terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Fármacos para anemia podem estar ligados a maior risco de leucemia

Os fármacos para a anemia da Amgen Inc., Aranesp e Epogen, e da Johnson & Johnson, Procrit, podem aumentar o risco de desenvolver leucemia em pacientes com mielofibrose primária, uma doença da medula óssea, de acordo com dados de uma análise de relatórios de pacientes apresentados no encontro da Sociedade Americana de Hematologia.

No estudo, os investigadores da Clínica Mayo reviram os registos de 311 pacientes com mielofibrose primária entre 1976 e 2006. As descobertas demonstraram que o Aranesp, Epogen e Procrit estavam ligados a leucemia em 27 pacientes que desenvolveram a doença.

O director executivo de relações médicas para a Aranesp Oncology, da Amgen, Tom Lillie, comentou que os pacientes que tomam fármacos para a anemia tendem a estar mais doentes, e a leucemia pode ter sido causada por outros factores. Lillie acrescentou que nenhuma resposta definitiva pode ser determinada, a não ser que os investigadores conduzam um ensaio clínico controlado, uma declaração que foi sustentada pelo investigador principal do estudo e hematologista da Clínica Mayo, Ayalew Tefferi.

Segundo Tefferi, as descobertas necessitam ser confirmadas num ensaio delineado para responder à questão referente aos riscos dos fármacos antianémicos. Tefferi acrescentou que embora não se possam tomar estas descobertas como absolutas, ao mesmo tempo não podem ser ignoradas. As decisões de tratamento relativamente à utilização dos fármacos para a anemia em pacientes com mielofibrose primária devem ser avaliados cuidadosamente.

Como os pacientes com mielofibrose primária se sentem fatigados, por vezes tomam fármacos para a anemia para estimular o crescimento dos glóbulos vermelhos, que transportam o oxigénio.

Estudos anteriores associaram os fármacos para a anemia a ataques cardíacos, acidentes vasculares cerebrais, e morte quando utilizados em doses elevadas.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Bloomberg

GSK e OncoMed desenvolvem tratamentos para células estaminais cancerígenas

A GlaxoSmithKline Plc (GSK) e a OncoMed Pharmaceuticals entraram num acordo estratégico mundial para descobrir, desenvolver e comercializar anticorpos terapêuticos que atinjam as células estaminais cancerígenas, que parecem ser resistentes tanto à quimioterapia como à radioterapia. A tecnologia da OncoMed atinge o caminho de actividade que as células necessitam para sobreviver.

A OncoMed foca a descoberta e desenvolvimento de anticorpos terapêuticos para células estaminais cancerígenas. A estratégia da OncoMed é melhorar os tratamentos oncológicos ao atingir especificamente os caminhos biológicos chave, críticos para a actividade e sobrevivência das células estaminais cancerígenas. Os anticorpos da OncoMed, que atingem as proteínas das células estaminais cancerígenas, têm o potencial de serem desenvolvidos contra um leque de tipos de tumores sólidos, tais como, cancros da mama, cólon, próstata, e pulmão. Pensa-se que estas células tenham um papel chave no estabelecimento, metástase e recorrência do cancro.

Segundo os termos do acordo, a GSK terá a opção de licenciar quatro produtos candidatos da OncoMed, incluindo o anticorpo monoclonal OMP-21M18, que se espera que inicie os ensaios clínicos no próximo ano. A OncoMed será elegível para pagamentos quando forem atingidos objectivos até 1,4 mil milhões de dólares, como parte do acordo.

A OncoMed irá receber um pagamento não revelado que inclui dinheiro e investimentos equitativos, e será elegível para receber regalias sobre as vendas de qualquer um dos produtos que chegue ao mercado.

Células estaminais cancerígenas

As células estaminais cancerígenas, um pequeno subgrupo de células encontradas nos tumores, têm a capacidade de se auto-renovar e diferenciar, e de iniciar e levar ao crescimento, recorrência e metástase do tumor. Também chamadas de células iniciadoras de tumor, estas células foram descobertas pelos fundadores científicos da OncoMed no cancro da mama e foram, subsequentemente, identificadas em muitos outros tipos de tumores sólidos, incluindo: cólon, cabeça e pescoço, pulmão, próstata, glioblastoma e pâncreas. As células estaminais cancerígenas parecem ser preferencialmente resistentes a ambas as terapias habituais, tanto quimioterapia, como radioterapia.

Isabel Marques

Fontes: First Word, Forbes, Philadelphia Business Journal, GlaxoSmithKline

Novo método permitirá diagnosticar cancro através de análise celular

Descoberta abre caminho a novas oportunidades de diagnóstico e tratamento

Segundo um estudo da Universidade da Califórnia em Los Angeles, nos Estados Unidos, as células cancerígenas são mais moles do que as células saudáveis. A diferença de plasticidade das células cancerígenas converte-se numa assinatura mecânica que poderá ser uma forma de detectar o cancro em testes clínicos, e também poderá ter aplicações na medicação personalizada.

Os investigadores, dirigidos pelo Professor James Gimzewski, demonstraram que as células do cancro, retiradas do fluido corporal de pacientes com cancro do pulmão, da mama e do pâncreas, são 70 por cento mais moles do que as células benignas. A descoberta, publicada na edição digital da revista “Nature Nanotechnology”, poderá dar lugar a novos métodos de diagnóstico.

Os investigadores utilizaram a nanotecnologia para diagnosticar se é provável que as células cancerígenas invadam o organismo, após terem descoberto que estas são mais moles do que as células normais. Quando o cancro metastiza, quando se espalha e invade outros órgãos, as células cancerígenas têm de viajar pelo organismo. Como as células necessitam entrar na corrente sanguínea, têm de ser muito mais flexíveis, ou moles, do que as outras células.

Os testes convencionais detectam cerca de 70 por cento dos casos nos quais as células cancerígenas estão presentes. Mas a equipa de investigadores relatou que o microscópio consegue distingui-las facilmente, representando uma das primeiras vezes em que os investigadores conseguiram pegar em células vivas de pacientes com cancro e utilizar a nanotecnologia para analisar quais eram cancerígenas e quais não eram. A equipa utilizou um Microscópio de Força Atómica para medir a consistência das células.

Ainda que os pacientes tivessem antecedentes clínicos muito diferentes, os diferentes tipos de células cancerígenas mostraram valores similares de rigidez, pelo que os estados de doença e saúde puderam ser identificados com clareza. Além disso, as células normais que pareciam similares às células cancerígenas puderam distinguir-se com esta técnica.

Contudo, antes que o método possa ser utilizado no âmbito clínico, serão necessários mais estudos para analisar a influência que as outras doenças existentes têm nas propriedades mecânicas das células normais e cancerígenas.

Os investigadores posteriormente irão explorar se estes tipos de análises de consistência podem ser utilizados para personalizar tratamentos para o cancro. Segundo um dos investigadores, existem terapias de quimioterapia standard, mas a resposta varia de paciente para paciente.

Se os investigadores conseguirem testar as células cancerígenas antecipadamente, poderão potencialmente utilizar fármacos e terapias que possam tornar as células mais duras, fazendo com que seja mais difícil para as células doentes espalharem-se pelo organismo.

Isabel Marques

Fontes: www.azprensa.com, www.telegraph.co.uk