quarta-feira, 16 de janeiro de 2008

Terapia de substituição hormonal pode aumentar risco de cancro lobular da mama

Resultados de um estudo sugerem que a terapia de substituição hormonal (TSH) combinada de estrogénio/progestina pode aumentar o risco de cancro lobular da mama, após apenas três anos. As descobertas foram publicadas na edição de Janeiro da “Cancer Epidemiology, Biomarkers and Prevention”.

Segundo o investigador principal, o Dr. Christopher Li, do Centro de Investigação do Cancro Fred Hutchinson, investigações anteriores indicavam que era necessária a utilização de terapia hormonal combinada durante cinco ou mais anos para aumentar o risco geral de cancro da mama.

Contudo, o investigador acrescentou que este estudo, o primeiro especificamente delineado para avaliar a relação entre as terapias de terapia de substituição hormonal e os cancros de mama lobulares, sugere que uma exposição significativamente mais pequena pode conferir um risco aumentado.

No ensaio, os investigadores examinaram os historiais de 1 044 mulheres na pós-menopausa com cancro da mama e 469 mulheres na pós-menopausa sem a doença. Os resultados demonstraram que aquelas que tomaram TSH combinada, pelo menos, durante três anos apresentaram uma possibilidade três vezes maior de desenvolver tumores lobulares da mama, em comparação com aquelas que não tomaram a terapia.

Peritos têm indicado que a incidência de cancro lobular está a aumentar, e o Dr. Li comentou que a investigação da sua equipa sugere que a utilização de terapias de substituição hormonal pós-menopáusica, especialmente as preparações combinadas, podem estar a contribuir para este facto.

O cancro da mama lobular é pouco comum, mas particularmente imperceptível, porque o cancro não forma protuberâncias na mama.
Isabel Marques

Fontes: First Word, Reuters, www.upi.com

CE aprova Avamys para a rinite alérgica

A Comissão Europeia (CE) concedeu autorização de comercialização ao fármaco Avamys (fluticasona furoato), da GlaxoSmithKline, para o tratamento dos sintomas da rinite alérgica. O tratamento é o primeiro corticoesteróide intranasal a demonstrar melhoras consistentes significativas, tanto em sintomas de alergia no nariz como nos olhos.

Na União Europeia (UE), o spray nasal de utilização única diária está indicado para ser usado por adultos, adolescentes e crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 11 anos. A aprovação baseia-se nos dados que incluem resultados de cinco ensaios clínicos de Fase III que envolveram pouco mais de 1 800 pacientes com alergias sazonais e perenes.

O spray nasal pode agora ser prescrito aos cerca de 60 milhões de pacientes na UE que sofrem de rinite alérgica aguda. O fármaco foi aprovado pela agência norte-americana que regula os medicamentos (FDA) em Abril de 2006, e é comercializado como Veramyst nos Estados Unidos.

A decisão já era esperada, após os reguladores europeus terem emitido uma opinião positiva relativamente ao Avamys em Outubro, sendo que, normalmente, a CE segue estas recomendações.

Isabel Marques

Fontes: First Word, The Guardian, CNN Money, www.pharmatimes.com

Investigador português descobre papel de determinadas gorduras na Alzheimer

Uma equipa de investigadores, liderada pelo português Ivo Martins, do Instituto Biotecnológico da Flandres, descobriu que determinadas gorduras podem activar no cérebro as placas de proteínas, ou placas neuríticas, características da Alzheimer, e que o metabolismo lipídico do paciente pode contribuir para o avanço da doença.

Segundo Ivo Martins, antes deste trabalho, que foi publicado na “The EMBO Journal”, as placas eram vistas como relativamente inofensivas, como a última etapa da doença, mas os investigadores descobriram que, na realidade, são “bombas-relógio” prontas a serem despoletadas ao interagirem com lípidos.

Até ao momento, pensava-se que as fibrilas, e as placas provocadas por estas, eram estáveis e que, uma vez formadas, não podiam transformar-se noutra estrutura. Os investigadores demonstraram que determinados lípidos, que aparecem no cérebro, podem desestabilizar as fibrilas e, por consequência, as placas típicas da Doença de Alzheimer. A acumulação da proteína beta-amilóide é responsável pela formação de placas que provocam a destruição de neurónios.

A investigação demonstrou ainda que são os componentes solúveis que provocam a morte dos neurónios, e não as placas insolúveis. Estes resultados identificam estes componentes solúveis protofibrilares como novos alvos para abordar a doença, e alertam ainda para o facto das placas insolúveis serem reservatórios de toxicidade que podem ser controlados.

A descoberta possibilita a criação novos métodos de combate a esta doença, especialmente no que diz respeito ao controlo do metabolismo lipídico e à neutralização da formação e toxicidade das protofibrilas.

Segundo o estudo, os distúrbios no metabolismo lipídico do doente têm o potencial para influenciar o desenvolvimento da doença, e pode ser a razão pela qual, muitas vezes, a extensão das placas insolúveis no cérebro de doentes com Alzheimer não corresponde à gravidade da doença.

O investigador Ivo Martins declarou que a equipa já está a trabalhar no próximo passo, isto é, na produção de novos fármacos e/ou anticorpos capazes de controlar as fibrilas neurotóxicas.

Isabel Marques

Fontes: Diário Digital, Público

Fármaco ajuda a reparar ossos danificados

Um fármaco delineado para tratar o envenenamento por ferro, a deferoxamina, pode ajudar a aumentar a capacidade do organismo reparar o osso danificado, segundo investigadores norte-americanos.

Num estudo, publicado na versão online da “Proceedings of the National Academy of Sciences”, os investigadores injectaram deferoxamina em ossos partidos de ratos e a densidade óssea, com o fármaco, mais que duplicou para 2,6 milímetros cúbicos, em comparação com os 1,2 milímetros cúbicos nos ossos não tratados.

Também houve aumentos significativos do número de novos vasos sanguíneos, e excelente conectividade entre esses vasos. Os novos vasos sanguíneos são requeridos para regenerar o osso com força igual ou melhor do que os ossos originais.

No estudo, os investigadores afirmam que a deferoxamina activa o caminho da célula que ajuda o organismo a responder a baixos níveis de oxigénio, que frequentemente acompanham as fracturas, ao activar o crescimento de novos vasos sanguíneos que, por sua vez, faz com que o osso regenere e sare.

O co-autor do estudo, o Dr. Shawn Gilbert da Universidade de Alabama, afirmou que com a deferoxamina a activar este caminho, foi provado um ponto significativo: é possível explorar maneiras novas, seguras e acessíveis para impulsionar a reparação óssea.

Os tratamentos actuais utilizam proteínas complexas, que são dispendiosas de fabricar e que custam milhares de dólares por dose. O tipo de agente utilizado neste estudo é um fármaco simples de pequenas moléculas que custa centenas de dólares, acrescentou ainda o autor.

Gilbert disse que este caminho das células é um alvo primário para futuros estudos humanos utilizando deferoxamina e outros fármacos para fortalecer o potencial do organismo na reparação óssea, especialmente dado que o fraco fornecimento de sangue é comum em fracturas e doenças dos ossos.

As descobertas envolvendo este caminho têm implicações mais abrangentes, para melhorar o tratamento de fracturas ósseas, doenças dos ossos e outros distúrbios músculo-esqueléticos, segundo os investigadores.

A deferoxamina é um fármaco que se liga ao excesso de ferro no organismo e ajuda à sua excreção através dos intestinos e da bexiga, um processo por vezes denominado de quelação do ferro. A deferoxamina é utilizada para tratar uma variedade de condições médicas, incluindo excesso de ferro, envenenamento do sangue devido a transfusão sanguínea e em combinação com diálise.

Isabel Marques

Fontes: www.upi.com, ScienceDaily