segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Kits do programa de troca de seringas vão ter dois novos utensílios

Na próxima sexta-feira, serão apresentados em Lisboa os novos kits do programa de troca de seringas que passam a contar com mais dois utensílios: recipientes e carteiras de ácido cítrico, que quando partilhados podem transmitir doenças como o VIH/sida ou a hepatite C.

Até agora os kits eram compostos por duas seringas, dois toalhetes, desinfectantes com álcool, um preservativo, uma ampola de água bidestilada, um filtro e um folheto informativo. No entanto, as recomendações da Organização Mundial de Saúde apontavam há já alguns anos, para a necessidade de introduzir novos utensílios nos kits, tal como revelou um estudo piloto realizado em 2004 em Lisboa, Porto e Algarve, que considerou "indispensável" o seu fornecimento.

O programa de troca de seringas encontra-se em funcionamento desde 1993 e no final do ano passado faziam parte deste programa 1.341 farmácias e 35 entidades governamentais e não governamentais que levam para o terreno os kits aos utilizadores de droga. Desde a sua criação até Dezembro do ano passado, foram já recolhidas mais de 38 milhões de seringas.

Em 2002, a Associação Nacional de Farmácias apresentou uma estimativa acerca das vantagens do programa, segundo a qual a troca de seringas evita sete mil novos casos de sida por cada 10 mil utilizadores de drogas injectáveis, o que permitiu ao Estado poupar entre 400 a 1.700 milhões de euros, desde o lançamento do programa.

Inês de Matos

Fonte: Lusa e Sol

Jovens diabéticos à conquista do monte Toubkal

A Associação de Jovens Diabéticos de Portugal (AJDP) convidou 25 jovens diabéticos portugueses a subir a montanha mais alta do norte de África, o monte Toubkal. O projecto, que conta com o apoio do prestigiado alpinista português João Garcia, foi hoje apresentado e tem como principal objectivo alertar a população para a diabetes, que é já a quarta causa de morte nos países desenvolvidos.

Segundo Paulo Madureira, jovem diabético e presidente da AJDP, “o principal objectivo desta iniciativa é alertar contra o sedentarismo (uma das principais causas da diabetes do tipo 2), promovendo também a prática de exercício físico como forma de ter uma vida mais saudável e evitar eventuais complicações na saúde que muitas vezes surgem devido a uma má gestão da saúde”.

A montanha Toubkal tem mais de quatro mil metros de altura e encontra-se situada em território marroquino. A iniciativa reúne um total de 35 pessoas, 25 jovens portadores de diabetes do tipo 1 e tipo 2 e ainda dez profissionais de saúde.

O projecto da AJDP será oficialmente apresentado no próximo dia 10, pelas 16 horas, no Hotel Altis, em Lisboa, onde estará também presente João Garcia, padrinho da iniciativa.

A diabetes afecta 194 milhões pessoas em todo o mundo e em Portugal estima-se que o número de doentes se situe na ordem das 650 mil pessoas.

Inês de Matos

Fonte: Associação de Jovens Diabéticos de Portugal

Farmacêuticas indianas apostam no mercado dermatológico dos EUA

O sector dos produtos cosméticos norte-americanos está a despertar o interesse da indústria farmacêutica indiana que procura consolidar a sua presença num mercado em célere desenvolvimento. Recentemente, a Ranbaxy, adquiriu os direitos de comercialização de 13 produtos dermatológicos da Bristol-Myers Squibb naquele mercado. Agora, a Sun Pharma tem planos para comprar a Taro Pharma, empresa israelita líder no fornecimento de medicamentos dermatológicos tropicais nos Estados Unidos da América (EUA).

Porém, estas não são as únicas movimentações no ramo. De acordo com o “The Economic Times”, o laboratório Dr Reddy terá feito uma proposta não vinculativa com vista à aquisição da Bradley Pharmaceuticals, empresa com uma forte presença no segmento dermatológico, possibilidade que, aliás, já tinha sido avançada pelo Farmacia.com.pt num artigo publicado no dia 28 de Agosto de 2007.

“O mercado dermatológico é um segmento em crescimento nos EUA” afirma o director executivo e director de operações da Ranbaxy, Atul Sobti citado pelo jornal indiano. Para além disso, os fármacos dermatológicos têm um amplo espectro terapêutico, “a competição é escassa, existem poucos dermatologistas e estes medicamentos fornecem uma boa margem”, acrescenta o responsável.

Esta é uma mais-valia da qual o director de operações financeiras da Dr Reddy, Saumen Chakrabarty, pretende retirar contrapartidas, até porque “quanto menor é o número de investidores no sector, menor é a competição”, afirma.

O mercado de produtos dermatológicos nos EUA está estimado em 7,3 mil milhões de euros, apresentando um crescimento anual de 10 por cento, um número que ganha ainda mais expressividade quando comparado com os 5 a 6 por cento de expansão anual do restante sector farmacêutico norte-americano. Muitos dos produtos cosméticos e para os cuidados da pele são de venda livre, uma ramificação do mercado também em ascensão.

O desenvolvimento de uma presença sólida neste segmento vai permitir que estas empresas ampliem o portfolio de produtos disponíveis no mercado norte-americano. No caso da Sun Pharma, uma possível aquisição da Taro permitir-lhe-á começar a investir no sector dermatológico norte-americano. Este não é o caso da Ranbaxy, que conta já com uma representação significativa no ramo dos produtos para a acne nos EUA, onde o Sotret Isotretinoin ocupa 36 por cento do share de mercado no segmento das Isotretinoínas.

Marta Bilro

Fonte: The Ecomonic Times, Infarmed, Farmacia.com.pt.

Portugueses utilizam pouco o preservativo

Dados do último INS indicam que apenas 14% escolhem este método contraceptivo

É preciso incentivar a utilização do preservativo, um método contraceptivo que, em Portugal, não tem ganho novos adeptos, defendem os especialistas. Apresar da implementação das aulas de educação sexual e dos avanços ao nível do planeamento familiar, a percentagem de utilizadores deste método de contracepção manteve-se, na última década, praticamente inalterada, rondando os escassos 14 por cento.

A taxa de utilização sofreu mesmo uma ligeira quebra nos últimos anos. De acordo com os dados do 4.º Inquérito Nacional de Saúde (INS) recentemente divulgados, a percentagem de utilizadores situa-se nos 13,4 por cento, quando no último inquérito à Fecundidade e Família, realizado em 1997, era de 14 por cento.

Ao contrário dos espanhóis, que elegem este método como favorito, em Portugal “não houve grandes avanços ao longo da última década”, admite Duarte Vilar, da Associação para o Planeamento da Família.

Em 2005 venderam-se em Portugal 16,1 milhões de preservativos, mais 2,48 por cento do que em 2004, um número ainda assim muito distante “dos 129,5 milhões de preservativos vendidos em Espanha para o mesmo período”, refere o jornal Público citando o último relatório de actividades da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida. O que se traduz num "consumo anual médio per capita de 3,1 em Espanha e 1,6 em Portugal".

Embora os dois estudos mencionados não sejam estritamente comparáveis, uma vez que o Inquérito de Saúde não exclui os casos de mulheres sem actividade sexual, grávidas ou inférteis, é explicito o facto da pílula continuar a ser o método contraceptivo de eleição em território nacional. A percentagem de utilizadoras deste método contraceptivo manteve-se quase inalterada, com 67 por cento em 1997, face aos 65,9 do último INS.

O preço parece ser uma das principais justificações para a exclusão do preservativo por parte de muitos portugueses admite Henrique Barros, responsável pela Coordenação Nacional para a InfecçãoVIH/Sida. Porém, o problema pode estar prestes a ser resolvido com a chegada, em 2008, dos preservativos de marcas brancas, cujo preço não deverá ultrapassar os 25 cêntimos, tal como foi noticiado pelo Farmacia.com.pt, no dia 1 de Agosto de 2007.

Para além dos riscos de uma gravidez indesejada é preciso ter em conta as DST salienta obstetra Miguel Oliveira e Silva. Um dos exemplos é a elevada taxa de cancro do colo do útero existente em Portugal, que acaba por ser um dos piores reflexos deste comportamento dos portugueses. Em declarações àquela publicação, o especialista defende que "em vez de colocarmos toda a ênfase na vacina contra esta doença, deveríamos investir em campanhas do uso do preservativo".

Marta Bilro

Fonte: Público, Farmacia.com.pt.

Novo composto da Eli Lilly benéfico no tratamento da esquizofrenia

Um novo fármaco experimental da Eli Lilly demonstrou resultados positivos no tratamento da esquizofrenia. O medicamento, que poderá vir a substituir o Zyprexa (olanzapina), utiliza um novo método de combate à doença que desencadeia menos efeitos secundários.

Contrariamente a outros medicamentos para o tratamento da esquizofrenia que actualmente se encontram no mercado, a nova substância não tem como alvo a dopamina. O LY2140023, designação atribuída ao fármaco, afecta o glutamato, um neurotransmissor excitatório responsável pela memória e aprendizagem.

Um ensaio clínico de fase II demonstrou que o medicamento é tão eficaz como o Zyprexa na redução de sintomas como as alucinações ou o afastamento social. Para além disso, o fármaco não deu origem a movimentos involuntários, rigidez muscular ou aumento de peso, efeitos adversos inerentes a tratamento habitual da doença.

De acordo com a empresa, este será o primeiro candidato a fármaco para o tratamento da esquizofrenia que interfere com os glutamatos. O Zyprexa, com vendas 3,2 mil milhões de euros em 2006, verá a patente expirar em 2011.

De acordo com Steven Paul, vice-presidente do departamento de ciência e tecnologia da Eli Lilly, são ainda necessários “estudos adicionais para confirmar e aprofundar esta descoberta”. No entanto, acrescenta, “os dados sugerem que [o medicamento] pode representar uma nova alternativa” para o tratamento desta patologia.

A descoberta poderá ajudar a farmacêutica norte-americana a fazer frente ao Risperdal Consta (risperidona), um medicamento injectável produzido pela Johnson & Johnson, que num estudo recente, demonstrou mais benefícios no tratamento da esquizofrenia do que o Zyprexa.

O novo composto da Eli Lilly vai ainda competir com o bifeprunox, um medicamento da Wyeth em fase experimental, que também não provoca aumento de peso. A aprovação do medicamento foi recentemente rejeitada pela Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) que o considerou ineficaz requisitando mais informações sobre a actuação do medicamento no metabolismo humano.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Bloomberg, Infarmed, Farmacia.com.pt.

Fomentar a comunicação médico/paciente diminui risco de doenças cardiovasculares

Comunicar com os doentes acerca dos riscos calculados da sua patologia e fornecer-lhes informações sobre as implicações desses mesmos riscos pode encorajá-los a alterarem os seus hábitos e estilos de vida de forma a reduzirem as hipóteses de doença cardiovascular. As conclusões são fruto de uma investigação patrocinada pela Pfizer e que envolveu mais de 1.000 doentes.

O estudo prospectivo, no qual foram analisados 1.100 pacientes de nove países europeus, demonstra que uma avaliação, implementada pelo médico e focada no paciente, acerca da evolução do risco de doença coronária, bem como a aplicação de um programa de comunicação, diminuíram significativamente o risco de doença cardiovascular em 11,7 por cento dos pacientes, comparativamente aos cuidados habituais.

O ensaio clínico distribuiu aleatoriamente os médicos em dois grupos. Utilizando um calculador de risco, os clínicos inseridos no grupo de comunicação forneceram aos pacientes informações sobre a avaliação do risco, esclareceram-nos acerca dos resultados e informaram-nos sobre estratégias de controlo dos riscos durante um período de seis meses. Por sua vez, os médicos no grupo de controlo não informaram os pacientes acerca dos riscos que correm, nem lhes forneceram uma avaliação do risco, sendo que os pacientes receberam os cuidados habituais. Durante o estudo, todos os doentes foram medicados de acordo com a avaliação clínica da sua situação feita pelo médico.

“Estes resultados sugerem que quando os médicos informam os pacientes acerca dos riscos cardiovasculares como parte da administração do tratamento para a doença, o risco de problemas cardiovasculares pode ser significativamente reduzido”, afirma o director médico da Pfizer, Jan Buch. No entanto, adverte o especialista, “a redução de 11,7 por cento não normaliza o risco do paciente, pelo que, são necessárias medidas adicionais para melhorar a terapia”.

Marta Bilro

Fonte: Market Watch.

Sector dos medicamentos genéricos tem nova empresa
Actavis formaliza actividade em Portugal


A companhia farmacêutica islandesa Actavis, uma das empresas de liderança mundial na área dos medicamentos genéricos, anunciou a aquisição do negócio da Alpharma e a formalização da sua presença em Portugal. O mercado nacional passa assim a contar com mais uma empresa de grande revelância à escala planetária.

Fundada em 1956 e consolidada entretanto como uma das cinco maiores empresas de desenvolvimento, produção e comercialização de fármacos sem marca mais importantes do mundo, a Actavis conta actualmente mais de 11 mil colaboradores, espalhados por unidades de laboração que se distribuem por quatro dezenas de países. Na sua página na internet a companhia farmacêutica garante disponibilizar “um dos maiores portfolios de medicamentos genéricos” e “uma grande variedade de produtos em desenvolvimento e processo de registo, de forma a oferecer aos seus clientes uma grande variedade de fármacos de qualidade”. No âmbito do seu estruturado plano de expansão, a aActavis já protagonizou mais de 20 aquisições desde 1999, perpetuando uma contínua tendência de forte crescimento. Em 2006 teve um volume de vendas de aproximadamente 1.4 mil milhões de euros, estimando para este ano atingir os 1.6 mil milhões.
É no âmbito desse programa de expansão que a Actavis chega finalmente a Portugal. A empresa tem como onjectivo criar valor no mercado farmacêutico nacional, quer para os seus colaboradores, mediante a oferta de projectos ambiciosos e novos desafios, e para os seus clientes e para os utentes dos seus produtos, disponibilizando medicamentos genéricos de qualidade. A aquisição dos negócios da Alpharma, cujos produtos passam agora a assumir o logotipo da Actavis, inscreve-se nessa estratégia de alargamento da marca, que passa a totalizar 38 medicamentos (30 dos quais genéricos em várias áreas terapêuticas e 21 apresentações de produtos OTC e dermocosméticos) no mercado luso da Farmácia.

Carla Teixeira
Fonte: Actavis, MediaHealth Portugal, Médicos de Portugal

Merck quer alargar aplicação do Erbitux

Farmacêutica submeteu um pedido de aprovação à EMEA

A Merck KGaA submeteu um pedido de aprovação à Agência Europeia do Medicamento para alargar as indicações de utilização do Erbitux (cetuximab). A farmacêutica alemã pretende que o medicamento seja aplicado enquanto terapia de primeira linha no tratamento do cancro colo-rectal metastático, revela a empresa num comunicado divulgado esta segunda-feira.

O medicamento, utilizado em Portugal desde 2004, é indicado no tratamento de doentes com cancro colo-rectal metastático em associação com irinotecano. “Caso seja aprovada, a utilização do Erbitux enquanto tratamento de primeira linha vai proporcionar uma maior esperança de cura para esses pacientes”, afirma o vice-presidente executivo do departamento de oncologia da Merck Serono, Wolfgang Wein.

A candidatura vai ser avaliada pelo Comité de Especialidades Farmacêuticas para Uso Humano da Agência Europeia do Medicamento (CHMP) e, se receber parecer positivo, o fármaco pode começar a ser utilizado como terapia de primeira linha ainda no segundo semestre do ano, refere o mesmo documento.

As pretensões do laboratório são sustentadas pelo estudo Crystal que demonstrou que, quando associado à quimioterapia comum com irinotecano em primeira linha, o Erbitux aumenta significativamente a taxa de sobrevivência, resposta e reacção.

A Merck comprou à ImClone Systems os direitos do fármaco na Europa e noutros mercados chave.

Marta Bilro

Fonte: Merck, Reuters.

REPORTAGEM

Princípio incluído na lei para a liberalização das farmácias
Medicamentos na internet e ao domicílio


Começou a falar-se no assunto em Março, quando o Governo anunciou a sua intenção de, a breve trecho, proceder à liberalização do sector da farmácia, designadamente no que toca à propriedade e ao esquema de funcionamento daqueles estabelecimentos. No seguimento das primeiras medidas, que despojaram os farmacêuticos da exclusividade da venda de genéricos e medicamentos sem receita, o Executivo de José Sócrates está agora a preparar a venda de medicamentos na internet e ao domicílio. Há anos que a Associação Nacional de Farmácias tem em marcha o Farma 24...

De acordo com o que o farmacia.com.pt conseguiu apurar junto de diversas fontes do sector farmacêutico e da própria Associação Nacional de Farmácias, o serviço Farma 24 consiste exactamente na entrega de medicamentos ao domicílio e funciona 24 horas por dia, 365 dias por ano. O doente pode accionar o serviço por telefone, directamente para a farmácia da sua zona de residência ou para o número nacional 808262728 (chamada local), e duas a três horas depois de feito o pedido recebe comodamente, em sua casa, os fármacos e produtos dermofarmacêuticos de que necessita, mediante pagamento de uma taxa. O Farma 24 está disponível desde 2004, inicialmente numa área geográfica muito limitada, mas que depois se foi expandido, devendo ascender actualmente a um número muito próximo das mil farmácias. No Norte, por exemplo, há já muitas farmácias aderentes ao projecto na zona do Grande Porto, que além da metrópole inclui concelhos como Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Póvoa do Varzim, Valongo, Vila do Conde e Vila Nova de Gaia.
Nas palavras dos responsáveis da ANF, o Farma 24 foi “concebido para dar apoio aos utentes e ajudá-los a ultrapassar eventuais dificuldades com a deslocação à farmácia”. O serviço assenta num bem desenvolvido esquema informático e reforça o contacto dos utentes com os farmacêuticos, sendo a coordenação das entregas processada através de um serviço próprio, especificamente criado para o efeito. O pagamento é realizado no momento da entrega da encomenda, podendo o utente optar por liquidação em dinheiro, cheque ou multibanco, uma vez que o operador estará sempre munido de um terminal de pagamento por aquela via. O Governo parece agora ter-se inspirado nesta medida da Associação Nacional de Farmácias para anunciar que, dentro de pouco tempo, todos os portugueses poderão optar por fazer as suas compras de farmácia ao domicílio ou, em alternativa, na cada vez mais presente internet.
À luz da nova lei da liberalização das farmácias, que deverá entrar em vigor no dia 30 de Outubro, por essa altura já deverá ser possível encomendar determinados produtos pela internet, desde que não se trate de medicamentos sujeitos a receita médica, alargando o âmbito da comercialização dos produtos que actualmente já são vendidos em farmácias, parafarmácias e supermercados. “É preciso garantir que os doentes terão a informação necessária para poderem comprar medicamentos sem apoio de um farmacêutico”, disse em Março, em declarações ao «Diário de Notícias», António Faria Vaz, administrador da Autoridade Nacional do Medicamento e dos Produtos de Saúde (Infarmed), salientando que “comprar medicamentos através da internet não é muito diferente de comprá-los no supermercado”. De acordo com aquele técnico, “se 40 por cento da população compra medicamentos no supermercado, por que não online?”.

Medidas polémicas
Com a entrada em vigor destas novas regras, Portugal deverá aproximar-se de países como o Reino Unido, a Alemanha, a Holanda e a Irlanda, onde já é possível comprar produtos farmacêuticos na internet, contrastando com Espanha e Bélgica, cada vez mais isoladas da “vertente farmacêutica europeia”. Também de acordo com a nova lei, deverá passar a ser possível nas farmácias a administração de vacinas e a prestação de outros serviços de saúde (que o diploma ainda não especifica), que se encontravam previstos já no chamado «Compromisso para a Saúde», que a tutela e a Associação Nacional de Farmácias assinaram há alguns meses, e que no seu ponto 13 refere que “as farmácias podem evoluir para unidades prestadoras de serviços farmacêuticos, para além da dispensa de medicamentos e, nessa medida, deve ser actualizado e ampliado o objecto da sua actividade”.
No mesmo ponto, um dos mais polémicos daquele acordo, lê-se ainda que, “para além da dispensa de medicamentos, passam a constituir objecto da actividade da farmácia os produtos e serviços seguintes: serviços farmacêuticos, designadamente domiciliários, em especial para apoio àterceira idade; produtos naturais; produtos veterinários; produtos de saúde e conforto; vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação da Direcção-Geral de Saúde, administração de medicamentos e primeiros socorros; meios auxiliares de diagnóstico e terapêutica; campanhas de informação e programas de cuidados farmacêuticos”.
São vários entre os 28 pontos do «Compromisso para a Saúde» os que suscitaram viva polémica desde o momento em que foram enunciados, e que entroncou logo na alegada impossibilidade de os farmacêuticos realizarem exames complementares de diagnóstico e prestarem primeiros socorros. O ponto 13 é, no âmbito daquele protocolo, o que mais desagradou aos médicos, que solicitaram a intervenção do Provedor de Justiça, dando conta do que definiram como uma “colisão de competências profissionais”. Nascimento Rodrigues foi instado a apreciar o documento e a enviar a sua posição aos órgãos de soberania, com o presidente do Conselho Regional do Norte da Ordem dos Médicos a avisar que “meios complementares de diagnóstico podem ser muita coisa, desde uma análise laboratorial a uma radiografia”, frisando por esse motivo a necessidade de “que seja bem claro o que é possível realizar nas farmácias, por questões técnicas, e porque cada uma dessas práticas exige profissionais especializados, desde médicos a técnicos de diagnóstico e terapêutica, que não foram sequer ouvidos”, justificou José Pedro Moreira da Silva, asseverando que, nos moldes em que foi concebido, o «Compromisso para a Saúde» “é ilegal”.

Carla Teixeira
Fonte: «Diário Económico», Associação Nacional de Farmácias, «Compromisso para a Saúde», discurso do ministro da Saúde na apresentação da nova proposta de lei