quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Meta-análise: Nexavar aumenta risco de hipertensão

Resultados de uma meta-análise sugerem que o fármaco oncológico Nexavar (sorafenib), da Bayer AG e da Onyx Pharmaceuticals Inc, aumenta o risco de hipertensão. Contudo, um porta-voz da Bayer comentou que a rotulagem do fármaco já ressalta esse risco.

No estudo, publicado na “The Lancet Oncology”, os investigadores analisaram dados de nove ensaios que envolveram um total de 4 599 pacientes com cancro do rim e outros tumores sólidos. Os resultados demonstraram que o Nexavar foi associado a um aumento significativo do risco de hipertensão. Os investigadores declararam que é fortemente recomendado monitorizar e tratamento apropriado para prevenir complicações cardiovasculares.

Os investigadores descobriram que os pacientes tratados com Nexavar têm uma possibilidade 23 por cento mais elevada de ter um aumento da pressão sanguínea do que aqueles que não tomam o fármaco.

Segundo os investigadores da Universidade Estatal de Nova Iorque, Shenhong Wu, Stoney Brook e colegas, a detecção precoce e uma gestão efectiva da hipertensão podem permitir uma utilização mais segura deste fármaco. Contudo, serão necessários estudos futuros para identificar o mecanismo e tratamento apropriado da hipertensão induzida pelo sorafenib.

Em resposta ao artigo publicado, o porta-voz da Bayer, Oliver Renner, afirmou que a rotulagem do produto actualmente aprovada para o Nexavar declara que pode ocorrer hipertensão, geralmente no início da terapia, e que esta é gerida com agentes anti-hipertensivos.

O tratamento está aprovado para o cancro do rim avançado em mais de 60 países, na Europa e nos Estados Unidos. A Bayer também recebeu aprovação para indicações para o cancro do fígado e está à procura de expandir a utilização do fármaco para outros tipos de cancro.

O Nexavar pertence a uma nova classe de tratamentos oncológicos conhecidos como inibidores da quinase, que desactivam as enzimas que activam o crescimento das células dos tumores ou a divisão celular.

Isabel Marques

Fontes: First Word, CNN Money, Reuters

Spray nasal de água do mar ajuda a curar constipações em crianças

Uma solução salina nasal feita a partir de água do mar processada pode melhorar mais depressa os sintomas nasais e diminuir a tosse e sintomas da constipação em crianças, segundo investigadores checos.

Os investigadores do Hospital Universitário de Brno, na República Checa, distribuíram aleatoriamente 401 crianças, com idades compreendidas entre os seis e os dez anos, com constipação ou gripe por dois grupos de tratamento. Um grupo recebeu medicação habitual, tais como descongestionantes nasais, e o outro para além disso também recebeu uma lavagem nasal com uma solução de água do mar processada.

Os pacientes foram observados num total de 12 semanas, desde Janeiro a Abril de 2006, durante os quais foram avaliados o seu estado de saúde, os sintomas e a utilização de medicação, em quatro visitas no decorrer do ensaio.
As crianças do grupo da solução salina receberam a fórmula seis vezes por dia durante a primeira fase e três vezes por dia durante a fase de prevenção, em uma das três doses.

O estudo, publicado na edição de Janeiro da “Archives of Otolaryngology”, descobriu que na altura da segunda visita os narizes dos pacientes que estavam a utilizar a solução salina estavam menos congestionados e com menos corrimento. Durante a fase de prevenção, oito semanas após o estudo ter iniciado, os do grupo da solução salina apresentava gargantas inflamadas, tosses, obstruções nasal e secreções significativamente menos graves do que aqueles com tratamento standard.

Poucas crianças no grupo da solução tiveram de utilizar fármacos antipiréticos, descongestionantes nasais e medicamentos para dissolver o muco ou antibióticos, segundo revelaram os investigadores. Adicionalmente, as crianças que utilizaram o spray ficaram menos vezes doentes e faltaram menos dias à escola.

Os autores, o Dr. Ivo Slapak e colegas, afirmaram que esta solução preserva as concentrações de iões e elementos vestigiais a níveis comparáveis aos da água do mar. Pode ser que a água do mar tenha um simples efeito mecânico de limpar o muco, ou pode ser que elementos vestigiais na água tenham um papel mais significante, apesar de não ser conhecida a razão exacta pela qual a solução funciona.

Isabel Marques

Fontes: www.upi.com, Reuters

GSK desiste de ensaios clínicos em Portugal devido a burocracia e lentidão

A GlaxoSmithKline (GSK) vai deixar de realizar ensaios clínicos em Portugal, devido à burocracia e à lentidão dos processos de autorização, o que faz com que a multinacional britânica, a segunda maior farmacêutica do mundo, prefira outros países europeus, segundo noticia o Diário Económico.

A GSK vai finalizar os ensaios que estão a decorrer até ao final de 2009, e posteriormente vai apostar em países mais fortes em investigação e desenvolvimento, com preferência para a Europa de Leste.

Segundo o Diário Económico, a equipa portuguesa de investigação clínica é composta por treze pessoas, sendo que seis empregados com elevadas qualificações deverão ser dispensados.

O director-geral da empresa em Portugal, Manuel Gonçalves, confirmou ao Diário Económico que considera que “o ambiente nacional não é favorável à investigação clínica”, realçando que existe “pouca apetência, pouco interesse e pouco reconhecimento por parte dos hospitais”.

De acordo com os dados da Comissão de Ética para a Investigação Clínica (CEIC), a entidade que aprova os ensaios clínicos em Portugal, existe uma quebra no número de novos ensaios clínicos a nível nacional. Em 2006 havia 173 novos processos, enquanto que no ano passado apenas houve 147 novos ensaios.

Segundo o presidente da Associação dos Médicos Portugueses da Indústria Farmacêutica, Luís Laranjeira, o nosso país é “muito pouco atractivo para a Investigação e Desenvolvimento.” Segundo dados da associação, em Portugal o tempo decorrido entre a assinatura do protocolo entre o hospital e a indústria, e o recrutamento do primeiro doente chega a ser mais do dobro, em comparação, por exemplo, com a Bélgica. Para além disso, o nosso país também não é atractivo a nível financeiro, devido aos custos envolvidos.

O vice-presidente da Administração Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH), Pedro Lopes, referiu ao Diário Económico que actualmente existe uma maior preocupação com a segurança dos ensaios clínicos, justificando assim a demora dos hospitais, que estão também preocupados com a questão económica dos ensaios.

Em Portugal, os ensaios clínicos mobilizam anualmente cerca de 15 milhões de euros, segundo os dados mais recentes da CEIC. A nível nacional, a área oncológica e as doenças do sistema nervoso central são as que envolvem mais processos de investigação clínica, seguidas pela oftalmologia, cardiologia, problemas respiratórios e doenças infecciosas.

Isabel Marques

Fontes: Diário Económico, Diário Digital