornece o mercado mundial.

Na análise feita às amostras de água provenientes da Índia, os investigadores procuraram a presença de 59 substâncias farmacêuticas, observando que 21 das quais estavam presentes em concentrações superiores a 1μg/L (microgramas por litro). Até então, os níveis detectados nas águas residuais situavam-se entre 1ng/L (nanogramas por litro) e algumas μg/L.

O laboratório quantificou também os níveis das 11 substâncias presentes em maior abundância e realizou testes de toxicidade padrão que demonstraram que os níveis da presença desses medicamentos eram superiores a 100μg/L.

Entre os culpados estão o antibiótico Ciprofloxacina, com níveis entre os 28,000 e os 31, 000μg/L; o Losartan, um antagonista do receptor (tipo AT1) da angiotensina II, com níveis entre os 2,400 e os 2,500μg/L; o anti-histamínico Cetirizina, presente em níveis entre 1,300 e 1,400μg/L; o beta-bloqueador Metoprolol, presente em 800 a 950 μg/L; o antibiótico Enrofloxacin acusou níveis entre 780 e 900μg/L; o Citalopram, um antidepressivo inibidor selectivo da recaptação de serotonina, com 770 a 840μg/L; e dois antibióticos, a Norfloxacina e a Lomefloxacina, com níveis de 390-420μg/L e 50-300μg/L respectivamente.

“Daquilo que temos conhecimento, as concentrações destes 11 medicamentos eram superiores aos valores mais altos alguma vez registados em quaisquer efluentes de esgotos”, escrevem os autores da pesquisa, acrescentando que não têm conhecimento que tal informação tenha sido divulgada em nenhum outro artigo.

Os responsáveis deixam clara a intenção de salientar a “concentração de fluoroquinolonas detectadas, em particular da Ciprofloxacina – um antibiótico produzido por várias empresas da região”.

Para transmitir uma ideia mais concreta relativamente ao significado destes valores, os cientistas referem que “a descarga de Ciprofloxacina corresponde aproximadamente a 45 kg de compostos farmacêuticos activos por dia, o que equivale à quantidade total consumida na Suécia (com nove milhões de habitantes) durante um período de cinco dias”.

Marta Bilro

Fonte: US-Pharmatechnologist.com, Infarmed.

Polémica em torno da IVG nos centros de saúde
Médicos temem banalização do aborto


A realização de interrupções voluntárias da gravidez pelo método medicamentoso nos centros de saúde poderá “banalizar o que não deve ser banalizado”. O aviso é do bastonário da Ordem dos Médicos, para quem a medida pode fomentar o facilitismo e o abandono da contracepção.

O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu que realizar interrupções voluntárias da gravidez medicamentosas em centros de saúde “pode banalizar o que não se deve” e acarreta responsabilidades para os médicos de família para as quais não foram preparados. A posição de Pedro Nunes é oposta à defendida pelo presidente do Colégio da Especialidade Ginecologia/Obstetrícia da Ordem, Luís Graça, para quem cerca de 90 por cento das IVG químicas, “tirando os 10 ou 12 por cento de casos eventualmente problemáticos”, deveriam ser realizados em centros de saúde, porque é lá que estão os “médicos que melhor conhecem a população”, e por se tratar de um acto médico simples.
O presidente da Comissão de Saúde Materna e Neonatal, Jorge Branco, afirmou que, além do centro de saúde de Viana do Castelo, mais “três ou quatro” estabelecimentos do Norte do País deverão começar a efectuar abortos a pedido da mulher em Setembro. Até final do ano a IVG medicamentosa será feita em centros de saúde de outras regiões. O bastonário considera que a realização de abortos fora dos hospitais é má em vários aspectos: “Estimula as pessoas a considerar banal o que não deve ser banal, impõe uma pressão sobre os médicos de família insustentável, obrigando-os a assumir responsabilidades para as quais naturalmente não foram treinados, ao mesmo tempo que a proximidade face ao doente dificulta-lhes a alegação de objecção de consciência, ao contrário de um médico hospitalar”.
Todos os “mecanismos convergem para uma eventual facilitação da IVG”, frisou Pedro Nunes, considerando que “a OM defende que o que deveria ser feito, para cumprir a legislação e a vontade dos portugueses, era continuar a definir a IVG como algo negativo que pode servir para resolver um acidente, e não como algo banal, fácil, acessível, que está ao pé da porta e que resolve todos os problemas. Assim, os baixos níveis de contracepção serão ainda mais baixos”, vaticinou. “A OM vê com preocupação que possa haver um aumento dos riscos, e lembra que tem de haver uma articulação perfeita entre serviços de medicina geral e familiar e serviços hospitalares”, vincou o responsável. Já Luís Graça considerou que os abortos deveriam cingir-se aos hospitais “até que fosse atingida uma determinada consistência”, mas contrapôs que, na medida em que “a lei apenas prevê a IVG apenas até às 10 semanas, e em casos que não levantem problemas, os abortos devem ser feitos nos centros de saúde, que contam com a complementaridade dos serviços hospitalares”.

Carla Teixeira
Fonte: Agência Lusa

Estudo sobre gastrite em crianças garante distinção a investigadores portugueses

Uma equipa de investigadores do Hospital de Santa Maria foi agraciada com o Prémio Científico Hospital de Santa Maria – Sanofi-Aventis. A distinção foi motivado por um projecto de investigação que pretendeu perceber qual a resposta da mucosa gástrica à infecção por Helicobacter pylori, bactéria causadora de gastrite.

“Linfócitos da mucosa e expressão de antigénios HLA-DR na gastrite associada a Helicobacter pylori pediátrica” é o nome do trabalho desenvolvido por José Fernando Gonçalves Ruivo, Ana Isabel Lopes, Rui Victorino e A.M. Palha que mereceu a atribuição do prémio. O estudo pretendeu fornecer esclarecimentos sobre a gastrite por Helicobacter pylori e aos mecanismos de desenvolvimento da doença, não possíveis em adultos (expostos a outros agentes nocivos que podem condicionar a avaliação dos resultados, como o tabaco ou alguns medicamentos).

O galardão tem o intuito de contemplar o melhor trabalho de investigação clínica ou clínico-laboral realizado por profissionais do Hospital de Santa Maria, promovendo a criação e desenvolvimento de projectos nacionais inovadores capazes de fazer a diferença no panorama actual da investigação científica.

“A atribuição destes prémios enquadra-se na política da Administração do Hospital, que entende e muitíssimo bem, que o Hospital de Santa Maria, enquanto Hospital Universitário deve dinamizar, tanto quanto possível, a actividade científica, logo a vertente da investigação, recorrendo para isso à atribuição de bolsas que permitam a execução de trabalhos científicos”, afirmou o Coordenador do Gabinete de Apoio à Investigação, António José Gonçalves Ferreira.

O prémio, anualmente financiado pela farmacêutica francesa Sanofi-Aventis, “tem como único objectivo incentivar os jovens médicos a desbravar caminhos e impulsionar a investigação científica em Portugal”, acrescentou o mesmo responsável.

Marta Bilro

Fonte: Médicos de Portugal.

FDA aceita avaliar tratamento anti-histamínico da Schering-Plough/Merck

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) aceitou a candidatura apresentada pela Schering-Plough Corp e pela Merck & Co Inc para avaliar uma possível autorização de comercialização para o loratadina/montelucaste, um medicamento experimental destinado ao tratamento da rinite alérgica. O fármaco combina dois tratamentos comummente utilizados num único comprimido.

A substância, que está a ser desenvolvida por uma jointventure criada entre as duas farmacêuticas, inclui na sua composição ingredientes activos do Claritine (Loratadina), da Schering-Plough, e do Singulair (Montelucaste) da Merck.

As empresas pretendem garantir a aprovação do loratadina/montelucaste enquanto tratamento dos sintomas da rinite em pacientes que procuram aliviar o congestionamento nasal.

De acordo com os laboratórios, o produto combinado vai ser alvo de uma revisão por parte da entidade reguladora norte-americana, o que, por norma, significa que a FDA deverá emitir uma resposta dentro de 10 meses.

A parceria estabelecida entre a Schering-Plough e a Merck deu já origem ao Zetia (ezetimiba) e ao Vytorin (Ezetimiba+Sinvastatina), dois fármacos redutores do colesterol que se têm revelado verdadeiros motores de lucro para ambas as farmacêuticas.

Marta Bilro

Fonte: Forbes, Reuters, Infarmed.

Estatinas podem prevenir doença de Alzheimer, diz estudo

A ingestão de estatinas pode ajudar a prevenir a doença de Alzheimer, revela um estudo norte-americano. Os investigadores afirmam ter descoberto uma relação entre os medicamentos de redução do colesterol e um afastamento da doença.

O estudo, realizado na Universidade de Boston desde 2002, demonstrou que as estatinas podem reduzir o risco de desenvolver Alzheimer até 79 por cento, mesmo em pessoas geneticamente predispostas à doença. Algumas investigações anteriores indicavam que a doença de Alzheimer pode ser provocada por um fluxo sanguíneo reduzido e por alterações vasculares cerebrais, condições que podem ser prevenidas através da administração de estatinas.

A equipa de Gail Li, da Escola de Medicina da Universidade de Washington, examinou 110 cérebros de americanos que faleceram entre os 65 e 79 anos de idade e tinham doado os órgãos para pesquisa. Os cientistas procuraram a presença de sinais característicos da doença de Alzheimer, como a acumulação anormal placas senis que se formam no cérebro e bloqueiam o funcionamento dos neurónios.

A investigação demonstrou que as pessoas que ingeriam estatinas com regularidade tinham um nível reduzido de placas senis em comparação com aqueles que não tomavam esses medicamentos. “As estatinas estão provavelmente mais aptas paraa prevenir a doença em determinado tipo de pessoas do que noutras", afirmou Gail Li que acredita que, um dia, deverá ser possível perceber mais rigorosamente qual o tipo de estatinas adequado a cada indivíduo.

Estima-se que, em Portugal, mais de 70 mil pessoas sofram de doença de Alzheimer. O diagnóstico é difícil sendo feito por exclusão de outras doenças com características semelhantes. Não há ainda tratamento eficaz para a cura da doença nem possibilidade de prevenção.

Marta Bilro

Fonte: Times Online, The Earth Times, Associação Portuguesa de Familiares e Amigos da Doença de Alzheimer.

INSA promove seminário sobre mecanismos de doença na era pós-genómica

No âmbito das actividades de divulgação científica para 2007, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) promove, no dia 27 de Setembro, o seminário de investigação "Mecanismos de doença na era pós-genómica: exemplo da fibrose quística". O evento, apresentado por Margarida Amaral, investigadora no Centro de Genética Humana, realiza-se no auditório do INSA, em Lisboa, a partir das 12h30 e a entrada é livre.

Este é o primeiro do terceiro ciclo de seminários organizados pelo INSA e dedicado a Novas abordagens na investigação em biomedicina, cujo programa foi divulgado pelo Farmacia.com.pt no dia 29 de Maio do ano corrente.

O principal objectivo é dar a conhecer os resultados das actividades de investigação científica do instituto. Pretende-se também fomentar a discussão sobre temas da área das ciências da saúde e promover o diálogo entre grupos de investigação com interesses comuns, dentro e fora desta instituição. À apresentação do trabalho segue-se uma discussão informal sobre o tema, que contará com a presença de um moderador especialista na área de investigação abordada.

O ciclo continua no dia 25 de Outubro, com um seminário subordinado ao tema “Identificação de factores de susceptibilidade para doenças multifactoriais - novos desafios e novas abordagens”; no dia 29 de Novembro, com o “Molecular epidemiology as a forensic technique for HIV and HCV transmission investigation”; e fica concluído a 13 de Dezembro com o seminário “De um laboratório de I&D a uma empresa de base tecnológica”.

Marta Bilro

Fonte: Portal da Saúde, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, Farmacia.com.pt.

Ressonância Magnética ajuda diagnóstico de esclerose múltipla

Imagens do cérebro de doentes obtidas através de Ressonância Magnética permitiram a uma equipa de investigadores norte-americanos identificar uma anormalidade relacionada com a progressão da esclerose múltipla (EM). Os resultados do estudo, publicado na última edição da revista “Rediology”, representam uma inovação no diagnóstico da doença.

“Com base nestas descobertas, os médicos poderão diagnosticar a esclerose múltipla de forma mais exacta e identificar pacientes em risco de desenvolver esta doença progressiva”, afirmou Rohit Bakshi, professor assistente de Neurologia e Radiologia da Escola Médica de Harvard.

A Esclerose Múltipla é uma doença inflamatória crónica, caracterizada pela destruição da mielina, camada protectora que rodeia as células nervosas. A doença interfere com a capacidade do sistema nervoso central para controlar funções como a visão, a locomoção ou o equilíbrio. Os dados da Associação Nacional de Esclerose Múltipla indicam que a doença afecta aproximadamente 2,5 milhões de pessoas no mundo, das quais 450.000 na Europa, a maioria mulheres com idades entre os 20 e os 50 anos, sendo a incidência maior nos países nórdicos. Em Portugal, estima-se que o número de doentes seja cerca de 5.000.

Apesar de existirem quatro classificações de EM, a Recorrente Remissiva, que atinge cerca de 60 por cento dos pacientes com menos de 40 anos, e a Secundariamente Progressiva, que resulta da evolução da anterior, são as duas mais comuns.

Os cientistas analisaram os dados de 145 doentes de EM, 112 mulheres e 33 homens, dos quais 92 estavam na fase Recorrente Remissiva da doença e 49 Secundariamente Progressiva. Em quatro pacientes a classificação da doença era desconhecida. Nos pacientes com EM, as imagens dos cérebros, obtidas por Ressonância Magnética, permitiram observar a frequência de áreas brilhantes chamadas lesões Hiperintensas, também conhecidas por áreas de «redução de T1».

Posteriormente, os investigadores procuraram perceber se haveria uma relação entre a frequência e a localização dessas lesões e a progressão da doença, atrofia do cérebro e incapacidade em pacientes com EM. A análise identificou 340 lesões T1 Hiperintensas em 123 pacientes e revelou que essas lesões são mais comuns em pacientes com EM Secundariamente Progressiva.

Entre os pacientes com EM Secundariamente Progressiva, 71 por cento apresentavam múltiplas lesões T1 Hiperintensas, que eram detectadas por 46 por cento dos pacientes com Recorrente Remissiva.

“As descobertas sugerem que as lesões T1 Hiperintensas ocorrem geralmente em pacientes com EM e que a presença de lesões múltiplas indica um risco de avanço do curso da doença”, referiu Baksh. O especislista considera, por isso que esta forma de diagnóstico é essencial na detecção e acompanhamento da progressão da doença.

Marta Bilro

Fonte: Lusa, Diário Digital, Associação Nacional de Esclerose Múltipla.

Infarmed suspende vendas do medicamento Neostigmina Braun

Um pedaço de vidro encontrado numa ampola do medicamento Neostigmina Braun, utilizado no tratamento de problemas musculares causados pelo sistema nervoso central, levou o Infarmed, a Autoridade Nacional do Medicamento, a decretar a suspensão imediata das vendas de um lote deste fármaco.

A ordem de suspensão do Infarmed surge na sequência da decisão da empresa B. Braun Medical que imediatamente após a detecção de um pedaço de vidro de grandes dimensões no interior de uma ampola, iniciou a recolha do lote número A01 do Neostigmina Braun 0,5 mg/ml solução injectável, com validade até Dezembro de 2011.

A suspensão das vendas foi uma decisão tomada pelo Conselho Directivo do Infarmed, que pretende assim salvaguardar a integridade física dos utilizadores deste fármaco.

Inês de Matos

Fonte: Lusa

Teva vai produzir Quinapril genérico

A Teva Pharmaceutical Industries recebeu autorização da Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) para produzir uma versão genérica do Acupril (Quinapril), da Pfizer, um medicamento indicado no tratamento da hipertensão e da insuficiência cardíaca congestiva.

A empresa israelita especializada no sector dos genéricos vai produzir todas as dosagens do fármaco que pretende brevemente começar a colocar no mercado. De acordo com a Teva, a substância e todas as fórmulas genéricas já existentes no mercado registaram vendas no valor de 110 milhões de euros nos Estados Unidos da América, durante os 12 meses que terminaram a 30 de Junho.

A autorização de comercialização concedida pela FDA vem na sequência do término da exclusividade pediátrica da patente norte-americana número 4,743,450.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, RTT News.

Novartis aposta na expansão para aumentar produção de anti-hipertensores

A Novartis vai aumentar a capacidade de produção da sua unidade fabril situada perto da cidade de Basileia, na Suíça. O objectivo é impulsionar a produção de tratamentos anti-hipertensores, como o Diovan (Valsartan), o Exforge (Amlodipina + Valsartan) e o Resilez (Aliskiren).

De acordo com a farmacêutica, o grupo pretende investir perto de 183 milhões de euros (300 milhões de francos suíços). O projecto deverá criar 80 novos postos de trabalho na região, afirma a Novartis.

A empresa tem vindo a apostar continuamente na expansão logística. Tal como foi noticiado, no dia 14 de Agosto, pelo Farmacia.com.pt, o laboratório suíço anunciou também um alargamento das instalações de duas fábricas no Brasil, através do qual tem intenções de triplicar o volume de exportações de fármacos nos próximos cinco anos.

O Resilez, aprovado esta segunda-feira pela União Europeia, permite à empresa manter-se na corrida à liderança do mercado de anti-hipertensores, dado que a patente do Diovan, fármaco da empresa com maior número de vendas, verá a patente expirar em 2012.

Marta Bilro

Fonte: CNN Money, Farmacia.com.pt.

Fármaco experimental para tratamento do cancro dos ossos
FDA negou aprovação ao mifamurtide


A Food and Drug Administration recusou o pedido de aprovação apresentado pela firma IDM Pharma para utilização do medicamento experimental mifamurtide em pacientes do sarcoma dos ossos não metastizado. Na carta em que dá conta da decisão, a entidade reguladora norte-americana solicita mais dados sobre o fármaco e sugere a realização de novos ensaios clínicos para demonstrar os seus alegados benefícios.

A companhia farmacêutica anunciou que pretende submeter à apreciação da autoridade do sector novos dados relativos ao resultado da administração do fármaco em doentes submetidos a um ensaio clínico de fase III, bem como outras informações solicitadas na carta da FDA, cujo painel de especialistas reprovou, com 12 votos contra e dois a favor, a aprovação do mifamurtide. O representante máximo da IDM Pharma, Timothy Walbert, considerou que a decisão da autoridade norte-americana se terá devido a uma “falta de informação completa”, e que a recolha de novos dados permitirá atestar os benefícios da substância e provará a sua eficácia.

Carla Teixeira
Fonte: Firstword
Herpes ocular exige tratamento imediato
Médico recuperou visão de doente com cola


O herpes simplex, vírus comum cuja presença se manifesta através de pequenas lesões e úlceras nos lábios, pode também acometer o nariz e os olhos, neste caso provocando uma gradual perda de visão se não for tratado atempada e convenientemente. A dor nas pálpebras e a inflamação da córnea são os sinais mais comuns da doença, que reincide em momentos de baixa imunidade do doente ou diante de situações de maior stress. No Brasil um médico selou o olho de uma paciente com cola de cianoacrilato.

A técnica aplicada pelo médico Leôncio Queiroz Neto, oftalmologista do Instituto Penido e director clínico do do Banco de Olhos de Campinas, na sua paciente Nelida Gomes de Lorenzo, que fora acometida de herpes ocular, evita complicações cirúrgicas e permite o isolamento do olho sem perda do sinal de perfuração da córnea que prioriza a realização do transplante. Foi exactamente por isso que o especialista escolheu esta técnica, tendo em conta que “o cianoacrilato serve de apoio ao crescimento de tecido cicatricial sobre a área perfurada, retarda a necrose e tem ação bactericida”. Neste caso “a perfuração não atingiu três milímetros, que corresponde às dimensões máximas para aplicação daquela cola, que em áreas maiores revela toxicidade.
De acordo com Leôncio Queiroz Neto, o vírus do herpes surge por volta dos cinco anos, mas permanece na sua forma latente, podendo ser accionado através do contacto com um portador, por uma situação de grande stress ou em momentos de quebra do nível de imunidade no organismo. Dor nos olhos, lacrimejamento, sensibilidade à luz e redução da acuidade visual são os principais sintomas da doença, que pode ser “alimentada” por traumas, febres e resfriados, causando inflamações na córnea. A reincidência das crises tem como consequência a cada vez menor expessura da córnea, que pode provocar a formação de cicatrizes e a perfuração, levando à cegueira.
Dias depois de ter sido submetida a esta técnica, Nelida foi submetida a um transplante e recuperou a visão, apesar de o olho não estar ainda totalmente curado. De acordo com Queiroz Neto, a utilização da cola de cianoacrilato poderia ter sido acompanhada da realização de um transplante tectónico – “espécie de curativo biológico feito com uma córnea descartada por não ser adequada para restituir a visão à receptora” – e do recobrimento conjuntival. O problema, explica, é que “o transplante tectónico é muito mais invasivo, porque pode gerar maior número de procedimentos ou aumentar o risco de cataratas, tem uma forte reação inflamatória e a recuperação para o transplante definitivo demoraria, no mínimo, 15 dias. Já a recuperação do recobrimento conjuntival pode variar entre seis a oito meses, período em que a doente ficaria com o olho branco, e teria dificuldades em voltar às suas actividades quotidianas, correndo ainda o risco de ficar em fila de espera por uma córnea, já que o sinal de perfuração poderia desaparecer apesar do comprometimento da visão.

Vírus latente
O herpes é um vírus que tem capacidade para permanecer no organismo durante vários anos sem ser detectado. “Uma vez que o paciente entrou em contacto com o vírus, as feridas poderão surgir sempre que estiver com baixa imunidade ou passar por situações física e emocionalmente stressantes”, explica o oftalmologista Renato Neves, director da rede Eye Care. O tratamento imediato das manifestações do herpes simplex é feito com medicamentos antivirais, que travam a replicação do vírus e a consequente destruição das células epiteliais. A infecção pode atingir camadas profundas da córnea e agravar o quadro clínico. “Repetidas ocorrências dessas manifestações agressivas podem levar à perda de visão”, reitera aquele especialista.
Renato Neves explica que “o vírus do herpes simplex é diferente do herpes associado à doença sexualmente transmissível”, pelo que o chamado herpes ocular não se transmite por aquela via. “Também é importante diferenciá-lo do herpes zoster, que tem sintomas semelhantes, mas é provocado pela varicela”. Mais de metade da população mundial é hospedeira daquele vírus e já teve pelo menos uma crise. Actualmente existem diversos meios de tratamento de todas as formas da doença, através do recurso a antibióticos, comprimidos ou colírios. Nos casos mais graves há ainda a possibilidade de transplante da córnea. Apesar de totalmente tratável, a comunidade científica ainda investiga a cura para a doença.

Carla Teixeira
Fonte: Mail do farmacia.com.pt, Segs.com.br, MedCenter, «Saúde News Journal»
FDA continua processo de avaliação daqueles fármacos
Esomeprazol e omeprazol não afectam o coração


A Food and Drug Administration (FDA), entidade reguladora do sector do medicamento nos Estados Unidos, está a avaliar o impacto das substâncias esomeprazol e omeprazol no desenvolvimento de doenças cardíacas, depois de em Maio deste ano terem surgido dados que levantaram algumas dúvidas a esse respeito. No entanto, investigações mais recentes concluíram que a administração daqueles fármacos não aumenta os riscos da prevalência daquele tipo de patologias.

Uma primeira bateria de testes realizada há cerca de três meses gerou algumas dúvidas sobre os medicamentos, desenvolvidos e comercializados pela companhia anglo-sueca Astrazeneca, relacionando a sua toma com o aumento do risco de enfarte do miocárdio e de morte súbita devida a problemas cardiovasculares. Não obstante, feita uma análise preliminar pelos seus especialistas, a entidade reguladora norte-americana decidiu que, pelo menos até aos resultados finais, aguardados para o próximo mês de Novembro, os dois compostos químicos permanecerão disponíveis no mercado, mediante a obrigatória apresentação de receita médica, considerando que os problemas cardíacos observados em estudos anteriores não consubstanciam um “efeito verdadeiro” da medicação. A FDA aconselha ainda os doentes medicados com esomeprazol e omeprazol a prosseguir o seu tratamento, que não deve ser interrompido sem uma prévia consulta ao médico assistente. O esomeprazol e o omeprazol são antiácidos e anti-ulcerosos, modificadores da secreção gástrica e inibidores da bomba de protões, e estão indicados no tratamento de úlceras pépticas, esofagites de refluxo e na síndroma de Zollinger Ellison.

Carla Teixeira
Fonte: Saúde na Internet, Prontuário Terapêutico
Medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias
Vendas atingiram os 5,6 milhões de euros


O volume de vendas de medicamentos não sujeitos a receita médica fora das farmácias atingiu, no período compreendido entre Janeiro e Julho deste ano, um valor acima dos 5,6 milhões de euros, cerca de cinco vezes mais do que no período homólogo de 2006. São números avançados pela Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde, e correspondem à comercialização de mais de 1,2 milhões de embalagens.

Numa nota divulgada ontem, o Infarmed atesta que a venda daqueles fármacos chegou aos 5.612.543 euros, contabilizando os totais das vendas dos 488 estabelecimentos de dispensa de medicamentos actualmente existentes fora da rede de farmácias (em Julho do ano passado havia apenas 186 daquelas lojas em Portugal). O mercado tem vindo a sofrer um alargamento progressivo desde que o Governo liberalizou a comercialização dos fármacos que não exigem prescrição médica, permitindo que passassem a ser vendidos fora da rede nacional de farmácias. Já no períoro compreendido entre Janeiro e Julho de 2006, as vendas dos chamados OTC (“over the counter”) atingiram, em Portugal, um valor de 1.103.680 euros, cinco vezes abaixo do agora divulgado pelo Infarmed, e que teve como correspondência a disponibilização de apenas 250 mil embalagens.
De acordo com a análise da entidade reguladora, também neste ano os medicamentos mais vendidos foram os analgésicos e os antipiréticos, que totalizaram 23 por cento do volume transaccionado, e o princípio activo mais vendido foi o paracetamol, embora no que diz respeito ao valor tenha sido a nicotina, vendida em pastilhas e pensos com vista a combater o vício do tabaco. Os distritos de Lisboa, Porto e Setúbal – mais populosos e com maior número de estabelecimentos de dispensa de fármacos fora da rede nacional de farmácias – absorveram a maior fatia das vendas realizadas naquele período, tendo a cadeia de hipermercados Modelo/Continente totalizado cerca de 40 por cento daquele mercado, uma realidade abordada num estudo da Deco que, como o farmacia.com.pt oportunamente noticiou, dava justamente conta da prática, nas grandes superfícies, de preços inferiores aos existentes antes da liberalização do sector dos medicamentos sem receita.

Carla Teixeira
Fonte: Infarmed, «O Primeiro de Janeiro», farmacia.com.pt