segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Exercício pode aumentar produção de antidepressivo natural no cérebro

Investigadores da Escola de Medicina da Universidade de Yale em New Haven, nos Estados Unidos, descobriram uma molécula com propriedades antidepressivas que é produzida pelo cérebro como resultado do exercício físico. As conclusões da investigação foram publicadas na edição digital da revista “Nature Medicine”, apontando novas formas para tratar a depressão.

Segundo relataram os investigadores norte-americanos, o exercício parece aumentar a produção de um químico que ocorre naturalmente no cérebro com efeitos antidepressivos em ratos.

Estudos têm descoberto que o exercício pode ajudar a aliviar os sintomas da depressão, mas as razões para este benefício ainda não tinham sido clarificadas. Para o novo estudo, os cientistas, dirigidos pelo Dr. Ronald Duman, utilizaram uma ferramenta chamada “microarray”, microchips de ADN, para examinar a forma como o exercício alterou a actividade dos genes nos cérebros dos ratos, e para identificar os genes cuja expressão muda. Os investigadores focaram-se numa região do cérebro, o hipotálamo, que tem sido implicado na regulação do humor e na resposta do cérebro à medicação antidepressiva.

Os cientistas descobriram que os ratos que tinham tido uma semana cheia de exercícios numa roda giratória demonstraram actividade alterada num total de 33 genes, a maioria dos quais nunca tinha sido identificada antes. Em particular, o exercício aumentou a actividade no gene que codifica um factor de crescimento do nervo, conhecido por VGF. Os factores de crescimento do nervo são pequenas proteínas importantes no desenvolvimento e manutenção das células nervosas.

Além disso, quando os autores administraram uma versão sintética do VGF no cérebro dos ratos, este produziu um efeito antidepressivo robusto em testes estandardizados em animais colocados em situações de stress.

As descobertas apontam o VGF como alvo para novos fármacos antidepressivos, segundo Duman e os seus colegas. Este tipo de medicamentos iriam actuar através de um mecanismo completamente diferente em relação aos antidepressivos existentes, que são efectivos para cerca de 65 por centos dos pacientes, sublinharam os investigadores.

Segundo o principal investigador, a maior descoberta é ter sido identificado um factor chave que está por detrás dos efeitos antidepressivos do exercício, uma informação que pode ser utilizada para o desenvolvimento de novos agentes terapêuticos.

Isabel Marques

Fontes: AZPrensa, Reuters Índia

FDA concede revisão prioritária ao Treanda para a Leucemia Linfocítica Crónica

A agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) concedeu o estatuto de revisão prioritária ao Treanda (hidrocloreto de bendamustina), da companhia biotecnológica Cephalon Inc, para o tratamento de primeira linha da Leucemia Linfocítica Crónica (LLC).

O Treanda é um análogo de purina/alquilante híbrido. Os dados pré-clínicos demonstram que este híbrido actua em duas formas para matar as células cancerígenas. O Treanda danifica o ADN nas células cancerígenas, o que leva ao modo normal da morte das células, “apoptose”, ou morte celular programada. Também impede que estas células se dividam para criar novas células cancerígenas. Esta acção dupla do fármaco pode ser atribuída ao seu desenho químico único.

A agência concedeu o estatuto de medicamento órfão ao Treanda para o tratamento da LLC em Agosto de 2007, o que poderá resultar em sete anos de comercialização exclusiva para esta indicação, caso seja aprovado. A Cephalon apresentou a candidatura do Treanda para o tratamento da LLC em Setembro de 2007, e a FDA irá tomar uma decisão no final de Março de 2008.

A FDA concede o estatuto de revisão prioritária a fármacos que, caso sejam aprovados, irão fornecer grandes avanços nos tratamentos, ou que poderão proporcionar um tratamento aos pacientes quando não existe uma terapia adequada. Quando um fármaco recebe o estatuto de revisão prioritária significa que a FDA irá avaliar e decidir se o aprova em seis meses, em vez dos habituais dez ou mais meses.

A companhia também está a estudar o fármaco para o tratamento do Linfoma de Não- Hodgkin.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney

Merck & Co e Addex desenvolvem fármacos para Parkinson

A norte-americana Merck & Co Inc, através da sua filial Merck Sharp & Dohme Research Ltd, entrou num acordo de colaboração com a companhia biotecnológica suíça Addex Pharmaceuticals para o desenvolvimento de uma nova classe de fármacos disponíveis oralmente para tratar a doença de Parkinson, e para outras doenças, num negócio que poderá render à companhia helvética mais de 170 milhões de dólares.

O acordo entre as duas companhias visa descobrir e desenvolver moduladores alostéricos positivos que atingem o receptor de glutamato metabotrópico ou mGluR4. O glutamato é um neurotransmissor chave no cérebro humano, uma importante molécula sinalizadora envolvida no controlo de múltiplas funções cerebrais, desde o controlo motor ao humor.

Crê-se que a activação selectiva do mGluR4 é uma forma de contornar o sistema de dopamina e que pode corrigir os circuitos que regulam a excitabilidade motora. Isto tem o potencial de fornecer benefícios paliativos significativos na doença de Parkinson. A Addex apontou que os investigadores da Merck ajudaram a definir o potencial terapêutico de atingir o mGluR4 para tratar a doença de Parkinson.

A Merck e a Addex irão colaborar no desenvolvimento pré-clínico, e a Merck irá assumir independentemente o desenvolvimento clínico. A Addex tem a opçao de co-promoção em determinados países da União Europeia, e irá participar num comité conjunto de supervisão para o desenvolvimento clínico.

A Merck & Co irá efectuar um pagamento inicial à Addex no valor de 3 milhões de dólares, e será elegível para pagamentos de investigação, desenvolvimento e reguladores quando forem atingidos objectivos, na ordem dos 106,5 milhões de dólares para o primeiro produto desenvolvido para múltiplas indicações.

Outros pagamentos por objectivos até 61 milhões de dólares poderão ser efectuados caso sejam desenvolvidos mais um ou dois fármacos. A Addex irá ainda ser elegível para receber regalias sobre as vendas de qualquer produto resultante desta colaboração, contudos estes valores não foram revelados.

A doença de Parkinson é um distúrbio do movimento debilitante devido à morte ou danificação de determinadas células nervosas no cérebro que produzem moléculas sinalizadoras, conhecidas como dopaminas. A maior parte dos sintomas associados à doença de Parkinson, como tremores, rigidez e lentidão são causados pela falta de dopamina.

Isabel Marques

Fontes: www.networkmedica.com, Reuters, CNNMoney, www.rttnews.com

Antidiabético Avandia aumenta risco de fractura óssea

Medicamento estimula acção de células que degradam ossos

O Avandia (maleato de rosiglitazona), um medicamento da GlaxoSmithKline destinado ao tratamento da diabetes, estimula a actividade de uma célula que conduz ao processo normal de reabsorção dos ossos, tornando-os mais dispostos a fracturas. A conclusão resulta de um novo estudo publicado na revista “Nature Medicine”.

Alguns estudos anteriores tinham já sugerido a existência de um risco acrescido de fracturas ósseas entre as mulheres medicadas com Avandia. Esta nova análise vem agora oferecer uma explicação.

O risco de fractura era inicialmente atribuído à acção do medicamento para inibir um determinado tipo de células, os osteoblastos, responsáveis pela construção do osso. O novo estudo, elaborado em ratos, revelou que o medicamento pode também enfraquecer o osso ao impulsionar a acção dos osteoclastos, células que degradam o osso naturalmente.

Os ossos do corpo são saudáveis quando se mantém o equilíbrio entre os osteoclastos e os osteoblastos, as células que constroem os ossos. Se alguma destas células sofre alterações de número, os ossos tornam-se mais finos, mais frágeis e mais aptos à ocorrência de fracturas.

“O nosso estudo sugere que a utilização da rosiglitazona a longo prazo no tratamento da diabetes tipo II pode causar osteoporose devido à reabsorção do osso e à diminuição de formação óssea. Uma vez que o Avandia é eficaz no controlo da glucose e na reestruturação do equilíbrio da insulina no organismo, não recomendamos que os pacientes parem o tratamento. Devem-se equilibrar os benefícios e as complicações”, afirmou Ron Evans, professor no “Salk Institute for Biological Studies”, em La Jolla, na Califórnia, e autor do estudo.

O Avandia e e outros quatro fármacos da mesma classe foram associados a um aumento do risco de ocorrência de ataque cardíaco. A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos resolveu acrescentar novas advertências às características do medicamento, mas não suspendeu a sua comercialização.

Situação semelhante ocorreu na Europa, onde o antidiabético permanece no mercado. Depois de avaliar a segurança cardíaca do fármaco, a Agência Europeia de Medicamentos (EMEA) concluiu que os benefícios são superiores aos riscos.

Esta descoberta poderá agora contribuir para uma melhor compreensão dos efeitos secundários de medicamento, fornecendo uma base para o desenvolvimento de um novo fármaco que os possa eliminar.

Marta Bilro

Fonte: Reuters, eFluxMedia, USnews.com.

Novartis fixa acordo com MorphoSys para aceder a anti-corpos humanos

A farmacêutica suíça Novartis prepara-se para fazer um pagamento no valor de 409 milhões de euros à empresa de biotecnologia alemã MorphoSys como parte de um acordo para o desenvolvimento de fármacos baseados em anti-corpos humanos.

O montante total envolvido na parceria, que deverá prolongar-se durante 10 anos, poderá ser superior a 680 milhões de euros, dependendo dos pagamentos por objectivos inerentes ao sucesso de desenvolvimento clínico e às aprovações de comercialização dos produtos.

De acordo com um comunicado divulgado este Domingo pelas duas empresas, a Novartis poderá dispor de acesso quase exclusivo à biblioteca de anticorpos humanos da MorphoSys e a quaisquer avanços futuros alcançados durante a colaboração.

O acordo surge na sequência de uma colaboração já existente, que tinha sido suspensa em 2004. A Novartis reserva a opção de prolongar o acordo por mais dois anos, ou de lhe pôr termo passados sete anos caso se verifiquem determinadas circunstâncias, adiantou a MorphoSys.

“Este é um acordo transformador para a MorphoSys”, afirmou o director executivo da empresa Simon Moroney. “Esta aliança proclama um novo capítulo no nosso desenvolvimento corporativo”, acrescentou.

Os anticorpos terapêuticos inteiramente humanos evitam a utilização de matéria animal para reduzir o risco de reacções adversas nos pacientes. Os medicamentos de anticorpos actualmente comercializados permitiram revolucionar o tratamento de doenças como a artrite reumatóide ou determinados cancros, porém a sua utilização é limitada devido ao seu tamanho molecular.

Marta Bilro

Fonte: Guardian Unlimited, Reuters.

Lacunas no funcionamento da FDA põem cidadãos em risco

Relatório alerta para incapacidades logísticas e falta de funcionários

A Administração Norte-Americana dos Alimentos e Fármacos (FDA) tem falta de financiamento para poder acompanhar os avanços científicos, uma lacuna que pode estar a pôr em perigo a vida dos cidadãos, alertam os conselheiros da entidade reguladora dos Estados Unidos da América.

A FDA sofre de uma “pletora de incapacidades”, incluindo uma taxa de inspectores de alimentos “extremamente baixa” e uma falta de cientistas que compreendam as novas tecnologias, afirma o relatório elaborado pelo subcomité de um painel externo. As conclusões vão ser discutidas esta segunda-feira, noticia a Bloomberg.

De acordo com a análise destes especialistas, a FDA precisa de mais fundos monetários e melhores sistemas informáticos. Para além disso, deveria ser reestruturada para integrar um líder científico. A autoridade reguladora norte-americana dispõe de um orçamento superior a 1,3 mil milhões de euros e fiscaliza, anualmente, a comercialização de mais de 1 bilião de produtos, incluindo alimentos, medicamentos, cosméticos e dispositivos médicos.

“Sem um aumento substancial de recursos, a agência não tem poder para melhorar o seu desempenho” tornando-se incapaz de ir ao encontro das expectativas dos consumidores norte-americanos, salienta o relatório. Esta situação “vai prejudicar não só a saúde da população dos EUA, mas também a saúde da nossa economia”, acrescentam os responsáveis pelo estudo.

O relatório descreve ainda vários avanços científicos em áreas como o genoma ou a nenotecnologia, frisando que a FDA não pode monitorizar os produtos adequadamente uma vez que não consegue acompanhar a ciência. A FDA sofre de “sérias deficiências científicas”, conclui o documento.

Ao longo da última década a FDA tem vindo a recebe cada vez mais relatórios sobre efeitos secundários associados a medicamentos prescritos e não houve um aumento de funcionários que pudessem revê-los, refere o estudo que acusa também o Congresso de exigir que a FDA assuma mais responsabilidades sem lhe providenciar os devidos financiamentos para contratar funcionários.

Marta Bilro

Fonte: Bloomberg, Azstarnet.com, Tennessean.com.