domingo, 9 de setembro de 2007

Portugueses usam e abusam dos anti-inflamatórios

Segundo dados revelados hoje pela Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia, mais de 800 mil portugueses consomem diariamente pelo menos um anti-inflamatório. A banalização destes fármacos pode ter consequências muito graves, causando frequentemente hemorragias no estômago, no fígado ou no duodeno, chegando mesmo a ser mortal em cinco a 10 por cento dos casos.

O vice-presidente da Sociedade, Hermano Gouveia, avisa que “em Portugal anda a banalizar-se demasiado o uso de anti-inflamatórios e as pessoas devem ser alertadas para os riscos. Cerca de 50 por cento dos doentes que tomam anti-inflamatórios têm queixas digestivas e 10 por cento úlceras”.

O risco de morte aumenta com a idade dos consumidores, nas pessoas jovens os riscos são diminutos e na maior parte das vezes os anti-inflamatórios são “inócuos”. Por outro lado, os idosos correm um risco elevado de complicações no uso destes fármacos, já que a idade superior a 60 anos é um dos factores de risco, bem como a existência de um historial de úlcera gástrica ou de problemas cardiovasculares.

Hermano Gouveia alerta para a necessidade de existir sempre uma orientação médica durante o tratamento com anti-inflamatórios, ainda que o “medicamento seja de venda livre”, “sobretudo quando percebemos que a auto-medicação é cada vez mais frequente e que as pessoas tomam muitas vezes um medicamento só porque o vizinho também toma”.

Para além da medicação sem orientação médica, o exagero na dose é outro problema apontado pelo especialista, pois muitas vezes existe a tendência de aumentar a dose do medicamento para rapidamente resolver a dor ou o problema de saúde. No entanto, em situações muito dolorosas, o anti-inflamatório não tem de ser necessariamente a última opção, existindo sempre a alternativa da fisioterapia e cirurgia, bem como o uso de analgésicos, acrescenta o médico.

Inês de Matos

Fonte: Sol