quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Lançamento trágico do talidomida foi há 50 anos

Fármaco da Grünenthal responsável por malformações congénitas; farmacêutica alemã ultrapassa passado dramático e substância renasce no mercado com a Celgene

Depois dos anos negros que se seguiram ao desastre do lançamento da talidomida – há precisamente 50 anos pela Grünenthal e que causou malformações congénitas em mais de 10 mil crianças -, a farmacêutica alemã conseguiu relançar-se no mercado e tem um volume de vendas da ordem dos 700 milhões de euros, noticiou o jornal «Diário Económico».


A talidomida apareceu, há 50 anos, como o único medicamento capaz de acabar com a ansiedade, as insónias e aliviar os enjoos e a má disposição das mulheres grávidas. Contrariamente aos barbitúricos (muito usados naquela altura), o fármaco não apresentava contra-indicações, nem aparentes efeitos tóxicos, nem mesmo com o aumento gradual da dosagem. O certo é que, mais tarde, foi retirado do mercado apontado como responsável pelas malformações congénitas de mais 10 mil crianças. Estes desastres pessoais custaram à Grünenthal milhões gastos em indemnizações.


Desastre na génese da farmacovigilância

Na última década, a substância - (C13H10N2O4) apesar dos efeitos teratogénicos e de potencial risco - foi reintroduzida na literatura médica indicada para doenças graves e de prognóstico reservado. Aliás, ainda na década de 60, a talidomida reapareceu como uma alternativa no tratamento de várias doenças do foro dermatológico. Esta descoberta foi o ponto de partida para novos estudos sobre os efeitos da talidomida, sendo a sua administração para o tratamento do eritema nodoso leproso aprovada pela FDA em 1968. Hoje, diz-se que os problemas descobertos em 1961, marcaram a génese da farmacovigilância, desencadeando a regulação dos ensaios clínicos.

Do seu dramático passado, a substância renasceu para um futuro promissor. Actualmente este fármaco é comercializado pelos laboratórios Celgene com o nome comercial Thalomid. Mas os seus desastrosos efeitos teratogénicos obrigam a que a sua administração esteja sujeita a um apertado sistema de controlo pela FDA e pela Celgene, através de um «Sistema para a Educação sobre a Talidomida e Segurança da sua Prescrição» (STEPS na silga em inglês).


Apenas médicos registados no programa STEPS podem prescrever este medicamento com propriedades anti-angiogénicas, anti-inflamatórias e imunomoduladoras tem, hoje em dia, potencial utilidade em vários quadros clínicos, nomeadamente, em doenças reumáticas, neoplásicas, dermatológicas, hematológicas, inflamatórias, sida, caquexia, insuficiência cardíaca, meningite tuberculosa e outras.

Raquel Pacheco
Fonte: «Diário Económico»/www.ff.up.pt/Netfarma

Portugal vai vigiar mosquitos com impacto na saúde


Programa de colheita e análise arranca em 2008 e cobre todo o país

Portugal terá, em 2008, um programa de vigilância dos mosquitos em todo o território nacional. O objectivo é procurar os vírus que têm impacto na saúde humana.

Com a colaboração da Direcção-Geral de Saúde (DGS) o programa, funcionará, pelo menos, durante um ano. A competência das colheitas será das administrações regionais de saúde e a responsabilidade das análises caberá ao Instituto Nacional de Saúde Ricardo Jorge (INSA).

Em declarações à Agência Lusa, Sofia Núncio, investigadora do INSA adiantou que o instituto dará formação a profissionais das administrações regionais de saúde “para ensinar a fazer as colheitas dos mosquitos, e serão fornecidas armadilhas, equipamentos próprios para capturar mosquitos."

A possibilidade de doenças como a Malária e o Dengue reaparecerem na Europa espoletou nos investigadores e autoridades europeias um olhar mais atento face às patologias transmitidas por mosquitos.

Raquel Pacheco
Fontes: Lusa/OM(Norte)

APF: Portugal apresenta falhas no rastreio ao cancro do colo do útero

Numa altura em que tanto se fala na importância da prevenção, a Associação para o Planeamento da Família (APF) alerta para o facto de Portugal estar a falhar no rastreio ao cancro do colo do útero. Apesar dos testes de despistagem estarem à disposição de todas as mulheres portuguesas de forma gratuita, apenas a região Centro do país tem obtido resultados positivos.

“Só não faz quem não quer”, salienta Maria João Trindade, responsável da APF, “trata-se de um exame gratuito contemplado pelo Plano Nacional de Saúde. É um direito de todo o cidadão português, todos nós podemos e devemos exigir”, acrescentou. Para além disso, a realização do rastreio exige apenas um simples exame ginecológico.

As falhas registadas derivam do “mau funcionamento dos serviços”, nomeadamente porque há falta de recursos humanos na área dos cuidados primários de saúde, considera Maria João Trindade. Ainda assim, na zona Centro há bons resultados, visto que, segundo referiu, é muito raro surgir no IPO (Instituto Português de Oncologia) de Coimbra um carcinoma invasivo.

Aconselhado a todas as mulheres entre os 25 e os 64 anos, o rastreio do cancro do colo do útero pode ser feito no centro de saúde, porém é um exame (citologia) que “sai muito caro ao Serviço Nacional de Saúde”. Apesar disso, o tipo de análise de rastreio ao cancro do colo do útero em Portugal é mais barato do que outra técnica mais avançada já em utilização noutros países - o teste do víruso do Papiloma Humano (HPV).

A principal diferença é que a citologia usada em Portugal tem uma “taxa de sensibilidade mais baixa” do que o teste do HPV, como precisou Daniela Pinto, investigadora do IPO do Porto, a participar no Eurogin - congresso europeu sobre cancro do colo do útero, a decorrer em Monte Carlo, citada pela agência Lusa.

Apesar de admitir que o país não tem capacidade financeira para tal, Maria João Trindade considera que o “ideal” seria incluir a vacina contra o HPV no Programa Nacional de Vacinação. “Uma taxa de 37 por cento de comparticipação da vacina (que no total das três tomas custa 480 euros) já seria razoável”, disse.

Por outro lado, refere Maria João Trindade, há o risco de que uma imunização universal leve as pessoas a descuidarem o rastreio, que deve ser realizado anualmente nos primeiros dois anos e, caso não sejam detectados problemas, pode passar a ser feito com intervalos de três anos.

Actualmente existem duas vacinas contra o cancro do colo do útero, o Gardasil da Merck, e o Cervarix, produzido pela GlaxoSmithKlin, sendo que, de momento, apenas a primeira está disponível no mercado Português. O elevado preço da vacina torna-a inacessível a muitas mulheres portuguesas, pelo que a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde está já estudar uma possível comparticipação do medicamento.

Portugal é um dos países da União Europeia onde as taxas de incidência do cancro do dolo do útero são mais elevadas, com perto de 17 casos por cada cem mil habitantes. Anualmente são diagnosticados cerca de 960 novos casos.

Marta Bilro

Fonte: Diário Digital, Público, Farmacia.com.pt.

Nigéria faz ultimato à Pfizer

Defensores dos direitos humanos ameaçam boicotar produtos da farmacêutica

Na Nigéria o panorama é cada vez mais hostil para a Pfizer. Vários grupos de defensores dos direitos humanos manifestaram-se esta quarta-feira junto aos escritórios da farmacêutica norte-americana na cidade de Kano e ameaçaram organizar uma campanha nacional e internacional de boicote aos produtos e serviços da farmacêutica em todo o mundo. O objectivo é garantir que a multinacional indemnize as famílias das vítimas que alegadamente foram prejudicadas ou faleceram devido à ingestão de Trovan Floxacin (trovafloxacina).

O antibiótico foi utilizado para combater uma epidemia de meningite bacteriana, sarampo e cólera que assolava a Nigéria em 1996, provocando a morte a 12 mil pessoas. No entanto, após a administração do fármaco 11 crianças morreram e 189 sofreram várias deformações, incluindo surdez, cegueira, paralisia e danos cerebrais.

O governo nigeriano alega que o laboratório terá camuflado as suas verdadeiras intenções quando se propôs a ajudar as vítimas de uma epidemia de meningite bacteriana, engendrando “um esquema” para “deformar e esconder as suas principais intenções” e testar os efeitos do medicamento.

A Pfizer rejeitou as acusações desde o início afirmando que o ensaio clínico com Trovan Floxacin levado a cabo no país teve “o aval do Governo nigeriano com todo o conhecimento de causa”. De acordo com a farmacêutica todos os requisitos éticos foram tidos em conta na aplicação do tratamento e “em conformidade com o compromisso da empresa para com a segurança dos doentes”.

Recentemente, o comissário de justiça de Kano ameaçou deter o ex-director executivo da Pfizer, Bill Steere, em conjunto com outros nove funcionários da empresa caso os mesmos não compareçam em tribunal no próximo mês para responder às acusações que lhes são imputadas.

“Acreditamos que só com as indemnizações às vítimas é que haverá paz e justiça…Estamos a fazer um ultimato à Pfizer que termina a 1 de Fevereiro de 2008; caso a Pfizer se recuse a pagar as indemnizações às vítimas do ensaio clínico com Trovan vamos desencadear uma campanha massiva a nível nacional e internacional para que haja um boicote aos produtos serviços da Pfizer”, cita o portal AllAfrica.com.

“Iremos de casa em casa, loja em loja, mercado em mercado. Iremos insistir e apelar ao nosso povo para que deixem de comprar os produtos da Pfizer. A Pfizer é um demónio e uma empresa que perpetrou o mal na Nigéria, e não acreditamos que o nosso povo no Norte da Nigéria, e mesmo o de outras partes de África deva ser usado como cobaia para ensaios clínicos de fármacos prejudiciais que não foram utilizadas em nenhum outro local do mundo”.

Marta Bilro

Fonte: AllAfrica.com, Pharmalot, Farmacia.com.pt.

Amgen suspende construção de nova unidade de produção na Irlanda

A empresa biofarmacêutica Amgen pôs de parte os planos para a construção de um laboratório na Irlanda no valor de 709 milhões de euros e que deveria gerar 1.100 novos postos de trabalho.

A decisão que levou ao adiamento do projecto por tempo indeterminado baseou-se no “ambiente de evolução dos negócios globais da Amgen” e não tem qualquer relação particular com a Irlanda, informou o grupo numa nota emitida esta quarta-feira. A Amgen disse ainda que irá encerrar todas as operações da empresa naquele país, mas que vai manter em sua posse o local onde deveria nascer a nova unidade de produção.

Anunciado no inicio de 2006, o novo laboratório era principalmente destinado à produção de medicamentos para o tratamento da anemia, como é o caso do Aranesp (Darbepoetina alfa), para fornecimento do mercado europeu e deveria estar concluído em 2012.

A Amgen, que viu os negócios afectados devido a um maior controlo nas restrições de regulação dos medicamentos, adoptou uma estratégia de redução de custos que inclui um corte de 14 por cento no número de trabalhadores da empresa, medida anunciada em Agosto.

Marta Bilro

Fonte: LA Times, Reuters.

Recordati adquire Orphan Europe: Uma aposta nas doenças raras

A farmacêutica italiana Recordati anunciou a aquisição da Orphan Europe, uma empresa especializada no desenvolvimento de terapias para o tratamento de doenças raras ou órfãs. O negócio, que envolve 135 milhões de euros, deverá estar concluído até ao final do ano.

“Acreditamos que o mercado dos medicamentos que tratam doenças raras vai crescer significativamente em resultado da identificação de um número crescente de doenças raras e ao aumento da consciencialização que conduz ao diagnóstico e tratamento de mais doentes”, afirmou Giovanni Recordati, director executivo da empresa com o mesmo nome.

As doenças órfãs são descritas pela Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos como aquelas que afectam menos de 200 mil pessoas nos Estados Unidos da América ou as que não apresentam uma “expectativa razoável” de que os custos de desenvolvimento possam vir a ser repostos pelas vendas dos medicamentos. Já na Europa o conceito diverge. A definição oficial europeia indica que uma doença rara é aquela que afecta menos de cinco em casa 10 mil pessoas, e que é fatal ou severamente debilitante.

De acordo com dados da Orphan Europe, actualmente, existem entre 6.000 e 8.000 doenças que encaixam nestas definições e, apesar dos incentivos financeiros ao desenvolvimento de medicamentos órfãos, as terapias comercializadas respondem apenas a 200 a 300 destas doenças.

Giovanni Recordati acredita que a sua empresa pode tirar partido desta situação e deve focar-se em áreas especializadas. A Orphan Europe, agora adquirida pela Recordati, tem subsidiárias em10 países e representações em sete nações. A empresa comercializa, de momento, 10 medicamentos e possui um conhecimento profundo das autoridades e dos procedimentos necessários ao desenvolvimento, aprovação para comercialização e distribuição de medicamentos órfãos.

Marta Bilro

Fonte: DrugResearcher.com, LeRevenu.com.

Merck quer expandir aplicação do Gardasil aos homens

EMEA está a analisar a inclusão de novas indicações para a vacina

A Merck tem planos para alargar a utilização do Gardasil. A hipótese já tinha sido colocada por alguns investigadores e vem agora a confirmar-se com a própria farmacêutica a divulgar as suas intenções de expandir a utilização do Gardasil aos homens. Por outro lado, a Sanofi Pasteur MSD, responsável pela comercialização da vacina na Europa, já submeteu um pedido à Agência Europeia do Medicamento (EMEA) para incluir nas indicações da vacina a prevenção contra o cancro vaginal e vulvar.

O Gardasil, vacina contra o papilomavírus humano (HPV), previne o cancro do colo do útero e outras doenças provocadas pelo HPV, nomeadamente os seus quatro tipos de vírus mais cancerígenos: 06, 11, 16 e 18, e foi pioneira no mercado durante largos meses. Os analistas acreditam, por isso, que o produto possa gerar mais de 990 milhões de euros durante o primeiro ano no mercado norte-americano. Porém, essas previsões podem vir a sofrer alterações, visto que a Merck veio a público afirmar que já deu inicio a estudos para provar que a vacina pode também prevenir infecções nos homens.

“Os homens são os principais transmissores do vírus do papiloma humano”, afirmou Elmar Joura, professor da Escola Médica da Universidade de Viena. “Existem evidências clínicas que justificam a administração do Gardasil em rapazes enquanto medida de saúde primária”, acrescentou.

Por sua vez, a Sanofi Pasteur MSD, que comercializa a vacina na Europa em conjunto com a Merck, submeteu um pedido de actualização da licença do Gardasil junto das autoridades europeias, para incluir a prevenção contra o cancro vaginal e vulvar, provocados pelas estirpes 16 e 18 do vírus do papiloma humano. “A Agência Europeia do Medicamento (EMEA) aceitou a candidatura e já começou a análise”, refere um comunicado emitido pela Sanofi Pasteur.

Este poderá ser mais um trunfo a favor do Gardasil que em Setembro viu chegar ao mercado europeu o seu primeiro rival. O Cervarix, cujos principais alvos são as estirpes 16 e 18 do HPV, responsáveis por cerca de 70 por cento dos casos de cancro do colo do útero, está disponível nalguns países europeus há cerca de uma semana. Porém, a vacina da GlaxoSmithKline não deverá entrar no mercado norte-americano antes de2008.

Benefícios para os rapazes

Um estudo divulgado em Agosto, elaborado por especialistas do Centro Médico Anderson da Universidade do Texas, sugeria que o Gardasil poderia também vir a ser administrado em rapazes adolescentes para ajudar a evitar os casos de cancro relacionados com o sexo oral.

O número crescente de casos em estudo demonstra que o vírus do papiloma humano, responsável pelo cancro do colo do útero, está também relacionado com cerca de metade dos casos de cancro da garganta ou orofaríngeos, referiam os investigadores.

A análise, publicada no jornal “Cancer”, aconselhava os cientistas a apressarem os estudos da vacina contra o HPV em adolescentes do sexo masculino, para que a utilização da vacina pudesse expandir-se.

“Encorajaríamos a industria e os cientistas a estudarem a eficácia em rapazes e homens para que o programa de vacinação possa ser alargado”, afirmou Erich Sturgis, professor de cirurgia de cabeça e pescoço no Centro Médico Anderson e o principal autor do artigo. “Sabemos que os homens estão a ficar expostos e que uma maior proporção de cancros orofaríngeos são causados pelo HPV”, acrescentou.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, Bloomberg, Farmacia.com.pt.

“Banhóleum creme gordo” e produtos da “Karen 2” reintroduzidos no mercado

A Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) autorizou a reintrodução no mercado de novos lotes com novas fórmulas do produto “Banhóleum creme gordo” e de vários produtos da marca “Karen 2”.

Numa nota de carácter urgente, emitida esta quarta-feira, o Infarmed justifica a recolocação no mercado do produto “Banhóleum creme gordo” com base num relatório da sociedade “Sofex Farmacêutica, Lda.”, empresa responsável pelo produto. De acordo com o Infarmed o documento assegura que as embalagens se encontram em conformidade com a legislação em vigor aplicável, designadamente, que os lotes a introduzir, não possuem na sua composição o conservante “Methyldibromo glutaronitrile”.

Por sua vez, a decisão que restitui ao mercado os produtos “Keren 2 Ampolas Antiqueda Bifásicas Mulher”, “Keren 2 Ampolas Antiqueda Bifásicas Homem”, “Keren 2 Ampolas Manutenção Mulher” e “Keren 2 Ampolas Manutenção Homem” da marca “Keren 2”, tem por base algumas garantias semelhantes dadas pela “Nicepharma – Especialidades Farmacêuticas, Lda.”. A empresa responsável pela colocação no mercado dos referidos produtos assegura que as embalagens a introduzir no mercado se encontram em conformidade com a legislação em vigor aplicável, ou seja, que os lotes não possuem na sua composição ou rotulagem o conservante “Methyldibromo glutaronitrile”.

Ambos os produtos foram recolhidos em Agosto depois de ter sido detectada uma inscrição do rótulo que indicava a presença de “Methyldibromo glutaronitrile” na sua composição, ingrediente cuja utilização em produtos cosméticos e de higiene corporal está restrita apenas àqueles que se destinam a ser enxaguados, o que não é o caso destes.

Marta Bilro

Fonte: Infarmed, Farmacia.com.pt.

Solução para a dor crónica pode estar na malagueta

Uma equipa de cientistas norte-americanos descobriu que a substância que faz com que as malaguetas sejam picantes consegue bloquear a dor quando combinada com um anestésico, sem prejudicar o movimento ou outras sensações como o toque.

O estudo foi esta semana divulgado pela revista Nature e contou com o financiamento dos National Institutes of Health (NIH - conjunto de institutos nacionais de saúde dos EUA).

Os investigadores acreditam que este tratamento pode ser usado em procedimentos cirúrgicos e até em crianças de berço, podendo ainda influenciar novos tratamentos para ajudar os milhões de pacientes que sofrem de dor crónica.

Os investigadores combinaram a 'capsaicin', a mesma substância que torna as malaguetas picantes, com uma droga chamada QX-314, derivada da lidocaína, um dos anestésicos locais mais utilizados.

Esta combinação explora uma característica única dos neurónios sensíveis à dor, de forma a bloquear a sua actividade sem danificar as funções das outras células, contrariamente ao que sucede com os analgésicos usados actualmente nas cirurgias, que obstruem a actividade de todos os tipos de neurónios causando torpor, paralisia e outras perturbações do sistema nervoso.

A lidocaína bloqueia os impulsos eléctricos em todas as células nervosas, aliviando assim a dor, sendo que, sozinho, o seu derivado QX-314 não consegue atravessar as membranas das células nervosas para bloquear a respectiva actividade eléctrica.

Contudo, ao combinar este anestésico com a 'capsaicin', os investigadores verificaram que droga abre poros na membrana das células nervosas, denominados canais TRPV1, que se encontram apenas nestas membranas, o que permite que o QX-314 passe, bloqueando assim selectivamente a actividade destas células.

A descoberta surge depois de diversos testes de laboratório, através dos quais os investigadores tinham já percebido que esta combinação aplicada em neurónios isolados de ratos levavam a que os animais conseguissem tolerar melhor o calor do que o habitual.

Posteriormente, procedeu-se à injecção da combinação junto ao nervo ciático dos animais e os ratos tratados não mostraram sinais de dor. Cinco de seis animais continuaram a movimentar-se e comportar-se normalmente, demonstrando assim que a droga pode parar a dor, sem bloquear os neurónios que controlam o movimento.

De acordo com os resultados dos testes, a droga demora cerca de meia hora para bloquear totalmente a dor em ratos e promove o alívio da dor durante várias horas.

Inês de Matos
Fonte: Sol

Unidade móvel inicia campanha de vacinação anti-gripe no concelho de Mértola

A Câmara Municipal de Mértola, no distrito de Beja, anunciou hoje que, já a partir da próxima segunda-feira, os idosos, doentes crónicos e diabéticos do concelho vão poder contar, pela sexta vez consecutiva, com a Unidade Móvel Médico-Social de Mértola, que regressa à estrada para mais uma campanha de vacinação anti-gripe.

Em funcionamento desde 2002, esta unidade móvel já atendeu mais de 5.400 pessoas e mais uma vez, deverá percorrer todas as freguesias do concelho, até dia 08 de Novembro.

De acordo com o município de Mértola, as inscrições podem ser efectuadas nas localidades de residência dos utentes no próprio dia da vacinação, junto da Unidade Móvel Médico-Social. Os diabéticos e doentes crónicos, além do cartão de utente, devem fazer-se acompanhar de um comprovativo da doença, emitido pelo centro de Saúde.

A vacina é gratuita, uma vez que é a autarquia que suporta a totalidade da despesa, mas os beneficiários da campanha têm que residir no município e estar inscritos no centro de Saúde local, que também colabora na iniciativa.

A Unidade Móvel Médico-Social de Mértola é uma carrinha com mobiliário e equipamento médico e conta com uma equipa constituída por um enfermeiro, um assistente social, um psicólogo e um animador social, que trabalham em articulação com técnicos da autarquia e do centro de Saúde.

O serviço destina-se principalmente à população mais idosa e às famílias mais desfavorecidas do concelho.

Para além das campanhas de vacinação contra o vírus da gripe, esta unidade móvel ofereceu já rastreios à diabetes e ao colesterol, bem como acções de sensibilização sobre higiene oral, cancros da pele e da mama, auto-medicação, acidentes domésticos e tabagismo.

O mais recente reconhecimento público que esta unidade móvel recebeu foi o Prémio Nacional de Boas Práticas na Administração Local, na categoria B (sustentabilidade local), atribuido pela Direcção-Geral das Autarquias Locais.

Inês de Matos

Fonte: Lusa
Uma das mais bem equipadas do Brasil
Libbs abre fábrica de medicamentos


A Libbs Farmacêutica inaugurou recentemente em Embu, no Estado de São Paulo, no Brasil, uma das mais modernas e bem equipadas plataformas de desenvolvimento de medicamentos do país. Trata-se do primeiro empreendimento aprovado pelo Programa de Apoio ao Desenvolvimento da Cadeia Produtiva Farmacêutica (Profarma), que representa um investimento de 100 milhões de reais.

A abertura da nova unidade de produção de fármacos coincide com a inauguração do Centro de Desenvolvimento Integrado Libbs, que diz respeito a um consórcio de laboratórios que têm como objectivo desenvolver novas formulações de medicamentos. O projecto inclui ainda uma unidade de química fina vocacionada para a produção de hormonas que a companhia farmacêutica actualmente exporta para diversos países em todo o mundo. Criada em 1958, a Libbs compete num sector caracterizado por um enorme grau de exigência e inovação, com o objectivo de "oferecer medicamentos cada vez mais eficazes, seguros e acessíveis" às populações que deles necessitam. Tecnologia e investigação são as apostas mais vincadas da empresa, que encontrou na automação a resposta para a busca de maior qualidade no processo de produção, escrupulosamente controlada em todas as fases, desde as matérias-primas ao acondicionamento final dos fármacos, sempre de acordo com as normas internacionais. Actualmente a Libbs Farmacêutica é auto-suficiente e desenvolve nos seus laboratórios matérias-primas como amiodarona, tibolona, mazindol, bromoprida, gestodeno, paroxetina, cilostazol e desogestrel.

Carla Teixeira
Fonte: InvestNews, Libbs.com.br

Dívida dos hospitais público atinge pico na actual legislatura
Estado deve 768,3 milhões ao sector farmacêutico

Dois anos e meio depois de o actual governo ter tomado posse, a dívida dos hospitais públicos portugueses à indústria farmacêutica situa-se hoje no valor mais alto da actual legislatura. As entidades públicas empresariais demoram, em média, 379 dias a efectuar os pagamentos aos laboratórios fornecedores de medicamentos e meios de diagnóstico. O montante em dívida ascende já aos 768,3 milhões de euros...

As contas avançadas nesta quarta-feira pelo semanário «Expresso» são da Associação Portuguesa da Indústria Farmacêutica (Apifarma) e concernem um universo de 50 companhias farmacêuticas a que o Serviço Nacional de Saúde adquiriu fármacos e equipamentos a cujo pagamento ainda não procedeu. A Apifarma atesta que transitou do ano passado para este uma dívida de 632,9 milhões de euros, após três meses de contracção, e garante que, desde o passado mês de Janeiro, aquele montante não pára de aumentar.
A variação homóloga do montante em dívida sofreu um aumento de 12,5 por cento, e parte considerável (515,7 dos 768,3 milhões) está a pagamento há mais de três meses, enquanto em Agosto de 2006 a dívida com mais de 90 dias era inferior em 26,4 pontos percentuais à actual. Segundo o «Expresso», também o prazo médio para saldar o pagamento tem vindo a alargar, cifrando-se nos 309 dias em Janeiro para actualmente chegar aos 379. Confrontado com estes números, o Ministério da Saúde adiantou que está a ser preparado "um plano de redução das dívidas do Estado aos fornecedores", que recorrerá ainda às verbas do Orçamento de Estado para este ano. A Apifarma equaciona levar o caso aos tribunais, se a tutela não regularizar a situação de modo pronto.

Carla Teixeira
Fonte: «Expresso»

Psiquiatra americana lança livro que relaciona doença bipolar com criação artística

Foi hoje apresentado em Portugal o primeiro livro que explora a relação entre a doença bipolar e a criação artística. “Tocados pelo Fogo”, da autoria da psiquiatra americana Kay Redfield Jamison, revisita autores como Edgar Allan Poe, Lord Byron, Van Gogh e Virgínia Wolf, artistas bipolares "marcados pela genialidade e pela loucura".

O prefácio da edição portuguesa do livro pertence a José Manuel Jara, psiquiatra do Hospital Júlio de Matos, em Lisboa, para quem "as pessoas com uma vida mais agitada e temperamental, com relações afectivas muito intensas, são mais predispostas para a arte".

"A arte pode funcionar como uma reparação do equilíbrio perdido em consequência da variação de humor", característica da doença bipolar. Para José Manuel Jara, também presidente da Associação de Educação e Apoio na Esquizofrenia, são os estados mais depressivos que levam os doentes bipolares a uma maior predisposição para a criação artística.

Tradicionalmente designada por maníaco-depressiva, a doença bipolar é uma patologia psiquiátrica caracterizada por variações acentuadas do humor na mesma pessoa, com crises repetidas de depressão e de euforia, com repercussão nas sensações, emoções, ideias e no comportamento.

Na opinião do psiquiatra esta é “uma doença misteriosa”, que contem "uma parte criativa muito importante, que representa uma coincidência entre a genialidade e a loucura". No entanto, a ideia de que a criatividade se esgota com o tratamento da doença é, segundo Jara, um mito que é preciso explicar, pois considera que "o tratamento dos doentes bipolares deve ser acompanhado de forma a não eliminar a sua criatividade".

Ao longo da história, diversos são os casos de artistas que eram "génios marcados pela loucura”, como Lord Byron, poeta britânico associado ao Romantismo, e Schumann, "um talento musical e também literário", aponta o psiquiatra. No panorama nacional os exemplos são também inúmeros, como Antero de Quental, Florbela Espanca ou Mário de Sá Carneiro, três escritores cuja obra reflecte uma brusca oscilação de humor, culminando com o suicídio.

José Manuel Jara considera a obra "útil, com muitos dados científicos e também de grande valor literário". "No fundo, é um livro que representa um interface entre a medicina e as ciências humanas e que consegue um bom equilíbrio entre o aspecto científico e artístico".

Kay Redfield Jameson é também autora do livro "Uma Mente Inquieta", no qual aborda a sua própria experiência enquanto doente bipolar. Autora de vários livros, é professora de psiquiatria na Escola de Medicina da Universidade John Hopkins, Estados Unidos, sendo considerada uma das maiores especialistas norte-americanas em desordem bipolar.

Inês de Matos

Fonte: Lusa